sexta-feira, 13 de março de 2015

Democracia: vigiar para manter!



É preciso que nunca percamos de vista o valor da democracia. É preciso que estejamos sempre prontos para defender as instituições porque, sem estas, não há democracia.

A palavra democracia tem origem no grego demokratía. Demos (que significa povo) e kratos (que significa poder). É um regime de governo em que todas as importantes decisões políticas estão com o povo, que elegem seus representantes por meio do voto. É um regime perfeito? Não! Mas, por certo, ainda é o melhor que se conhece pelo fato de, em última análise, ser um governo do povo, pelo povo e para o povo e não para os governantes. É um governo para servir o povo e não para que dele os governantes se sirvam como melhor lhes aprouver.

Há trinta anos o Brasil viu iniciar uma nova fase em sua história, com a "Nova República". A eleição de Tancredo Neves, pelo colégio eleitoral, colocou fim a 21 anos de ditadura militar. Com a instalação da Assembleia Nacional Constituinte, deu-se a promulgação em 1988 da nossa atual Carta Magna. Muitos festejaram a consolidação das instituições democráticas, o surgimento dos novos partidos, dentre eles o PMDB, o PT, o PSDB e tantos outros. E também o surgimento das ONGs, a participação ativa da sociedade civil, dos movimentos organizados das entidades. Foi assim que o país vivenciou a primeira eleição direta para presidente, em 1989, elegendo Fernando Collor de Mello, que sofreu o primeiro impeachment da história, em 1992, numa demonstração de amadurecimento das instituições democráticas, numa democracia que ia se tornando cada vez mais fortalecida, com imprensa livre, e mais vigorosa ainda quando o Brasil encontrou a estabilidade econômica com o Plano Real, em 1994.


Com os anos do presidente Fernando Henrique Cardoso esta estabilidade se firmou, não apenas no campo econômico, mas social e político, o que fez com que fosse o primeiro presidente reeleito democraticamente e entregasse o país ao sucessor, na normalidade democrática. Lula, o presidente que sucedeu a FHC, optou por um programa social assistencialista, de combate à fome, com o objetivo de ampliar a inclusão social, apesar de ser sacudido pelo maior escândalo da história: o mensalão. Mesmo assim, nada abalou a confiança dos brasileiros na democracia. Mas somente no governo Dilma, quando concretamente a crise econômica começou a comprometer as bases do Plano Real (e também o escândalo do petrolão), é que começaram os questionamentos que chegam hoje, num começo de segundo mandato de Dilma Rousseff, com insatisfações que espocam por todo lado.



De qualquer forma, o desafio agora é manter a normalidade democrática, na busca das soluções políticas e econômicas, daí a necessidade urgente da reforma política, como já tive a oportunidade de comentar nesta mesma coluna, visto que as desigualdades políticas decorrem das falhas do sistema eleitoral, produzidas por um modelo de financiamento de campanhas que distorce e corrompe o processo democrático e exclui parcela significativa da sociedade do processo de representação.

O certo é que para manter o Estado democrático e de direito todos têm que estar vigilantes. As ruas estão se manifestando. Essas coisas a gente sabe como começam. Como terminam ninguém sabe. O Governo ainda não entendeu esta nova fase da política brasileira. É hora de acordar e participar para que a democracia não morra e as instituições permaneçam e, sobretudo, íntegras! Depende só de nós!...

 







Edição n.º 978 - página 08

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