“Com a
economia parada, o Congresso em pé de guerra e manifestações convocadas contra e a favor da presidente Dilma
Rousseff, o Brasil assiste a um jogo de entradas duras e resultado
imprevisível.” (caderno Aliás, Estado de S.Paulo, 15/03, capa)
“Para se sustentarem no poder, Lula e
Dilma foram fartamente beneficiados pelo mensalão e pelo petrolão, esquemas
montados e operados em seus governos, com a regência de seus sócios partidários
— esses aos quais Lula e Dilma permaneceram publicamente solidários mesmo com
toda fama, com toda grana, com toda lama. A gente vai levando, e o Brasil,
esbofeteando o óbvio, resolveu aceitar que a presidente e o ex não sabiam de
nada. Aí vem o doleiro do petrolão, sob os juramentos da delação premiada,
informar: “Sim, eles sabiam de tudo”. O que está faltando? O que mais precisa
acontecer para que o país exija a investigação direta desses governantes que
presidiram a “institucionalização” do roubo?”, se pergunta Guilherme Fiusa (O GLOBO 14/03).
O desejável é que "os envolvidos
no escândalo da Petrobras — todos, enfim, que urdiram e deram aval à trama
criminosa — brevemente estejam enfrentando as consequências de seus atos. Um a
um, eles vão aparecendo. Sua identificação é fácil: no histórico da corrupção e
dos desmandos administrativos que ameaçam o futuro da Petrobras ficaram,
indeléveis, as impressões digitais do lulopetismo”, diz o Editorial de O Estado de S.Paulo (06/02, A3).
Na música do Luiz Ayrão, a “Bola Dividida”
tem outro sentido: “Será que essa gente
percebeu, que essa morena desse amigo meu / Tá me dando bola tão descontraída,
só que eu não vou em bola dividida / Pois se eu ganho a moça eu tenho o meu
castigo / Se ela faz com ele, vai fazer comigo...” Aqui, a bola dividida é o amor de uma morena.
No campo de futebol,
a bola dividida é a própria.
Mas na metafórica
bola dividida da situação política institucional destes dias que correm (há
mais de 12 anos), ela pode ser ilustrada pelas cabeçadas que dão entre si a
presidente, os 39 ministros (os que aparecem e os que ninguém vê ou ouve), o
Congresso e as passeatas a favor e contra tudo isso que está aí.
No entanto, o criador e mentor do poste eleito permanece quedo e mudo. Mas, “se Dilma tem culpa pela bagunça na economia, Lula tem responsabilidade
por tê-la colocado na Presidência e pela herança de mensalões e petrolões. No
mínimo, as responsabilidades têm de ser divididas, porque nada disso teria
acontecido e perto de dois milhões de pessoas não teriam saído do aconchego do
seu lar para despejar irritação nas ruas se não fosse por Lula. Mas ele sabe
como ninguém tanto se beneficiar das grandes ondas a favor quanto se preservar
nas horas de adversidade, como agora. Lula não entra em bola dividida, só vai
na boa”, escreve Eliane Cantanhêde (O Estado
de S.Paulo, 18/03, A7).
E o atual é jogo de entradas duras e resultado
imprevisível, feito com a delicadeza e o jeitinho proverbial de elefantes
guiados por “condutores” de intenções inescrupulosas. que não entenderam a fala
do povo: “que Dilma já não merece sua confiança; que não quer mais,
encastelada no governo, uma quadrilha que assalta sistematicamente a Fazenda
Pública; que não mais tolera uma administração que não trabalha para
benefício de todos, e sim para a perpetuação de um projeto de poder que
repudia, por antidemocrático e divorciado do interesse nacional; que não quer
sustentar com seu suado trabalho uma oligarquia que se refestela no engodo, na
corrupção e na desmoralização das instituições” (Editorial, O Estado de S.Paulo,
17/03, A3).
Haja paciência para
ir levando essa situação, apesar de toda a má fama, de
toda a grana surrupiada, de toda a lama no planalto!
Edição n.º 979 - página 01
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