sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O cadáver do paladino da moralidade



Como reconheceu Reinaldo Azevedo (Folha de S.Paulo, 13/02) “valentias de moribundo são um espetáculo melancólico. O PT era uma neurose. Agora é só uma necrose moral.” Tal tese sobre a corrupção nos governos do PT é corroborada pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP): “O PT de hoje é um cadáver moral”.
Às vésperas do mês de março, por exemplo (entre tantos e tantos muitos outros), a Controladoria-Geral da União não contabilizou um único centavo dos gastos do governo federal com cartões corporativos em 2014. No ano passado, o governo Dilma gastou mais de R$ 65 milhões utilizando essa forma de pagamento, cuja conta é bancada pelo contribuinte. Na Presidência da República, 90% dos gastos com cartões corporativos são escondidos sob “sigilo” desde o governo Lula, que tornou “secretos” os gastos após a revelação de uso de cartões para pagar mordomias de sua família e de ministros.




Outra tristíssima conclusão (entre tantas e tantas muitas outras) é que a prática do governo Dilma desmente o seu discurso sobre “Pátria Educadora” e prejudica milhões de estudantes brasileiros (traição aos bolsistas da FIES; cortes no orçamento da Educação; atraso nos recursos da PRONATEC; notas baixas nas avaliações do Ensino Básico), como mostra a capa da revista ISTO É (22/02/2015): o semestre letivo começou com greve de professores em Brasília, por falta de pagamento do 13º e de salários atrasados.
Enquanto isso, também na Câmara suas excelências que recebem salários nababescos, além de 13º (entre tantas e tantas outras muitas mordomias).. ‒ e não precisam fazer greve por motivo tão prosaico, ainda não tinham voltado ao “trabalho” três dias depois do carnaval, como Dida Sampaio flagrou (capa do Estadão, 20/02).
  




"A situação desesperadora da época na qual vivo me enche de esperanças." A frase é de Marx, enunciada há mais de 150 anos. Ela lembrava como situações aparentemente sem saída eram apenas a expressão de que enfim podíamos começar a realmente nos livrar dos entulhos de um tempo morto. Há algum tempo, o filósofo e professor livre-docente da Universidade de São Paulo Vladimir Safatle insiste que o lulismo entraria em um esgotamento, restando ao governo, primeiro, ser refém de um Congresso que ele próprio alimentou e, depois, contemplar cada deputado com seu quinhão intocado de fisiologismo. O articulista (Folha de S.Paulo, 24/02) escreveu que “o Brasil é a melhor expressão da decadência e da mediocridade própria ao fim de um ciclo”.
Para completar o quadro da atual (sur)realidade nacional, a presidente “tem contra si um partido capaz de tudo quando se encontra na oposição: o PT. Se se descobre que todo o triunfalismo não passava de uma bolha, que a bolha estourou e é preciso conter o pus, por que espremer somente Dilma se, em quatro anos, ela só fez o que os companheiros achavam justo e certo?”, se pergunta Ruy Castro (Folha de S.Paulo, 25/02).
Quantos “malfeitos” mais os brasileiros terão de aguentar, nesse longo e penoso velório do paladino da moralidade?




















Edição n.º 976 - página 01




Nenhum comentário:

Postar um comentário