sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Vulcões em terras brasileiras


Tenho escrito muito sobre política, quando poderia estar falando de outros assuntos mais agradáveis. Sucede, no entanto, que são tantos os fatos ocorridos ultimamente, envolvendo os interesses dos cidadãos, que me sinto obrigado a comentá-los. Como já se previa, Dilma, depois de reeleita, arcaria com a herança maldita que ela própria criou.” (Ferreira Gullar, Folha de São Paulo, 23/11)



Durante a campanha eleitoral, a presidente negava que houvesse qualquer problema maior a ser enfrentado: tudo o que diziam seria invenção, embora ela soubesse que não era. Veja-se, agora, a feia realidade dos fatos.
Ao propor a criação de conselhos populares e o aumento da taxa Selic (que, durante a campanha, ela afirmava que não aumentaria), a presidente sofreu derrota na Câmara. E contrariando tudo o que ela prometera, houve aumento da gasolina, do óleo diesel e da energia elétrica.
A Operação Lava Jato já mandou prender 23 implicados no escândalo da Petrobras. As propinas ultrapassaram os R$ 59 bilhões! Como a Petrobras é empresa de porte internacional, esse escândalo compromete também o prestígio internacional da maior empresa brasileira.
Na semana passada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, apareceu na televisão tentando convencer a opinião pública de que esses escândalos todos não têm maior importância, uma vez que o governo está dando todo apoio à apuração da verdade (como se a apuração da verdade não fosse mérito da Polícia Federal e do poder autônomo do Ministério Público Federal). Ele disse, segundo o articulista da Folha: “Já a oposição, que perdeu as eleições, está querendo reabrir a campanha eleitoral, como se houvesse um terceiro turno. Quem perdeu perdeu; quem ganhou ganhou. E quem ganhou governa".

E quem perdeu, faz o quê? se pergunta Ferreira Gullar. Fica caladinho, porque, se falar, está querendo um terceiro turno, ou seja, dar um golpe? Um ministro da Justiça não pode dizer uma coisa dessas, porque dá a entender que não deve haver oposição a quem ganhou. Ou seja, só quem ganhou tem o direito de falar, opinar, mentir à vontade. Já os derrotados, uma vez que perderam, não podem criticar o governo porque, se o fizerem, estarão querendo derrubá-lo...



Considerada um ícone das artes plásticas, Renina Katz produziu, entre 2010 e 2014, uma série de 24 aquarelas representando vulcões formas poderosas, cores fortes e marcantes, mas em tons esfumaçados, num inspirado jogo de cor, luz e sombra.
Essas aquarelas são uma metáfora refinada dos vulcões de herança maldita, lama e lava que têm erupcionado diariamente sobre nossas cabeças brasileiras.

Já que temos de aguentar tanta corrupção, tanta sujeira e tanta conversa fiada, que ao menos sejamos encantados pela beleza da arte requintada de Renina Katz.















Edição n.º 963 - página 01

Dia Nacional do Samba






Lá pelos idos de 1941, na época em que só o amor de mãe poderia suavizar o terror e a tristeza da implantação da ditadura militar no Brasil, um conjunto musical, os Demônios da Garoa, em 2 de dezembro, isto há 73 anos, os recém-chegados “Demônios” conheceram Adoniran Barbosa, que lhes cantarolou o samba TREM DAS ONZE.
A gravadora Chantecler gostou dos arranjos preparados pelo conjunto e interviu lançando um compacto simples.
Anos depois, em 1965, o Rio de Janeiro se preparava para os festejos do IV Centenário e criou um concurso para escolha do samba dos festejos.
Para surpresa geral, o samba concorrente vencedor foi o TREM DAS ONZE, que recebeu um prêmio de dois milhões de cruzeiros para Adoniran Barbosa.
E a imprensa comentou: “um paulista fez um samba na terra que é tida como o túmulo do samba” e venceu o Concurso Oficial da Capital do Samba no Brasil.
Depois da vitória nesse concurso carioca, Adoniran adquiriu asas e ganhou o mundo!
Italianos, japoneses, russos, judeus, americanos, mexicanos, argentinos, chineses... embarcaram no “Trem das Onze” e não desceram mais dele.
Foi arrebatador assistir à montagem de O TREM DAS ONZE, feita por russos na ex-União Soviética, cantado em português pelos participantes da Banda Sinfônica, no Coral eacompanhada pelo balé das Forças Armadas daquele país.
O jornal NOTÍCIAS tem, em seu arquivo, uma fita cassete gravada por um conjunto judeu, cantando em “iídiche” OTREM DAS ONZE, música que até hoje, abre a programação da emissora em Israel!
Outra preciosidade registrada pela reportagem de NOTÍCIAS foi a montagem da coreografia Iracema, outro sucesso de Adoniran: a dançarina Ivonice Satie, depois que retornou de Genebra, na Suiça onde ficou uma longa temporada como coreógrafa e mestre do balé do Grand Theatre,mostrou a sua bela leitura da música Iracema com o grupo de dança contemporânea da cidade de Diadema.
Em 1999, votação aberta ao público feita em âmbito nacional e organizada pela Rede Globo de Televisão, elegeu Adoniran o “Sambista do Século”!
Em março de 2003, a Prefeitura Municipal de São Paulo fez mais uma homenagem ao sambista valinhense dando o nome de “Passarela do Samba Adoniran Barbosa” ao sambódromo paulista!



E a Escola de Samba Gaviões da Fiel foi bicampeã do Carnaval Paulista, em 2003, fazendo outra homenagem a Adoniran Barbosa com o samba-enredo sendo cantado peo maior coral do mundo, que lotava o sambódromo.
“Rio de Janeiro,
Samba de Noel,
Terra da garoa,
Adoniran o menestrel!
Eu sou o rei dessa folia
Pra delírio da Fiel”












Edição n.º 963 - págian 02

DEPOSITAR NA CONTA DA EXPERIÊNCIA!





Todos queremos nos desenvolver sempre mais! E desenvolver-se é ir além do que podemos. É sempre buscar formas de aprimorar o que já sabemos. Isso nos lembra do “homem que compra um livro com o segredo de um tesouro. No entanto, para descobri-lo, ele tem de decifrar todos os idiomas escritos no livro. Então, cada vez que aprende algo, além de tentar desvendar o segredo, ele está agregando um pouco mais de conhecimento à vida. No fim da história, não existe tesouro algum de verdade, pois a moral do conto é que, de tanto conhecimento adquirido, quem se tornou um tesouro foi o próprio homem”.
Como isso é palpável! Quanto mais vezes fazemos alguma coisa, mais confiança sentimos.
Quanto mais confiança, mais eficazes somos, e quanto maior a eficácia, melhor é o resultado. Portanto, agir e confiar em si mesmo cria o embalo! Mesmo que hoje a gente aprenda um pouco, ainda assim será mais do que ontem.
Todos os dias, em todos os desafios encontramos a oportunidade de acumular experiências e com isso vamos nos desenvolvendo.
O escritor Ralph Marston diz: “Pense na experiência como uma conta no banco. Todos os dias, você tem a opção de fazer um depósito na sua conta experiência. E, uma vez que a experiência esteja lá depositada, você pode sacar dali muitas vezes, sem nunca entrar no vermelho e com a vantagem de que toda nova experiência faz com que as antigas passem a ter ainda mais valor. A conta da experiência desenvolve-se por si considerando a sua disposição de aprender e continuar agindo”.
Vamos agir, vamos viver, vamos descobrir os tesouros guardados nas experiências que estão por vir, vamos fazer depósitos na conta da autoconfiança.
E que Deus, nosso Pai, nos fortaleça nessa tarefa, nessa missão de viver com entusiasmo o dom maravilhoso da vida.




















Edição n. 963 - página 03






         

LAGEADO À VENDA








Edição n.º 963 - página 04

Passeio Reunindo Muladeiros e Cavaleiros
















Os moradores da região do circuito das frutas se irmanaram, e visando a valorização dos frutos e fruticultores, com seus animais de montaria, percorreram Valinhos, Vinhedo, Louveira, Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinun, Jundiaí e Morungaba.


Foi um turismo pelo Circuito das Frutas com o apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Cada ano são convidadas dez cidades da região.


Adriano Massaira, patrono da Associação dos Muladeiros de Valinhos, estimulou a presença de seus pares, e lamentou não poder participar do evento, por compromissos inadiáveis já assumidos.


O muladeiro Márcio Fagnani, participou do evento e o classificou como exemplo edificante.


O ex-secretário da agricultura do Estado de São Paulo, sr. Antonio Júlio Junqueiro foi idealizador deste circuito, recebendo abraços e cumprimentos.




 Edição n.º 963 - página 05


NÃO PERCA ESTA OPORTUNIDADE!

















Edição n.º 963 - página 06

CONHECENDO E ENTENDENDO AS MULHERES


“As consumidoras são capazes de gastar altos valores em roupas, produtos de beleza e presentes, mas convencê-las de que determinado item é realmente bom ou melhor que outro não é uma tarefa tão simples.”



As mulheres correspondem a mais da metade da população brasileira, vivem por mais tempo, estão estudando e ganhando mais que os homens. Há muito tempo se fala do poder de decisão feminino na hora da compra, mesmo quando esta é, em tese, feita e paga por homens. Mas tal poder nunca foi tão evidente, como agora – da compra mensal do mercado, à compra de um imóvel.
É preciso investir no conhecimento desta nova consumidora, para que as ações que buscam cativá-la sejam mais precisas. O desejo de adquirir um bem ou contratar um serviço, não é mais o que basta. Os motivos precisam ser concretos e comprovados. “O boca a boca, por exemplo, é a comunicação mais influente para sete em cada 10 mulheres para compras de moda e vestuário, segundo um estudo do Data Popular em parceria com o Senac Moda” – diz um estudo do Mundo do Marketing. Segundo Stella Kochen Susskind, Presidente da Shopper Experience, por uma questão de personalidade, mulheres gastam mais tempo na hora da decisão. Mesmo assim, continuam sendo mais suscetíveis ao apelo emocional. Portanto, uma experiência marcante pode ser determinante no ato da compra.
“O preço, a praticidade, a confiança na marca e o relacionamento/atendimento também exercem grande influência. E é cada vez mais comum as mulheres olharem além do produto e da experiência de compra, buscando na empresa atributos com os quais têm ligação.”
Diferenças de classe social, faixa etária e região precisam ser consideradas. Assim como as diferenças de gênero – por exemplo, mulheres realizam várias atividades ao mesmo tempo e são mais atentas aos detalhes. “Em uma embalagem de produto, uma mulher identifica o todo e as partes. O conjunto da obra e o detalhe da curva sinuosa da logomarca. Em um anúncio de mídia impressa, ela analisa a mensagem enquanto aprecia a delicadeza do traço da direção de arte”, opina Beth Furtado, sócia-diretora da consultoria de marketing ALIA.



Mulheres modernas desejam ser sensuais e livres, mas não querem ser tratadas como objetos. Uma queixa de mais de 60% delas é não se verem retratadas nos anúncios, segundo pesquisa do Data Popular. A múltipla jornada – trabalho e estudo, mesmo sendo mães e esposas – não é sempre mostrada, assim como o padrão de beleza, frequentemente distante da realidade brasileira. A Dove, marca da Unilever, é um ótimo exemplo para mostrar como tratar e ‘falar’ com este público. “Usa sua comunicação para mostrar mulheres comuns e estimula as consumidoras a admirarem mais suas próprias características, sem a preocupação com padrões. Graças a isso, o vídeo em versão estendida “Dove Retratos da Real Beleza”, lançado em 2013, atingiu mais de 1,5 milhão de visualizações apenas no canal do Youtube da empresa no Brasil. O filme se tornou um viral ao tocar no tema da autoestima. Nas imagens, um homem que trabalhava para o FBI fazendo retratos falados desenha as mulheres sem vê-las, a partir da forma como se descrevem. Depois faz o mesmo a partir da descrição de outras pessoas que as conheceram. O resultado é que as escolhidas para a experiência se descreveram muito mais feias do que as descrições feitas pelas demais pessoas.”
Todas estas informações dão pistas preciosas para que as marcas se relacionem com as mulheres, de forma que, ao oferecer o que almejam e tratá-las como desejam, criem laços e estabeleçam relacionamentos efetivos e sólidos. Conhecer verdadeiramente as mulheres é o ‘grande’ segredo. Vale muito investir neste setor, pois todos saem ganhando!


























Edição n.º 963 - página 07


ESCOLA PÚBLICA EM REGIME INTEGRAL?



     Discutia outro dia com o professor Valmor Bolan — ele que é Doutor em Sociologia e Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana), com sede em Montreal, Canadá) — sobre a importância da Escola Pública (a que se destina aos adolescentes e crianças mais pobres) se transformar em Instituições de Tempo Integral para bem formar os cidadãos.
     Não se desconhece que um dos nossos grandes desafios, na Educação, é garantir uma escola pública básica em tempo integral. Será possível? Esta é uma questão em aberto, mas que merece reflexão. Sabemos que o governo (especialmente na instância municipal e estadual) possui determinada cota orçamentária obrigatória de investimentos em Educação, maior que a da Saúde. Mas o que vemos ainda é a preocupação com construção de prédios, investimento na expansão da infraestrutura básica — o que deve evidentemente ser feito —, mas requer que tenhamos uma disposição e uma estratégia com planejamento antecipado, para maior investimento em recurso humano, principalmente na formação e motivação dos nossos professores. Esta capacitação deve ser permanente, pois só assim teremos garantida uma significativa melhoria. Não basta, portanto, somente construir prédios, mas investir no capital humano.
     Em termos de conteúdo, se faz necessário também combater a doutrinação ideológica marxista ou de qualquer outra natureza nas escolas públicas, como atestam os livros didáticos e demais materiais utilizados em quase toda a rede pública. Esse fator, pouco observado, certamente está relacionado com a gradativa perda na qualidade de ensino, e o desinteresse de muitos alunos pelas matérias estudadas, carregadas de uma agenda ideológica. Precisamos, portanto, rever esses conteúdos, especialmente nas disciplinas da área de Humanas, História, Literatura e Redação.




     Além disso, é preciso menos tecnicismo e mais humanismo em nossas escolas, pois os alunos não devem ser preparados apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida. Para enfrentar esse desafio devemos selecionar as melhores alternativas para se atingir os objetivos determinados, melhorando as possibilidades existentes visando fazer da escola pública um espaço de aprendizado à altura das exigências do nosso tempo. Não basta apenas tempo integral, se o tempo permanecido na escola não for efetivamente proveitoso para o desenvolvimento intelectual e sensitivo, e mais do que tudo, humano. Por fim, não basta oferecer o conteúdo das Matérias curriculares atuais. Será necessário — imprescindível mesmo — que em tempo integral sejam oferecidas atividades profissionalizantes e de formação cidadã tais como Cinema, Teatro, Música, Esporte, equipamentos tecnológicos e reforço escolar para equalizar os conhecimentos dos alunos menos aquinhoados. Aí sim terá sentido a Progressão Continuada, sistema em que apenas no fim de cada ciclo escolar (4ª série e 9ª série) poderá o aluno ser retido. Dessa forma, o Brasil, com a Educação em tempo integral, se colocará entre os países que tratam os seus cidadãos, ricos e pobres, com equidade, isto é, com imparcialidade onde se reconhece o direito de cada um. É esta a porta de saída para o Bolsa Família, que deixará de ser utilizado inclusive como ferramenta de exploração imoral nos processos eleitorais por parte de certos partidos políticos, que veem nesses programas assistencialistas sua perpetuação e sobrevivência.












Edição n.º 963 - página 08



sexta-feira, 21 de novembro de 2014

As grandezas do insignificante

A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.Meu fado é o de não saber quase tudo.Sobre o nada eu tenho profundidades.Não tenho conexões com a realidade.Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios.




O poeta matogrossense Manoel de Barros se desconectou definitivamente da realidade no último dia 13, aos 97 anos. A notícia me provocou muita emoção!       
Quem, agora, perceberá que fazer “poesia é voar fora da asa”? Quem “descobrirá as insignificâncias do mundo e as nossas”? Quem perceberá que seu “amanhecer vai ser de noite”? Quem vai “carregar água na peneira”? Quem “fotografará o silêncio”? Quem estará “aparelhado para gostar de passarinhos”?
E quem terá “abundância de ser feliz por seu quintal ser maior do que o mundo”? E, por isso, se transformará “num apanhador de desperdícios”? E quem “usará a palavra para compor seus silêncios”?
O poeta  “aprendia melhor no ver, no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar”. Ele chegou por vezes “a alcançar o sotaque das origens, e admirava como um grilo sozinho, um só pequeno grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite!
E quem (ah, quem?) “pensará em renovar o homem usando borboletas”?
E quem (quem, na verdade?) verá que “um girassol se apropriou de Deus: foi emVan Gogh”?
Manoel de Barros já “sabe quando amanhece ontem”. E agora ele, cuja “independência tinha algemas”, está livre de todos os vínculos terrenos: “livre para o silêncio das formas e das cores”.

Que ele esteja entre girassóis e arco-íris no silêncio do espaço sideral.















Edição  n.º 962 - página 01

PRETOBRÁS e ÁFRICA GERAIS

“O Brasil tem seu corpo na América e sua alma na África” (Pe. Antonio Vieira)



Há 318 anos, o sacrifício de Zumbi, o primeiro líder e mártir negro em terras brasileiras, projetava para cento e noventa anos depois a assinatura da Lei Áurea, que decretaria o fim do regime de escravidão do negro no Brasil.
Como canta Milton Nascimento, de Minas, no seu belo poema “África Gerais: África, berço de meus pais, ouço a voz de seu lamento de multidão”.
Porque da África, do Grande Golfo da Guiné, de Angola e de Moçambique, os negros aprisionados e transportados, em condições desumanas, nos porões de navios negreiros, traficados sob ferro, dor e humilhação,  foram multidões!
Chegou-se a estimar que entre 1531 e 1855, durante 324 anos, portanto, a população escrava superava a dos homens livres na Bahia, em Pernambuco, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e no Maranhão!
Entre os homens negros aprisionados em regiões africanas islamizadas, muitos eram alfabetizados em árabe, enquanto seus senhores, muitas vezes, mal assinavam o nome!
Estima-se terem ocorrido dez milhões de mortes entre os escravos, forçados com chibatadas e grilhões, durante a colonização do território brasileiro (número muito maior do que os seis milhões de vítimas no holocausto judeu, na segunda guerra mundial)!
Embora o Brasil tenha sido colonizado por um Portugal de fé católica, a influência de crenças religiosas africanas gerou aqui um notório sincretismo religioso englobando elementos da cultura negra, como Candomblé, Maracatu, Macumba e também Crioula.
Nos altares da Igreja Católica, no Brasil, também se resgata a presença negra pelas imagens de seus santos: São Benedito, Santa Ifigênia, Santo Elesbão e a padroeira da nossa pátria, Nossa Senhora Aparecida.
As festas populares do Brasil também expressam traços de origem afro, percebidos nas danças do Bumba Meu Boi maranhense e do Maracatu, nas festas de carnaval e na Capoeira (misto de dança e luta de defesa pessoal).
Hoje, é possível afirmar que a matriz formadora da identidade nacional tem traço forte do negro, miscigenado e integrado ao nosso povo. 
Paulinho da Viola enaltece o negro brasileiro: “Foi um bravo do passado, quando resistiu com valentia para se livrar do sofrimento que o cativeiro infligiu. Apesar de toda a opressão, soube conservar os seus valores, dando sua contribuição em todos os setores da nossa cultura”.
O compositor-cantor Itamar Assunção se orgulha da sua negritude brasileira: “Sou pretobrás e daí. Eu rezo cantando reggae. Sou Cruz e Souza, Zumbi, Paulo Leminski!”
E podemos acrescentar alguns outros pretobrás, mulatos ou mestiços, respeitados por suas inúmeras qualidades criativas, políticas, literárias, esportivas, musicais, científicas, humanas, etc.:  Pe. José Maurício Nunes Garcia – compositor e regente; D. Sílvio Gomes Pimenta – bispo de Mariana; Dr. Antonio Pinto Rebouças – senador; Carlos Gomes – compositor que em 19  de março de 1870 fez a primeira apresentação da sua ópera O Guarani, no Teatro Scala de Milão arrebatando a Europa; Luiz Gama, poeta e abolicionista; Juliano Moreira – médico psiquiatra; Nilo Peçanha – presidente do Brasil; Agostinho dos Santos, Simonal, Noite Ilustrada, Cartola, Clementina de Jeus – cantores e compositores; Grande Otelo – ator, Machado de Assis – escritor, fundador da Academia Brasileira de Letras; Frei Jesuíno do Monte Carmelo – pintor; Antonio Francisco Lisboa (Aleijadinho) – escultor; Ademar Ferreira da Silva, Garincha – atletas; Milton Santos – geógrafo... tantos e tantos outros!
Sim, existem muitos, muitos mais! A lista é enorme!
Após 126 anos da assinatura da Lei Áurea por uma mulher, a princesa Isabel, aqui convivem pretos e mestiços em tal quantidade, que isto dá ao Brasil a condição de ser o maior país mestiço do globo, confirmando o que o Pe. Vieira falou: embora o corpo brasileiro esteja na América do Sul, uma parte da nossa alma está na África!
No dia 20 de novembro comemora-se o Dia Nacional da Consciência Negra. Nada mais justo!









Edição n.º 962 - página 02

Depois da Ventania!





Muitas vezes, nas diversas circunstâncias do cotidiano, ficamos irritados e perdemos o bom humor. Depois que a ‘ventania’ passa, refletimos e percebemos que nossa falta de controle foi por coisas banais e pequenas.
A ‘presença de espírito’ nas situações que vivemos, precisa ser desenvolvida e é resultado da nossa atenção ao ‘tamanho’ do acontecimento.
O professor Luiz Carlos Moreno, pedagogo e coordenador pedagógico nos relata um pequeno fato que ilustra a nossa reflexão:
“Durante muito tempo, um motorista trabalhou para um doutor que vivia viajando pelo país, por numerosas cidades, fazendo sempre a mesma conferência. O motorista a todas ouvia. Até que um dia, o doutor fez a seguinte proposta: “Jarbas, você tem me acompanhado e ouvido por todos esses anos”. Hoje nós vamos trocar de posição. “Eu vou chegar ao local da conferência dirigindo e você vai fazer a apresentação”.
O motorista não se abalou. Até gostou da brincadeira.
Chegada a hora, Jarbas apresentou-se com o nome e a titulação do doutor. Este se sentou a um canto, com o uniforme de motorista. O ‘conferencista’ começou a discorrer sobre o tema.
Tudo ia muito bem, até que alguém na platéia interrompeu: “Desculpe-me doutor, mas não consigo entender essa tese e como o senhor chegou a essa conclusão. Peço que me esclareça!”
No que Jarbas, sem se abalar, disse: “Meu caro jovem, essa tese é tão simples e tão fácil de ser entendida, que para explicá-la vou chamar o meu motorista”...
Que presença de espírito teve o motorista! E que grande lição para o doutor!
Nem sempre temos todas as respostas para os acontecimentos do ‘dia a dia’. Então, precisamos dar um tempo a nós mesmos para encontrar a melhor atitude a tomar.
Quantas vezes nos esquecemos de mudar, de ser criativos nas coisas que falamos, pensamos ou fazemos. É bom, de vez em quando, observar e tentar descobrir de que forma diferente fazer o que é costume ou rotina.
A vida, esse dom precioso, tem muito a nos ensinar se estivermos dispostos e com vontade de nos deixar transformar.
E, Deus quer que sejamos felizes, à medida que formos desenvolvendo e fazendo crescer todos os dons e talentos que possuímos.
E esse esforço de mudança se espalha e irradia como o vento forte, envolvendo a todos que estão ao nosso lado.
A felicidade e realização devem ser contagiantes...

















Edição n.º 962 - página 03