“Está péssimo o clima político em
Brasília. Uma dezena de partidos disputa um naco do próximo governo da
presidente reeleita. Os 39 ministérios serão insuficientes para aplacar os
ânimos. Pelo menos 20 ministros serão demitidos e vão ruminar suas mágoas no
time de políticos derrotados. Talvez por essa razão a petista tenha seguido sua
receita mais conhecida nessas horas. Ontem, ela se reuniu com seu mentor, Luiz
Inácio Lula da Silva”. (Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo, 5/11)
Nada indica que a presidente reeleita terá quatro anos
fáceis pela frente. Muito ao contrário. A crise de energia está chegando ao
auge. Da mesma forma, a crise de abastecimento de água. Além disso,
considerem-se todos os desarranjos da economia: inflação mal resolvida, juros e
gastos públicos em alta, investimentos em baixa. “A lista é grande, e sugere a
necessidade de um freio de arrumação. Se a freada vier em 2015, quanto tempo
será preciso para reacelerar?” já perguntava José Roberto de Toledo no artigo “Eleito para perder”
(O Estado de
S.Paulo, 14/04), apenas para concluir: “Essas divagações vão além dos
quatro anos, que é o horizonte da maioria dos cálculos políticos e eleitorais
no Brasil. São, portanto, para o padrão nacional, de longo prazo. E no longo
prazo estaremos todos mortos”.
Merece atenção também o número exagerado de ministérios,
num país que apresenta números escandalosos no Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), na educação e na economia, inclusive correndo perigo, segundo
especialistas, de enfrentar uma recessão. Os Estados Unidos, maior economia
mundial, têm 15 ministérios; a Alemanha, 14; a França, 16; o Reino Unido, 17; o Chile, país com o maior IDH da
América Latina, tem 20.
Ou seja, inchar o erário público com 39 ministérios (ao
custo de 58 bilhões de reais!) não é sinônimo de melhorias na administração. É
só comparar com a lista de países com maior número de pastas ministeriais do
mundo: o Congo tem 40 ministérios; o Paquistão, 38; Camarões e
Gabão, 36.
O humor da charge de Sponholz extrapola na representação
de uma reunião ministerial. “Tantos ministros estão lá mais para atender às milongas políticas
e menos para cuidar de nós, pobres contribuintes com parca saúde, má educação,
insegurança, pífia infraestrutura, estradas esburacadas, etc. Isso não pode
funcionar, é muito ministro batendo cabeça! Antes do PT no poder, o último
governo militar, de João Baptista Figueiredo, tinha 16 ministérios. Depois
Tancredo aumentou para os 21 que José Sarney manteve. Collor radicalizou:
reduziu para 12; aí entrou Itamar e subiu para 22; Fernando Henrique terminou o
último ano com 24; Lula subiu para 37 e Dilma, agora, tem os famigerados 39!”
(josevaillant.blogspot.com.br, 20/05/2013)
Que receita mágica resultará dos conselhos do mentor para
a pupila? Aplacará os ânimos da dezena de partidos? Dará um freio de arrumação?
Terá tempo de reacelerar o desenvolvimento brasileiro?
Quem viver, verá!
Edição n.º 960 - página 01
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