“Ministros e ex-ministros de
Dilma estão impressionados com os efeitos da reeleição: nas conversas
reservadas, nada lembra na presidenta o tom “conciliador” do discurso público.
Ela parece ainda mais intolerante. “Está com sangue na boca”, diz um amigo
vitorioso nas urnas, aliviado por agora ser ex-ministro. E a montanha de votos
subiu-lhe à cabeça: ao contrário de 2010, ela não se sente devedora do
ex-presidente Lula”.
(Coluna do Claudio Humberto, 7/11)
Todos os textos citados a seguir foram repercutidos em
http://avaranda.blogspot.com.br. Reproduzo aqui alguns parágrafos, devidamente
creditados a seus autores, que dizem bem, e melhor, o que se gostaria de dizer.
A carta aberta de Carlos Eduardo Soares Gonçalves (Valor Econômico, 7/11) sugere: “Cara Dilma
Roussef, presidenta reeleita. Palavras não trazem mudança. Vestidinho branco
não pacifica a sociedade dividida. A senhora precisa agir, e logo. O apoio ao
governo tem que ser programático, o que inclui, sim, concessão de cargos. Mas
dê o exemplo e comece a desmontar a lógica que ganhou raízes institucionais com
o mensalão do Lula, a lógica do apoio em troca de dinheiro vivo. E ouça as
críticas da oposição, até porque ela representa metade do país. Tenha coragem e
humildade. Vamos lá, ajude o Brasil a retomar o caminho do qual se desviou.”
Já Rubens Ricupero (Folha
de S.Paulo, 10/11) avalia que “cada vez parece mais claro que o
governo não venceu, apenas repetiu de ano. Ou melhor, passou com nota raspando.
Passou com um cacho interminável de dependências. Sua nota não deu para passar
em inúmeras disciplinas: crescimento, inflação, superávit primário do
orçamento, dívida pública, saldo comercial, déficit em conta corrente, crise da
indústria, etc. Na eleição de Lula em 2002 houve pânico pelo desconhecido.
Seria o caso hoje de passar a ter medo do demasiado conhecido? Ou existe alguma
razão escondida para crer que o governo-aluno repetente, que não fez a lição de
casa, que colou na prova de superavit primário com truques contábeis, agora que
os professores são mais severos e as matérias mais difíceis, vai se tornar o
primeiro da classe?
Rogério Furquim Werneck (O
Estado de S.Paulo, 7/11) pensa que “o País afinal se dá conta das
reais proporções do desafio que o novo governo terá de enfrentar para restaurar
a credibilidade da política econômica, restabelecer o controle sobre as contas
públicas, trazer a inflação de volta à meta e superar o quadro de desconfiança
e estagnação que se instalou na economia. É tarefa hercúlea.”
E Luís Eduardo Assis (O
Estado de S.Paulo, 10/11) aponta que “a presidente Dilma Rousseff
assume seu segundo mandato no momento em que se engendra uma crise política
histórica no País. A coincidência entre a investigação do escândalo da
Petrobrás, o fortalecimento da oposição, e o enfraquecimento da base
parlamentar que apoia o governo promete elevar a temperatura. Se tudo der
certo, teremos mais quatro anos de crescimento variando entre modesto e
medíocre. Melhor moderar as expectativas e poupar nosso pessimismo -
precisaremos muito dele logo mais.”
Lamentavelmente, não são avaliações alvissareiras.
Quanto tempo demorará o Brasil para retomar o caminho do
qual se desviou? O governo conseguirá passar nas disciplinas em que ficou em
dependência? A presidente reeleita realizará a tarefa hercúlea de elevar o
crescimento do país a nível acima de medíocre?
Melhor moderar as
expectativas e poupar o pessimismo.
Edição n.º
961 – página 01
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