“O tempora! O mores! (Ó tempos! Ó costumes!)”
(Exclamação de Cícero, contra a depravação de seus contemporâneos)
Cícero (106 a.C. - 43 a.C.), cônsul
de Roma, capital do Império Romano, começou assim seu primeiro discurso contra
o poderoso da vez, no ano de 63 a.C. (portanto, há mais de 2.000 anos!). Em
português de hoje, o questionamento equivaleria a: “Ó tempos! Ó
costumes! Até quando, ó dono do poder, abusarás de nossa paciência? Por quanto tempo
ainda há de zombar de nós essa tua loucura? A que extremos haverá de precipitar
a tua audácia sem freio?”
Cícero era advogado, orador e
escritor romano. Para muitos, foi o maior mestre de civismo que o Ocidente
conheceu. Dedicava-se a promover o amor à pátria, a decência e o servir à
República Romana. Seus discursos entraram para a história como fonte para
conhecer as diversas formas de promover a cidadania e o engajamento das pessoas
na vida pública.
Hoje, 2.078 anos depois, somos
Cíceros tentando entender onde ficaram o respeito, a honestidade, a decência, a
probidade, o patriotismo das pessoas que ocupam cargos políticos e alguns
setores da sociedade e se aproveitam disso para saquear a nação.
Mas nossa indignação não é maior do
que a de Ruy Barbosa (1849 - 1923), que se queixou com a conhecida frase: “De tanto
ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver
crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser
honesto. (Discursos Parlamentares -
Obras Completa. Vol. XLI - 1914 - TOMO III - pág. 86/87)
Como escreveu alguém, na internet:
“Neste país, manda quem “poste” e “odebrecht” quem tem “juíz(o)”.
Enquanto isso, aqui como alhures, as
coisas continuam iguais a como sempre foram, desde a mais remota antiguidade.
A The
Economist, a mais importante revista internacional de
Economia previu que a economia brasileira ia decolar no final da década passada
(2009), estampando o Cristo Redentor subindo no ar. Depois, em 2013, admitiu
que o país perdia o rumo (com uma imagem do mesmo Cristo voando de forma
aleatória, e caindo).
A edição deste mês, pela 3ª vez, cita
o Brasil, mas agora apresenta-o como uma alegoria carnavalesca atolada num
lamaçal: “O Atoleiro do Brasil” estampa a capa.
Segundo a revista, o país, que é a
“estrela” da América Latina, está em sua pior situação desde o início dos anos
1990. ”A economia do Brasil está uma bagunça, com problemas muito maiores do
que o governo quer admitir ou investidores parecem perceber. A maior parte dos
problemas do país são autoinfligidos, e escapar desse atoleiro seria difícil
mesmo com uma liderança política forte. A senhora Rousseff, entretanto, é
fraca”, diz a reportagem.
Como sempre, resta esperar que o mau
momento seja superado para que o país possa tirar sua imagem do lamaçal em que
as atuais crises o estão jogando.
Edição n.º 977 - página 01
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