sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Rolezinho e a inércia do Estado


 
Depois dos black blocs, dos mascarados das manifestações, surgem agora os "rolezinhos". Pra quem não sabe, “rolezinho” é um encontro de jovens em shoppings centers, combinado pelas redes sociais. Para os participantes praticar o “rolê” é zoar, dar uns beijos, rolar umas paqueras, pegar geral e se divertir. Para a polícia e para os lojistas a prática do “rolê” implica em tumultuar os centros de compras e promover arrastões, inclusive com roubos e furtos. É que se para uns o “rolezinho” é a possibilidade de um encontro saudável e festivo, para outros, lamentavelmente, é a oportunidade que se oferece para roubar, furtar, tumultuar, causando pânico nos frequentadores dos shoppings.

A possível multiplicação desses encontros, que podem assumir caráter de protesto, também preocupa a presidente Dilma Rousseff. Pelo menos isso!... Ela surpreendeu seus assessores ao convocar uma reunião para tratar do assunto. O maior temor da presidente é que os "rolezinhos" tenham adesão de adeptos da tática de protesto "black bloc".

Antes restritos à periferia de São Paulo, os eventos ganharam apoio de movimentos sociais nos últimos dias. A tentativa dos shoppings de proibir os "rolezinhos" no fim de semana insuflou a organização de novos encontros.

A turma dos direitos humanos já sai em defesa dos praticantes dos “rolês”, como se fossem vítimas do sistema. Acham que não é preciso criminalizá-los. Justificam o “rolezinho” dizendo que "é um fenômeno muito novo para se avaliar” e que parece uma manifestação tipicamente adolescente, onde os jovens tentam demarcar sua presença, chamar a atenção sobre si, medir seus limites. E acrescentam: "Por outro lado, pode revelar certo estresse dos adolescentes, que não têm espaços de lazer. As manifestações incomodam, podem provocar algum desconforto, mas devem ser administradas com sabedoria e tranquilidade." Mesmo assim, entendem que “o fenômeno deve ser olhado como tal. Evidentemente, pode ser manipulado, desviado da sua espontaneidade juvenil. Quando há atos de vandalismo, deve intervir quem tem a atribuição de zelar pela segurança e pelo patrimônio. Mas criminalizar o fenômeno não é a solução”.

O que fazer com os “rolezinhos”? Esta é a questão do momento. O fato é que a emergência dos "rolezinhos" chama atenção para a crescente debilidade do Estado frente às ações da violência urbana, quando o aparato punitivo está cada vez mais vulnerável, muitas vezes mais à retórica do que à eficácia, principalmente quando se trata de garantir a ordem pública e zelar pela preservação do patrimônio público.  E diante dessa vulnerabilidade, há a impressão de que forças políticas podem estar utilizando-se disso para agravar o caos social, e fomentar a ação dos “rolezinhos” em defesa de obscuros interesses. É por isso que esse fenômeno pode ser manipulado. Diante disso, é preciso estar atento aos acontecimentos e buscar evidentemente evitar os atos de vandalismo, atos estes insuflados por forças anárquicas às quais interessam a desestabilização social.

Tudo isso deve nos manter em estado de atenção, buscando os meios eficazes de conter estas ações. O que não se pode permitir é que estas manifestações aparentemente espontâneas tornem o Estado refém, impedindo assim o cumprimento de sua finalidade social, que visa, entre outros compromissos, o da segurança pública.










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