Discutia outro dia com o professor
Valmor Bolan — ele que é Doutor em Sociologia e Especialista em Gestão
Universitária pelo IGLU (Instituto de Gestão e Liderança Interamericano) da OUI
(Organização Universitária Interamericana), com sede em Montreal, Canadá) — sobre
a importância da Escola Pública (a que se destina aos adolescentes e crianças
mais pobres) se transformar em Instituições de Tempo Integral para bem formar
os cidadãos.
Não se desconhece que um dos
nossos grandes desafios, na Educação, é garantir uma escola pública básica em
tempo integral. Será possível? Esta é uma questão em aberto, mas que merece
reflexão. Sabemos que o governo (especialmente na instância municipal e
estadual) possui determinada cota orçamentária obrigatória de investimentos em
Educação, maior que a da Saúde. Mas o que vemos ainda é a preocupação com
construção de prédios, investimento na expansão da infraestrutura básica — o
que deve evidentemente ser feito —, mas requer que tenhamos uma disposição e
uma estratégia com planejamento antecipado, para maior investimento em recurso
humano, principalmente na formação e motivação dos nossos professores. Esta
capacitação deve ser permanente, pois só assim teremos garantida uma
significativa melhoria. Não basta, portanto, somente construir prédios, mas
investir no capital humano.
Em termos de conteúdo, se
faz necessário também combater a doutrinação ideológica marxista ou de qualquer
outra natureza nas escolas públicas, como atestam os livros didáticos e demais
materiais utilizados em quase toda a rede pública. Esse fator, pouco observado,
certamente está relacionado com a gradativa perda na qualidade de ensino, e o
desinteresse de muitos alunos pelas matérias estudadas, carregadas de uma
agenda ideológica. Precisamos, portanto, rever esses conteúdos, especialmente
nas disciplinas da área de Humanas, História, Literatura e Redação.
Além disso, é preciso menos
tecnicismo e mais humanismo em nossas escolas, pois os alunos não devem ser
preparados apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida. Para enfrentar
esse desafio devemos selecionar as
melhores alternativas para se atingir os objetivos determinados, melhorando as
possibilidades existentes visando fazer da escola pública um espaço
de aprendizado à altura das exigências do nosso tempo. Não basta apenas tempo
integral, se o tempo permanecido na escola não for efetivamente proveitoso para
o desenvolvimento intelectual e sensitivo, e mais do que tudo, humano. Por
fim, não basta oferecer o conteúdo das Matérias curriculares atuais. Será
necessário — imprescindível mesmo — que em tempo integral sejam oferecidas atividades
profissionalizantes e de formação cidadã tais como Cinema, Teatro, Música, Esporte,
equipamentos tecnológicos e reforço escolar para equalizar os conhecimentos dos
alunos menos aquinhoados. Aí sim terá sentido a Progressão Continuada, sistema
em que apenas no fim de cada ciclo escolar (4ª série e 9ª série) poderá o aluno
ser retido. Dessa forma, o Brasil, com a Educação em tempo integral, se
colocará entre os países que tratam os seus cidadãos, ricos e pobres, com
equidade, isto é, com imparcialidade onde se reconhece o direito de cada um. É
esta a porta de saída para o Bolsa Família, que deixará de ser utilizado inclusive como ferramenta de exploração imoral nos processos eleitorais por
parte de certos partidos políticos, que veem nesses programas assistencialistas
sua perpetuação e sobrevivência.
Edição n.º 963 - página 08
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