sexta-feira, 27 de março de 2015

Arte de governar e “malasartes”



"A arte de governar consiste exclusivamente na arte de ser honesto." (Thomas Jefferson, 1743/1826, terceiro presidente dos Estados Unidos)


A colunista Miriam Leitão escreveu em O GLOBO  (22/03) que “a presidente Dilma tenta falar mais, para mudar a comunicação, mas parece exasperada em cada entrevista improvisada que tem dado ultimamente. Fala em diálogo e ataca os que quer atrair para o diálogo. É criticada pelos seus e pelos outros. Notícias de brigas entre criatura e criador ocupam as páginas dos jornais, claramente vazadas pelo criador, que assim se distancia de tão atrapalhada criatura.”
Já Arnaldo Jabor, no seu peculiar modo agressivo, argumenta em O Estado de S.Paulo (24/03, C8) que “a crise nos ensinou que a corrupção de hoje não é um pecado contra a lei de Deus – é um sistema, uma ferramenta de trabalho. A crise nos mostra que não há mais inocentes em Brasília – todos são cúmplices. A crise está abrindo nossos olhos. Ouso dizer que, por vielas escuras e mal frequentadas, a crise é útil porque nos dá uma porrada na cara para deixarmos de ser bestas”.

     
Pedro Malasartes é figura tradicional nos contos populares da Península Ibérica, e a menção mais antiga do personagem está numa cantiga datada do século XIII. Ele é tido como exemplo de trapaceiro invencível, astucioso, cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos.


Se a arte de governar consiste na arte de ser honesto, as “malasartes” descaradas, cínicas, sem escrúpulos e sem remorsos do lulopetismo se refletem nessas fotos da presidente que apareceram no Estadão: 1. na de Dida Sampaio (10/02, capa), em que ela tem o semblante carregado de exasperação; e 2. na de Fabio Motta (24/03, A4), em que transparece todo o seu isolamento acabrunhado.


Como afirma Luiz Felipe Pondé (Folha de S.Paulo, 23/03): “Temos que reconhecer: chegamos ao fim de uma era. O PT vive seu outono. Melhor voltar para o pátio da fábrica onde nasceu e de onde nunca deveria ter saído. Há que se ter uma certa grandeza, mesmo no pecado (o desejo de poder é o pecado máximo de toda a política), e o PT se revelou incapaz até de pecar com elegância. Mas a água passa debaixo da ponte. Quatro anos é tempo bastante para se afogar na vergonha. E, aí, a humildade será mesmo essencial, não? Sim, mas o PT é pura empáfia.”
Será que essa situação inesgotável de expedientes e de enganos continuará inalterável por mais três anos e nove meses?
Ricardo Noblat (O GLOBO, 22/03) afirma que “cobrar nas ruas a saída de Dilma não é crime. Nem configura golpe, como diz o PT. Apenas não derrubará necessariamente a presidente. Melhor infernizar a vida dela, fazendo-a pagar caro pelos erros que cometeu - entre eles o de mentir para se reeleger”.
É remédio amargo tanto para ela, no planalto, como para os brasileiros das planícies: já estamos pagando caro demais, nós e eles (para usar esta dicotomia tão cara ao lulopetismo)...














Edição n.º 980 – página 01

Nenhum comentário:

Postar um comentário