sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Números estarrecedores



Está péssimo o clima político em Brasília. Uma dezena de partidos disputa um naco do próximo governo da presidente reeleita. Os 39 ministérios serão insuficientes para aplacar os ânimos. Pelo menos 20 ministros serão demitidos e vão ruminar suas mágoas no time de políticos derrotados. Talvez por essa razão a petista tenha seguido sua receita mais conhecida nessas horas. Ontem, ela se reuniu com seu mentor, Luiz Inácio Lula da Silva”. (Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo, 5/11)
  



Nada indica que a presidente reeleita terá quatro anos fáceis pela frente. Muito ao contrário. A crise de energia está chegando ao auge. Da mesma forma, a crise de abastecimento de água. Além disso, considerem-se todos os desarranjos da economia: inflação mal resolvida, juros e gastos públicos em alta, investimentos em baixa. “A lista é grande, e sugere a necessidade de um freio de arrumação. Se a freada vier em 2015, quanto tempo será preciso para reacelerar?” já perguntava José Roberto de Toledo no artigo “Eleito para perder” (O Estado de S.Paulo, 14/04), apenas para concluir: “Essas divagações vão além dos quatro anos, que é o horizonte da maioria dos cálculos políticos e eleitorais no Brasil. São, portanto, para o padrão nacional, de longo prazo. E no longo prazo estaremos todos mortos”.


Merece atenção também o número exagerado de ministérios, num país que apresenta números escandalosos no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), na educação e na economia, inclusive correndo perigo, segundo especialistas, de enfrentar uma recessão. Os Estados Unidos, maior economia mundial, têm 15 ministérios; a Alemanha, 14; a França, 16; o Reino Unido, 17; o Chile, país com o maior IDH da América Latina, tem 20.
Ou seja, inchar o erário público com 39 ministérios (ao custo de 58 bilhões de reais!) não é sinônimo de melhorias na administração. É só comparar com a lista de países com maior número de pastas ministeriais do mundo: o Congo tem 40 ministérios; o Paquistão, 38; Camarões e Gabão, 36.
O humor da charge de Sponholz extrapola na representação de uma reunião ministerial. “Tantos ministros estão lá mais para atender às milongas políticas e menos para cuidar de nós, pobres contribuintes com parca saúde, má educação, insegurança, pífia infraestrutura, estradas esburacadas, etc. Isso não pode funcionar, é muito ministro batendo cabeça! Antes do PT no poder, o último governo militar, de João Baptista Figueiredo, tinha 16 ministérios. Depois Tancredo aumentou para os 21 que José Sarney manteve. Collor radicalizou: reduziu para 12; aí entrou Itamar e subiu para 22; Fernando Henrique terminou o último ano com 24; Lula subiu para 37 e Dilma, agora, tem os famigerados 39!” (josevaillant.blogspot.com.br, 20/05/2013)
Que receita mágica resultará dos conselhos do mentor para a pupila? Aplacará os ânimos da dezena de partidos? Dará um freio de arrumação? Terá tempo de reacelerar o desenvolvimento brasileiro?
Quem viver, verá!












Edição n.º 960 - página 01


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