sábado, 15 de novembro de 2014

Uma carta aberta e outras avaliações


Ministros e ex-ministros de Dilma estão impressionados com os efeitos da reeleição: nas conversas reservadas, nada lembra na presidenta o tom “conciliador” do discurso público. Ela parece ainda mais intolerante. “Está com sangue na boca”, diz um amigo vitorioso nas urnas, aliviado por agora ser ex-ministro. E a montanha de votos subiu-lhe à cabeça: ao contrário de 2010, ela não se sente devedora do ex-presidente Lula”. 
(Coluna do Claudio Humberto, 7/11)






Todos os textos citados a seguir foram repercutidos em http://avaranda.blogspot.com.br. Reproduzo aqui alguns parágrafos, devidamente creditados a seus autores, que dizem bem, e melhor, o que se gostaria de dizer.
A carta aberta de Carlos Eduardo Soares Gonçalves (Valor Econômico, 7/11) sugere: “Cara Dilma Roussef, presidenta reeleita. Palavras não trazem mudança. Vestidinho branco não pacifica a sociedade dividida. A senhora precisa agir, e logo. O apoio ao governo tem que ser programático, o que inclui, sim, concessão de cargos. Mas dê o exemplo e comece a desmontar a lógica que ganhou raízes institucionais com o mensalão do Lula, a lógica do apoio em troca de dinheiro vivo. E ouça as críticas da oposição, até porque ela representa metade do país. Tenha coragem e humildade. Vamos lá, ajude o Brasil a retomar o caminho do qual se desviou.”
Já Rubens Ricupero (Folha de S.Paulo, 10/11) avalia que “cada vez parece mais claro que o governo não venceu, apenas repetiu de ano. Ou melhor, passou com nota raspando. Passou com um cacho interminável de dependências. Sua nota não deu para passar em inúmeras disciplinas: crescimento, inflação, superávit primário do orçamento, dívida pública, saldo comercial, déficit em conta corrente, crise da indústria, etc. Na eleição de Lula em 2002 houve pânico pelo desconhecido. Seria o caso hoje de passar a ter medo do demasiado conhecido? Ou existe alguma razão escondida para crer que o governo-aluno repetente, que não fez a lição de casa, que colou na prova de superavit primário com truques contábeis, agora que os professores são mais severos e as matérias mais difíceis, vai se tornar o primeiro da classe?
Rogério Furquim Werneck (O Estado de S.Paulo, 7/11) pensa que “o País afinal se dá conta das reais proporções do desafio que o novo governo terá de enfrentar para restaurar a credibilidade da política econômica, restabelecer o controle sobre as contas públicas, trazer a inflação de volta à meta e superar o quadro de desconfiança e estagnação que se instalou na economia. É tarefa hercúlea.”
E Luís Eduardo Assis (O Estado de S.Paulo, 10/11) aponta que “a presidente Dilma Rousseff assume seu segundo mandato no momento em que se engendra uma crise política histórica no País. A coincidência entre a investigação do escândalo da Petrobrás, o fortalecimento da oposição, e o enfraquecimento da base parlamentar que apoia o governo promete elevar a temperatura. Se tudo der certo, teremos mais quatro anos de crescimento variando entre modesto e medíocre. Melhor moderar as expectativas e poupar nosso pessimismo - precisaremos muito dele logo mais.”
Lamentavelmente, não são avaliações alvissareiras.
Quanto tempo demorará o Brasil para retomar o caminho do qual se desviou? O governo conseguirá passar nas disciplinas em que ficou em dependência? A presidente reeleita realizará a tarefa hercúlea de elevar o crescimento do país a nível acima de medíocre?
 Melhor moderar as expectativas e poupar o pessimismo.











Edição n.º 961 – página 01

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