sexta-feira, 28 de novembro de 2014

ESCOLA PÚBLICA EM REGIME INTEGRAL?



     Discutia outro dia com o professor Valmor Bolan — ele que é Doutor em Sociologia e Especialista em Gestão Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI (Organização Universitária Interamericana), com sede em Montreal, Canadá) — sobre a importância da Escola Pública (a que se destina aos adolescentes e crianças mais pobres) se transformar em Instituições de Tempo Integral para bem formar os cidadãos.
     Não se desconhece que um dos nossos grandes desafios, na Educação, é garantir uma escola pública básica em tempo integral. Será possível? Esta é uma questão em aberto, mas que merece reflexão. Sabemos que o governo (especialmente na instância municipal e estadual) possui determinada cota orçamentária obrigatória de investimentos em Educação, maior que a da Saúde. Mas o que vemos ainda é a preocupação com construção de prédios, investimento na expansão da infraestrutura básica — o que deve evidentemente ser feito —, mas requer que tenhamos uma disposição e uma estratégia com planejamento antecipado, para maior investimento em recurso humano, principalmente na formação e motivação dos nossos professores. Esta capacitação deve ser permanente, pois só assim teremos garantida uma significativa melhoria. Não basta, portanto, somente construir prédios, mas investir no capital humano.
     Em termos de conteúdo, se faz necessário também combater a doutrinação ideológica marxista ou de qualquer outra natureza nas escolas públicas, como atestam os livros didáticos e demais materiais utilizados em quase toda a rede pública. Esse fator, pouco observado, certamente está relacionado com a gradativa perda na qualidade de ensino, e o desinteresse de muitos alunos pelas matérias estudadas, carregadas de uma agenda ideológica. Precisamos, portanto, rever esses conteúdos, especialmente nas disciplinas da área de Humanas, História, Literatura e Redação.




     Além disso, é preciso menos tecnicismo e mais humanismo em nossas escolas, pois os alunos não devem ser preparados apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida. Para enfrentar esse desafio devemos selecionar as melhores alternativas para se atingir os objetivos determinados, melhorando as possibilidades existentes visando fazer da escola pública um espaço de aprendizado à altura das exigências do nosso tempo. Não basta apenas tempo integral, se o tempo permanecido na escola não for efetivamente proveitoso para o desenvolvimento intelectual e sensitivo, e mais do que tudo, humano. Por fim, não basta oferecer o conteúdo das Matérias curriculares atuais. Será necessário — imprescindível mesmo — que em tempo integral sejam oferecidas atividades profissionalizantes e de formação cidadã tais como Cinema, Teatro, Música, Esporte, equipamentos tecnológicos e reforço escolar para equalizar os conhecimentos dos alunos menos aquinhoados. Aí sim terá sentido a Progressão Continuada, sistema em que apenas no fim de cada ciclo escolar (4ª série e 9ª série) poderá o aluno ser retido. Dessa forma, o Brasil, com a Educação em tempo integral, se colocará entre os países que tratam os seus cidadãos, ricos e pobres, com equidade, isto é, com imparcialidade onde se reconhece o direito de cada um. É esta a porta de saída para o Bolsa Família, que deixará de ser utilizado inclusive como ferramenta de exploração imoral nos processos eleitorais por parte de certos partidos políticos, que veem nesses programas assistencialistas sua perpetuação e sobrevivência.












Edição n.º 963 - página 08



Nenhum comentário:

Postar um comentário