“É bom para a reflexão os
muitos aniversários redondos neste ano: 50 anos do golpe militar, 30 anos da
campanha das “Diretas Já”, 20 anos do Plano Real. Há ainda os aniversários de
dores e alegrias no esporte: 20 anos da morte de Ayrton Senna, 20 anos da
vitória na Copa de 94, o nosso Tetra.” (Miriam Leitão, O GLOBO, 05/01)
Os jovens que nasceram depois de tudo isso, não viram nada
do que será relembrado em 2014: nem os 21 anos de chumbo da ditadura militar
(1964-1985); nem as passeatas em prol da democracia; nem a campanha das
“Diretas Já” (1984), das quais participavam políticos (Tancredo Neves, Ulysses
Guimarães, Mário Covas, Leonel Brizola, Franco Montoro), artistas (Eva Wilma,
Ruth Escobar, Norma Bengell), cantores (Chico Buarque, Elis Regina, Fafá de
Belém), cartunistas (Henfil, Ziraldo), e estudantes (1), então bastante
politizados, informados e ativos.
Deve parecer confuso, para os mais jovens, saber que
alguns dos mensaleiros presos foram ex-militantes contra a ditadura (embora
isso não desculpe, justifique ou absolva as práticas nefastas que empreenderam,
quando chegaram ao poder...).
Há 20 anos, em 1994, nos esportes, o Brasil viveu a dor da
morte de Ayrton Senna (2) e a alegria da conquista do tetracampeonato na Copa
do Mundo nos Estados Unidos (3).
Além disso, em 1994, na política, houve a eleição
presidencial vencida por Fernando Henrique Cardoso, muito em função do plano econômico elaborado por
ele, quando Ministro da Fazenda do presidente Itamar Franco: o Plano Real, que salvou a economia
nacional da hiperinflação galopante daquela época.
Este ano também será cheio de acontecimentos que mexem com
as nossas emoções: além de sediar uma Copa do Mundo (e buscar o
hexacampeonato), pela sétima vez consecutiva, depois da abertura democrática, o
povo brasileiro vai exercer o direito da
eleição direta para presidente.
Então, lembrando e refletindo sobre tudo o que aconteceu
há 50, 30 e 20 anos, é hora de cobrar mais posturas éticas e menos palavrório
dos candidatos, e votar (isto é, gritar com o voto limpo e consciente, e não
emudecer a própria voz com o voto nulo ou em branco), para que tudo isso que
está aí mude para melhor, como pede o cartaz erguido pela estudante (4)
flagrada por Paulo Giandalia (Estadão)
nas manifestações de junho passado.
Porque, como salienta a articulista Miriam Leitão, se “a
democracia não é garantia de governo perfeito, é a chance de votar regularmente
para manter ou mudar o governo; conforme queira a maioria. É a possibilidade de
debater, criticar o governo, influenciar nas decisões tomadas e exigir
transparência. Será bom lembrar o quanto o Brasil melhorou, e o legado de todas
as pessoas que perdemos em muitas lutas. Por maiores defeitos que tenha a
democracia, ela traz consigo os elementos para sua correção”.
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