sexta-feira, 6 de março de 2015

SINGULAR E PLURAL


“Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.”
(Clarice Lispector – escritora)



Feminino é mais, muito mais que um “adjetivo oposto a masculino”. Vai além de ser um substantivo masculino e um gênero. Feminino é singular e plural, é múltiplo.
Múltiplo, por definição de Silveira Bueno, no Minidicionário da Língua Portuguesa, “abrange muitas coisas; que não é simples nem único; diz-se de um número que contém outro duas ou mais vezes exatamente”. Nunca vi definição mais poética num dicionário. Talvez haja outras. Ou talvez seja o olhar de hoje, feminino, singular, plural, múltiplo – que faz ver além da semântica.
Mulheres são assim, além do significado. Se não forem, podem ser ainda meninas – e a fase de maturação, independe da idade.


Mulheres são multiplicadoras – de vida, ideias, sonhos e amores. São realizadoras, vibrantes. Se não forem, podem estar afastadas de si mesmas. Mas que o afastamento, se inevitável, seja breve. Senão, ofusca a essência. O essencial é o indispensável. Assim como a palavra o é para a poesia, em verso ou prosa. Com ou sem rima.
Mulheres são essenciais, poéticas e muito modernas – da Idade da Pedra, ao século XXI. De diferentes estilos, cores e formas. De amores possíveis e impossíveis.


A força feminina é percebida em todos os aspectos da vida, na família, no trabalho – remunerado ou voluntário. É força provocadora e conciliadora. Motivadora e tranquilizadora. Explícita e sutil.
Mulheres são como caleidoscópios – multiformes, multicoloridas, multicelulares.

















Edição n.º 977 - página 07



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