sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

A Arte da Lembrança – a saudade na fotografia brasileira



Algo de nós está ali, contido na mancha fotográfica: um destino, um desejo, uma perda, uma palavra que pronunciada será incapaz de percorrer o caminho de volta, um suspiro, a garganta das coisas. Sintomas dos quais surgiria, extraído desde sua dormência, tudo o que existiu e não mais existe, presente e já passado, presente apesar de sua ausência.” 
(Diógenes Moura, curador)


Tendo como inspiração a saudade em suas mais variadas formas e significados, a exposição A Arte da Lembrança – a Saudade na Fotografia Brasileira propõe um percurso iconográfico pelas obras – realizadas entre a década de 1930 e 2014 – de alguns dos mais representativos fotógrafos brasileiros.



Com entrada gratuita, a exposição fica em cartaz na sede do Itaú Cultural, em São Paulo (Av. Paulista nº149), até o dia 8 de março.



Com curadoria de Diógenes Moura, a mostra é uma viagem por meio de registros fotográficos que englobam temas pessoais e universais: as cidades, suas construções e  demolições; a ausência de um ente querido, flagrado num momento de alegria e felicidade; objetos vazios envolvidos na poeira do passado, entre outras muitas imagens congeladas no tempo.



As emoções e a saudade despertadas pela exposição me fizeram rever fotos antigas de meus pais: a que foi tirada em Poços de Caldas, onde eles passaram a lua-de-mel, em 1938, num daqueles cenários falsos em que se colocava a cabeça; a que foi tirada (por quem? algum lambe-lambe?) no Viaduto do Chá, numa época em que  homens e mulheres usavam chapéu, e eles andavam de terno e gravata, e elas carregavam luvas de pelica da cor dos sapatos e bolsas, num tempo em que o movimento de pedestres e carros era quase nenhum; e em algum lugar nevado, em Barriloche, nos anos 1950.

Desde sua dormência, esse tempo que existiu e não existe mais, que está tão no passado, todavia está presente, apesar de sua ausência, não apenas nessas manchas fotográficas, mas também nas minhas saudades e lembranças.















 Edição n.º 974 - página 1




















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