Coitada da Petrobrás! A maior
companhia brasileira deixou de ser considerada um investimento seguro para se
tornar uma aposta especulativa. A dívida da Petrobrás, hoje, é de 135 bilhões
de dólares, a maior do planeta!... E tudo isso por conta da má gestão, da
irresponsabilidade, dos desfalques, dos desvios de dinheiro, da corrupção
desenfreada, no que passou a ser conhecido como o escândalo do petrolão!
O rebaixamento da nota da
estatal pela agência de classificação de risco Moody’s é sintoma da queda da
confiança dos investidores internacionais na economia brasileira. Sem o selo de
confiança da agência de risco Moody’s fecham-se para a Petrobrás os portões de
um mercado de crédito de 15 trilhões de reais, três quartos do dinheiro disponível
no planeta para empréstimos com juros mais baixos e com exigências mais brandas
de garantias.
E como o governo lida com
isso? Tentando adiar o anúncio do rebaixamento da Petrobrás desde o balanço
apresentado pela então presidente da estatal Graça Foster, sem aval de
auditoria e com um cálculo não oficial de perdas de 88,6 bilhões de reais. A
agência Moody’s não aceitou a brincadeira e o ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, conseguiu que a publicação do relatório fosse adiada por um mês, quando então
— prometeu — o balanço auditado seria publicado. Mas a verdade é que não foi e
o ministro, assim como o governo, passou por mentiroso, o que, aliás, não é
nenhuma novidade. E aí veio o relatório da Moody’s com a notícia do
rebaixamento da empresa orgulho dos brasileiros. Que vergonha!... Logo no dia
seguinte a esse anúncio o dólar subiu de R$ 2,83 para R$ 2,87 e as ações da
Petrobrás despencaram 5%. Isso apenas no dia seguinte!...
E nessa esteira de
acontecimentos o que faz o governo petista? Despacha o seu garoto-propaganda, o
ex-presidente Lula, para tentar minimizar a responsabilidade do PT no escândalo
do petrolão, no Ato em Defesa da Petrobrás, realizado no auditório da
Associação Brasileira de Imprensa no Rio de Janeiro, na última semana, pelos sindicalistas
convocados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pela Central Única dos
Trabalhadores (CUT). No seu melhor estilo de animador de auditório, buscando
defender a gestão do PT na Petrobrás, o ex-presidente desafiou a plateia: —
“Qual é a vergonha que a gente pode ter se, numa família de 86.000
trabalhadores, alguém fez uma caca?” “Nós ganhamos as eleições e parece que
estamos com vergonha de ter ganhado. Eles perderam e estão todos pomposos por
aí”. Mas, não satisfeito, deixou de lado o seu dom de animador de plateias e
passou para o de incitador de multidões. Dirigindo-se a João Pedro Stedile,
presidente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), provocou-o: —
“Eu quero paz e democracia. Mas, se eles não querem, nós sabemos brigar também,
sobretudo quando o Stedile colocar o exército dele do nosso lado”.
Prezados leitores, tentem
visualizar a cena: um ex-presidente, que governou o país por oito anos,
“chamando para a briga”! Acreditem — é algo que eu não gostaria de ter presenciado
nesta vida. E, afinal de contas, quem são “eles”? Existem dois ou apenas um
Brasil? Um que ganhou a eleição e outro que perdeu a eleição? Há dois lados no
país? Somos dois povos ou somos apenas o povo brasileiro, único, coeso, irmãos?
Se o “exército do MST” ficar do lado do Lula e seus comparsas, de que lado
ficará o verdadeiro e único exército nacional? Isso é comportamento que se
espera de um brasileiro que já conduziu a Nação como seu supremo magistrado?
Incitar o povo à revolta quando deveria pregar a paz, a harmonia, a justiça e a
união dos brasileiros?
E por ironia do destino,
tudo isso aconteceu na Associação Brasileira de Imprensa no Rio de Janeiro,
entidade historicamente libertária e que foi presidida pelo saudoso advogado,
jurista, escritor e jornalista emérito Barbosa Lima Sobrinho nos períodos de
1926 a 1927, 1930 a 1932, 1974 a 1977 e 1978 a 2000, nacionalista notório e que
sempre defendeu este país, seu povo e suas instituições e que, por certo, deve
estar revirando no caixão ao ter presenciado — ainda que em espírito — essa
triste, senão trágica, cena!
Edição n.º 977 - página 08
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