A fé é uma conquista íntima,
que se desenvolve na medida em que evoluímos e conseguimos penetrar no
conhecimento e percepção das leis que regem a vida, é a fé verdadeira e raciocinada
ensinada pelo mestre Kardec.
Nossa visão de Deus e de como
Ele rege o Universo reflete nossa fé. Muitos ainda veem a Deus de forma
imperfeita, o que se justifica pelo estágio evolutivo em se encontram. Trazemos
gravada em nosso inconsciente a ideia da existência de algo maior, superior, entretanto
esta relação com o divino se realiza dentro de nossas limitadas, mas crescentes
possibilidades de com Ele nos conectarmos, tentando assimilar Sua lei de amor.
É fato que o mundo evoluiu,
que a tecnologia mostra seus avanços que nos trazem mais conforto e desenvolvimento,
de um modo geral ampliamos o intelecto, a inteligência emocional e também a
espiritual, porém, temos ainda um bom caminho a percorrer. Já não fazemos
oferendas aos vulcões, já não adoramos as pedras, nem tão pouco imaginamos que
Deus seja um homem como nós, mas tentamos ainda de forma velada barganhar com O
Criador, com o antigo e velho hábito praticado por tanto tempo.
Mesmo nós que hoje
professamos nossa fé de maneira mais efetiva, dedicando parte de nosso tempo na
divulgação e aplicação do Evangelho de Jesus, temos nossos deslizes, uma vez
que somos aprendizes e ainda não nos formamos na escola da sabedoria e do amor.
Basta que a dor, a necessidade, a enfermidade ou a desilusão nos visite para
colocarmos em cheque o amor do Pai.
Por que sofro se faço tudo
corretamente?
Esquecemos que temos um
passado que herdamos de nós mesmos e que necessita ser reconstruído, reescrito,
ou ainda provas que solicitamos para testar nossas forças e desempenho. E nos
colocamos, como antigamente, a pedir a Deus, não a ajuda que nunca nos faltará,
mas a solução imediata de nossas dificuldades e quando ela não vem, da forma
que desejamos, surge então a incerteza, a dúvida, a desesperança ou a revolta.
Evidente que não
encorajamos a inércia, ou comodismo, nem tão pouco a fé cega e desprovida de
reflexões. Mas, aquele que caminha com Deus entregando a Ele sua vida,
confiando que Ele suprirá todas as nossas necessidades, desde que façamos nossa
parte, vive a confiança e a certeza dos que tem a fé inabalável, pois é
construída pelo entendimento de que Aquele que nos ama incondicionalmente,
jamais nos deixará entregues à má sorte, jamais nos abandonará, pois somos
parte Dele mesmo.
Para que possamos
compreender melhor este pensamento, lembremos agora da pessoa que tem nossa
confiança absoluta, aquela que sabemos que podemos contar, aconteça o que
acontecer, aquela que não nos abandonará, pois nutre por nós afeto profundo e
verdadeiro. Pois bem, não desmerecendo nossas amizades e afetos, recordemos que
esta pessoa é, muito provavelmente, ainda imperfeita. Se temos junto a nós,
aqui na Terra, uma demonstração deste porte, o que não devemos esperar do Pai,
que é perfeito e nos ama de forma incondicional?
Se hoje sofremos, busquemos
aprender com a dor, pois ela é também caminho de crescimento espiritual,
lembrando que nenhuma folha cai de uma árvore sem a permissão do Pai. Se hoje passamos
por dificuldades, existe aí a justiça divina atuando, mesmo que não a
compreendamos no momento.
Trabalhemos nossa fé na
aceitação do que não podemos modificar, mas também na coragem e determinação
para enfrentar e transformar o que nos compete.
Pedimos sinais do céu que
demonstrem a existência e atuação de Deus em nossas vidas esquecendo que Ele é
O Criador e que nossa existência é prova irrefutável de Seu amor que nos nutre,
alimenta e sustenta, ontem hoje e pela eternidade.
Edição n.º 962 - página 05
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