Como reconheceu Reinaldo Azevedo (Folha de S.Paulo, 13/02) “valentias de
moribundo são um espetáculo melancólico. O PT era uma neurose. Agora é só uma
necrose moral.” Tal tese sobre a corrupção nos governos do PT é corroborada pelo senador
Aloysio Nunes (PSDB-SP): “O PT de hoje é um cadáver moral”.
Às vésperas do mês de março, por
exemplo (entre tantos e tantos muitos outros), a Controladoria-Geral da União
não contabilizou um único centavo dos gastos do governo federal com cartões
corporativos em 2014. No ano passado, o governo Dilma gastou mais de R$ 65
milhões utilizando essa forma de pagamento, cuja conta é bancada pelo
contribuinte. Na Presidência da República, 90% dos gastos com cartões
corporativos são escondidos sob “sigilo” desde o governo Lula, que tornou
“secretos” os gastos após a revelação de uso de cartões para pagar mordomias de
sua família e de ministros.
Outra tristíssima conclusão (entre
tantas e tantas muitas outras) é que a prática do governo Dilma desmente o seu
discurso sobre “Pátria Educadora” e prejudica milhões de estudantes brasileiros
(traição aos bolsistas da FIES; cortes no orçamento da Educação; atraso nos
recursos da PRONATEC; notas baixas nas avaliações do Ensino Básico), como
mostra a capa da revista ISTO É
(22/02/2015): o semestre letivo começou com greve de professores em Brasília,
por falta de pagamento do 13º e de salários atrasados.
Enquanto isso, também na Câmara suas
excelências ‒ que recebem
salários nababescos, além de 13º (entre tantas e tantas outras muitas
mordomias).. ‒ e não precisam fazer greve por motivo tão prosaico, ainda não tinham
voltado ao “trabalho” três dias depois do carnaval, como Dida Sampaio flagrou (capa do Estadão, 20/02).
"A situação desesperadora da
época na qual vivo me enche de esperanças." A frase é de Marx, enunciada
há mais de 150 anos. Ela lembrava como situações aparentemente sem saída eram
apenas a expressão de que enfim podíamos começar a realmente nos livrar dos entulhos
de um tempo morto. Há algum tempo, o filósofo e professor livre-docente da
Universidade de São Paulo Vladimir Safatle insiste que o
lulismo entraria em um esgotamento, restando ao governo, primeiro, ser refém de
um Congresso que ele próprio alimentou e, depois, contemplar cada deputado com
seu quinhão intocado de fisiologismo. O articulista (Folha de S.Paulo, 24/02) escreveu que “o Brasil é a melhor
expressão da decadência e da mediocridade própria ao fim de um ciclo”.
Para
completar o quadro da atual (sur)realidade nacional, a presidente “tem contra
si um partido capaz de tudo quando se encontra na oposição: o PT. Se se
descobre que todo o triunfalismo não passava de uma bolha, que a bolha estourou
e é preciso conter o pus, por que espremer somente Dilma se, em quatro anos,
ela só fez o que os companheiros achavam justo e certo?”, se pergunta Ruy
Castro (Folha de S.Paulo, 25/02).
Quantos
“malfeitos” mais os brasileiros terão de aguentar, nesse longo e penoso velório
do paladino da moralidade?
Edição n.º 976 - página 01