sexta-feira, 6 de março de 2015

Que triste cena!...



Coitada da Petrobrás! A maior companhia brasileira deixou de ser considerada um investimento seguro para se tornar uma aposta especulativa. A dívida da Petrobrás, hoje, é de 135 bilhões de dólares, a maior do planeta!... E tudo isso por conta da má gestão, da irresponsabilidade, dos desfalques, dos desvios de dinheiro, da corrupção desenfreada, no que passou a ser conhecido como o escândalo do petrolão!
O rebaixamento da nota da estatal pela agência de classificação de risco Moody’s é sintoma da queda da confiança dos investidores internacionais na economia brasileira. Sem o selo de confiança da agência de risco Moody’s fecham-se para a Petrobrás os portões de um mercado de crédito de 15 trilhões de reais, três quartos do dinheiro disponível no planeta para empréstimos com juros mais baixos e com exigências mais brandas de garantias.
E como o governo lida com isso? Tentando adiar o anúncio do rebaixamento da Petrobrás desde o balanço apresentado pela então presidente da estatal Graça Foster, sem aval de auditoria e com um cálculo não oficial de perdas de 88,6 bilhões de reais. A agência Moody’s não aceitou a brincadeira e o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, conseguiu que a publicação do relatório fosse adiada por um mês, quando então — prometeu — o balanço auditado seria publicado. Mas a verdade é que não foi e o ministro, assim como o governo, passou por mentiroso, o que, aliás, não é nenhuma novidade. E aí veio o relatório da Moody’s com a notícia do rebaixamento da empresa orgulho dos brasileiros. Que vergonha!... Logo no dia seguinte a esse anúncio o dólar subiu de R$ 2,83 para R$ 2,87 e as ações da Petrobrás despencaram 5%. Isso apenas no dia seguinte!...
E nessa esteira de acontecimentos o que faz o governo petista? Despacha o seu garoto-propaganda, o ex-presidente Lula, para tentar minimizar a responsabilidade do PT no escândalo do petrolão, no Ato em Defesa da Petrobrás, realizado no auditório da Associação Brasileira de Imprensa no Rio de Janeiro, na última semana, pelos sindicalistas convocados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). No seu melhor estilo de animador de auditório, buscando defender a gestão do PT na Petrobrás, o ex-presidente desafiou a plateia: — “Qual é a vergonha que a gente pode ter se, numa família de 86.000 trabalhadores, alguém fez uma caca?” “Nós ganhamos as eleições e parece que estamos com vergonha de ter ganhado. Eles perderam e estão todos pomposos por aí”. Mas, não satisfeito, deixou de lado o seu dom de animador de plateias e passou para o de incitador de multidões. Dirigindo-se a João Pedro Stedile, presidente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), provocou-o: — “Eu quero paz e democracia. Mas, se eles não querem, nós sabemos brigar também, sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele do nosso lado”.
Prezados leitores, tentem visualizar a cena: um ex-presidente, que governou o país por oito anos, “chamando para a briga”! Acreditem — é algo que eu não gostaria de ter presenciado nesta vida. E, afinal de contas, quem são “eles”? Existem dois ou apenas um Brasil? Um que ganhou a eleição e outro que perdeu a eleição? Há dois lados no país? Somos dois povos ou somos apenas o povo brasileiro, único, coeso, irmãos? Se o “exército do MST” ficar do lado do Lula e seus comparsas, de que lado ficará o verdadeiro e único exército nacional? Isso é comportamento que se espera de um brasileiro que já conduziu a Nação como seu supremo magistrado? Incitar o povo à revolta quando deveria pregar a paz, a harmonia, a justiça e a união dos brasileiros?
E por ironia do destino, tudo isso aconteceu na Associação Brasileira de Imprensa no Rio de Janeiro, entidade historicamente libertária e que foi presidida pelo saudoso advogado, jurista, escritor e jornalista emérito Barbosa Lima Sobrinho nos períodos de 1926 a 1927, 1930 a 1932, 1974 a 1977 e 1978 a 2000, nacionalista notório e que sempre defendeu este país, seu povo e suas instituições e que, por certo, deve estar revirando no caixão ao ter presenciado — ainda que em espírito — essa triste, senão trágica, cena!










Edição n.º 977 - página 08

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