sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Putis! Que ferrada!




No Brasil o atraso político tem a força da injeção na veia: seu efeito imediato é frear o progresso social e econômico. A diferença é que o remédio na veia busca curar o paciente, o atraso político persegue o oposto: manter a população doente e dominada para garantir privilégios da elite política atrasada.”(Suely Caldas, O Estado de S.Paulo, 26/01, B2)

Se estivesse vivo, o cartunista, jornalista e escritor Henfil (Henrique de Souza Filho, 1944-1988) completaria 70 anos no dia 5 de fevereiro.
Ao criar personagens típicos brasileiros, como os fradins Cumprido e Baixim, o Capitão Zeferino, a Graúna e o Bode Orelana, entre muitos outros, Henfil influenciou a vida política e social do país, participando de movimentos políticos importantes, como o das “Diretas Já!” (bordão de sua autoria), legando ao Brasil uma obra de criatividade sem igual.
É notável a crítica social mais que atual de sua bandeira nacional “roubada”, que nos leva a questionar os valores praticados por alguns dos  políticos brasileiros e a refletir sobre os caminhos seguidos por alguns cidadãos pouco comprometidos com o bem comum. Na imagem, vê-se o que restou do verde das matas (devastado e “roubado” por posseiros de fazendas de gado e por cortadores de madeiras nobres); o azul do céu e dos rios enegrecido e “roubado” pela poluição industrial e a dos esgotos, respectivamente; mas, talvez pior que tudo isso seja o desaparecimento continuado do amarelo das riquezas nacionais, indevidamente apropriado e “roubado” por privilégios de elites políticas atrasadas e populistas, que injetam na veia da população doente um remédio que freia o progresso político e social e a mantém atrelada e dominada.
A articulista Martha Medeiros escreveu (Zero Hora, 26/01) que “essa imagem negativa que temos do nosso país não é gratuita. Por maior que seja a quantidade de brasileiros honestos, incluindo até alguns políticos, não adianta: o Brasil tem um histórico de corrupção e violência que induz a essa percepção. Percepção é algo que se constrói dia após dia, fato após fato, e que uma vez consagrada, é difícil mudar.”
Basta correr os olhos pelas manchetes dos grandes jornais diários para conferir: além do investimento de mais de 800 milhões de dólares no porto de Mariel (Cuba), os seguintes fatos e dados foram coletados por José Casado (O GLOBO, 28/01): “as suítes do majestoso Ritz em que se abrigaram Dilma Rousseff e sua comitiva de três dezenas de assessores por uma noite em Lisboa, sábado passado (porque o prédio do século XVII onde funciona a embaixada brasileira não podia receber todos!) tem diária de R$ 26 mil. Equivale a 36 salários mínimos. Talvez esse valor não seja excessivo, se comparado a algumas outras despesas da presidente. Em Paris, em dezembro de 2012, o governo gastou R$ 30 mil (41 salários mínimos) apenas com a instalação de linha telefônica na suíte de Dilma e no quarto do seu ajudante de ordens. As escalas (“técnicas e obrigatórias”) mais caras foram as da viagem presidencial à China, em abril de 2011. Na ida, Dilma passou 24 horas em Atenas. Custou R$ 244 mil (344 salários mínimos) — ou seja, mais de R$ 9 mil por hora. Na volta, parou em Praga. Gastou R$ 75 mil (103 salários mínimos). Oito meses depois, em dezembro, ela esteve em Cannes para uma reunião de chefes de Estado do grupo dos 20 países mais desenvolvidos. Em março do ano passado, Dilma foi à primeira missa celebrada pelo Papa Francisco no Vaticano. Preferiu hotel à estadia na embaixada brasileira. Pagou-se R$ 204 mil (282 salários mínimos) pelo aluguel de 30 veículos da Rome Vip Limousine. A conta total da viagem beirou meio milhão de reais. Em seguida, ela foi a Caracas, para o cerimonial fúnebre de Hugo Chávez. A volta a Brasília no jato presidencial teve um bufê Meliá faturado em R$ 7 mil (9,6 salários mínimos). A Presidência mantém um contrato de R$ 1,9 milhão (2.600 salários mínimos) para serviço de bordo dos seus aviões (inclui canapês de camarão e caviar, coelho assado, rã e pato, entre outros itens). Neste mês, recebeu aditivo de R$ 160 mil (220 salários mínimos). Diante dos gastos de R$ 11 milhões (15 mil salários mínimos) em 35 viagens entre 2011 e 2012, o Itamaraty recebeu ordens para resguardar como confidenciais todas as despesas de Dilma e assessores.”
Em vista desses fatos após fatos comprovados, acontecidos desde há muitos anos, um dos personagens mais queridos de Henfil, o fradim Baixim desbocado, agressivo, indiferente à sensibilidade e ao sofrimento de quem quer que fosse , ilustra bem o quadro da atual “situação” política brasileira.
A percepção de que a batina do fradim é vermelha é autoexplicativa.
E o povo, ói: top, top, top...




2 comentários:

  1. "Putis! Que ferrada! Top! Top! Top!"- FRASES PARA SE PENSAR
    Quanto mais inteligente você for, mais você terá que aprender.
    — Don Herold
    "Itamaraty recebeu ordens para resguardar como confidenciais todas as despesas de Dilma e assessores.” O fradim Baixim ─ desbocado, agressivo, indiferente à sensibilidade e ao sofrimento de quem quer que fosse ─, ilustra bem o quadro da atual “situação” política brasileira. E tão tomando conta de tudo à custa da classe média

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