“No Brasil o atraso
político tem a força da injeção na veia: seu efeito imediato é frear o
progresso social e econômico. A diferença é que o remédio na veia busca curar o
paciente, o atraso político persegue o oposto: manter a população doente e
dominada para garantir privilégios da elite política atrasada.”(Suely
Caldas, O Estado de S.Paulo, 26/01,
B2)
Se estivesse vivo, o cartunista, jornalista e escritor Henfil
(Henrique de Souza Filho, 1944-1988) completaria 70 anos no dia 5 de fevereiro.
Ao criar personagens típicos brasileiros, como os fradins
Cumprido e Baixim, o Capitão Zeferino, a Graúna e o Bode Orelana, entre muitos
outros, Henfil influenciou a vida política e social do
país, participando de movimentos políticos importantes, como o das “Diretas
Já!” (bordão de sua autoria), legando ao Brasil uma obra de criatividade sem
igual.
É notável a
crítica social mais que atual de sua bandeira nacional “roubada”, que nos leva
a questionar os valores praticados por alguns dos políticos brasileiros e a refletir sobre os
caminhos seguidos por alguns cidadãos pouco comprometidos com o bem comum. Na
imagem, vê-se o que restou do verde das matas (devastado e “roubado” por
posseiros de fazendas de gado e por cortadores de madeiras nobres); o azul do
céu e dos rios enegrecido e “roubado” pela poluição industrial e a dos esgotos,
respectivamente; mas, talvez pior que tudo isso seja o desaparecimento
continuado do amarelo das riquezas nacionais, indevidamente apropriado e
“roubado” por privilégios de elites políticas atrasadas e populistas, que
injetam na veia da população doente um remédio que freia o progresso político e
social e a mantém atrelada e dominada.
A articulista Martha Medeiros escreveu (Zero Hora, 26/01) que “essa imagem negativa que temos do nosso país não é
gratuita. Por maior que seja a quantidade de brasileiros honestos, incluindo
até alguns políticos, não adianta: o Brasil tem um histórico de corrupção e
violência que induz a essa percepção. Percepção é algo que se constrói dia após
dia, fato após fato, e que uma vez consagrada, é difícil mudar.”
Basta correr os
olhos pelas manchetes dos grandes jornais diários para conferir: além do investimento de mais de
800 milhões de dólares no porto de Mariel (Cuba), os seguintes fatos e dados
foram coletados por José Casado (O GLOBO,
28/01): “as suítes do majestoso Ritz em que se
abrigaram Dilma Rousseff e sua comitiva de três dezenas de assessores por uma
noite em Lisboa, sábado passado (porque o prédio do século XVII onde funciona a
embaixada brasileira não podia receber todos!) tem diária de R$ 26 mil.
Equivale a 36 salários mínimos. Talvez esse valor não seja excessivo, se
comparado a algumas outras despesas da presidente. Em Paris, em dezembro de
2012, o governo gastou R$ 30 mil (41 salários mínimos) apenas com a instalação
de linha telefônica na suíte de Dilma e no quarto do seu ajudante de ordens. As
escalas (“técnicas e obrigatórias”) mais caras foram as da viagem presidencial
à China, em abril de 2011. Na ida, Dilma passou 24 horas em Atenas. Custou R$
244 mil (344 salários mínimos) — ou seja, mais de R$ 9 mil por hora. Na volta,
parou em Praga. Gastou R$ 75 mil (103 salários mínimos). Oito meses depois, em
dezembro, ela esteve em Cannes para uma reunião de chefes de Estado do grupo
dos 20 países mais desenvolvidos. Em março do ano passado, Dilma foi à primeira
missa celebrada pelo Papa Francisco no Vaticano. Preferiu hotel à estadia na
embaixada brasileira. Pagou-se R$ 204 mil (282 salários mínimos) pelo aluguel
de 30 veículos da Rome Vip Limousine. A conta total da viagem beirou meio
milhão de reais. Em seguida, ela foi a Caracas, para o cerimonial fúnebre de
Hugo Chávez. A volta a Brasília no jato presidencial teve um bufê Meliá
faturado em R$ 7 mil (9,6 salários mínimos). A Presidência mantém um contrato
de R$ 1,9 milhão (2.600 salários mínimos) para serviço de bordo dos seus aviões
(inclui canapês de camarão e caviar, coelho assado, rã e pato, entre outros
itens). Neste mês, recebeu aditivo de R$ 160 mil (220 salários mínimos). Diante
dos gastos de R$ 11 milhões (15 mil salários mínimos) em 35 viagens entre 2011
e 2012, o Itamaraty recebeu ordens para resguardar como confidenciais todas as
despesas de Dilma e assessores.”
Em vista desses
fatos após fatos comprovados, acontecidos desde há muitos anos, um dos
personagens mais queridos de Henfil, o fradim Baixim ─ desbocado, agressivo, indiferente à sensibilidade e ao sofrimento
de quem quer que fosse ─, ilustra bem o quadro da atual
“situação” política brasileira.
A percepção de
que a batina do fradim é vermelha é autoexplicativa.
E o povo, ói:
top, top, top...
"Putis! Que ferrada! Top! Top! Top!"- FRASES PARA SE PENSAR
ResponderExcluirQuanto mais inteligente você for, mais você terá que aprender.
— Don Herold
"Itamaraty recebeu ordens para resguardar como confidenciais todas as despesas de Dilma e assessores.” O fradim Baixim ─ desbocado, agressivo, indiferente à sensibilidade e ao sofrimento de quem quer que fosse ─, ilustra bem o quadro da atual “situação” política brasileira. E tão tomando conta de tudo à custa da classe média
Não é mesmo?
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