sexta-feira, 6 de março de 2015

Deu (pela 3ª vez) na The Economist


O tempora! O mores! (Ó tempos! Ó costumes!)
(Exclamação de Cícero, contra a depravação de seus contemporâneos)

Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), cônsul de Roma, capital do Império Romano, começou assim seu primeiro discurso contra o poderoso da vez, no ano de 63 a.C. (portanto, há mais de 2.000 anos!). Em português de hoje, o questionamento equivaleria a: “Ó tempos! Ó costumes! Até quando, ó dono do poder, abusarás de nossa paciência? Por quanto tempo ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos haverá de precipitar a tua audácia sem freio?”
Cícero era advogado, orador e escritor romano. Para muitos, foi o maior mestre de civismo que o Ocidente conheceu. Dedicava-se a promover o amor à pátria, a decência e o servir à República Romana. Seus discursos entraram para a história como fonte para conhecer as diversas formas de promover a cidadania e o engajamento das pessoas na vida pública.
Hoje, 2.078 anos depois, somos Cíceros tentando entender onde ficaram o respeito, a honestidade, a decência, a probidade, o patriotismo das pessoas que ocupam cargos políticos e alguns setores da sociedade e se aproveitam disso para saquear a nação.
Mas nossa indignação não é maior do que a de Ruy Barbosa (1849 - 1923), que se queixou com a conhecida frase: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Discursos Parlamentares - Obras Completa. Vol. XLI - 1914 - TOMO III - pág. 86/87)
Como escreveu alguém, na internet: “Neste país, manda quem “poste” e “odebrecht” quem tem “juíz(o)”.
Enquanto isso, aqui como alhures, as coisas continuam iguais a como sempre foram, desde a mais remota antiguidade.

               



A The Economist, a mais importante revista internacional de Economia previu que a economia brasileira ia decolar no final da década passada (2009), estampando o Cristo Redentor subindo no ar. Depois, em 2013, admitiu que o país perdia o rumo (com uma imagem do mesmo Cristo voando de forma aleatória, e caindo).


A edição deste mês, pela 3ª vez, cita o Brasil, mas agora apresenta-o como uma alegoria carnavalesca atolada num lamaçal: “O Atoleiro do Brasil” estampa a capa.
Segundo a revista, o país, que é a “estrela” da América Latina, está em sua pior situação desde o início dos anos 1990. ”A economia do Brasil está uma bagunça, com problemas muito maiores do que o governo quer admitir ou investidores parecem perceber. A maior parte dos problemas do país são autoinfligidos, e escapar desse atoleiro seria difícil mesmo com uma liderança política forte. A senhora Rousseff, entretanto, é fraca”, diz a reportagem.
Como sempre, resta esperar que o mau momento seja superado para que o país possa tirar sua imagem do lamaçal em que as atuais crises o estão jogando.













 Edição n.º 977 - página 01

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