O governo federal está
construindo a Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, no Pará, nas
proximidades da cidade de Altamira, a um custo de R$ 30 bilhões. Belo Monte
será a terceira maior hidrelétrica do
mundo.
Apenas para esclarecer: a energia
hidrelétrica é o resultado do aproveitamento do curso dos rios e
seus desníveis, usando a força da água (energia potencial) para movimentar
turbinas que geram energia mecânica, a qual é transmitida, por fios, à
população em forma de energia elétrica.
O Brasil tem hoje, nas
hidrelétricas, sua principal fonte de energia. Quase 95% da energia consumida
no país é gerada por esse tipo de usina, o restante é proveniente de usinas
nucleares e termelétricas. Com seus grandes rios, o país possui o terceiro
maior potencial hidráulico do planeta, ficando atrás somente de países
como China e Rússia.
Apesar do alto custo para a
instalação de uma usina hidrelétrica, há uma inegável vantagem: o preço do seu
combustível — a água — é zero. É uma fonte de energia renovável e não emite
poluentes, contribuindo assim na luta contra o aquecimento global. E para um
país como o Brasil, cortado por imensos rios, torna-se uma fonte de energia
vantajosa e altamente sustentável.
Mas apesar de ser uma fonte
renovável e não emitir poluentes, as hidrelétricas causam grande impacto
ambiental e social. Para a instalação desse tipo de usina e construção de
barragens, que refreiam o curso dos rios, é necessário o alagamento de grandes
áreas. Essa prática acaba acarretando problemas à fauna e flora local, como a
destruição da vegetação natural, o assoreamento do leito dos rios, o desmoronamento
de barreiras, a extinção de certas espécies de peixes, tornando o ambiente
propício à transmissão de doenças como malária e esquistossomose.
Os impactos sociais também
são visíveis com o deslocamento das populações ribeirinhas e indígenas,
algumas que viviam na região há muitos anos, e são obrigadas a mudar-se por
causa do alagamento para a construção dos lagos artificiais. E por serem
geralmente construídas distante dos centros de consumo, o processo de
transmissão de energia, que se dá por fios, acaba tornando-se mais caro. Quando
o nível pluviométrico torna-se menor que o esperado, as hidrelétricas ficam com
níveis de água abaixo do requisitado para a produção de energia normal e a
geração de energia é transferida para outros tipos de usinas como as
termelétricas e nucleares, encarecendo a conta do consumidor.
A maior vantagem de uma hidrelétrica
é óbvia: mais eletricidade. Sem energia, o país não cresce. E se o país não
cresce você tende a perder o emprego. Belo Monte, por esse ponto de vista, é
uma necessidade. Mas para alguns é uma atrocidade, já que seu reservatório vai
alagar uma área na Amazônia equivalente a 1/3 da cidade de São Paulo, entre
outros desequilíbrios ambientais. O lago da usina receberá água drenada de
outras regiões do rio Xingu para que haja volume suficiente no reservatório.
Essa água chegará por meio de um canal com 130 m de espessura e 20 km de
extensão. Para a construção do canal, serão removidos 100 milhões de metros
cúbicos de floresta, que encheriam 40 mil piscinas olímpicas. Com o canal
drenando água, a área do Xingu próxima ao lago terá sua vazão reduzida. São 100
km de rio que, segundo especialistas, podem até secar. Isso pode destruir o
modo de vida dos índios que habitam a região e vivem da pesca. 100 km do rio
Xingu terão a vazão reduzida. Por essas, Sting e o cacique Raoni já atacavam
Belo Monte em 1989. Na época, a proposta de aproveitar as águas do rio Xingu
para gerar energia já era antiga: começou em 1975, no governo Geisel. Em 2011,
as obras começaram. E os protestos aumentaram.
O Movimento Gota D’Água
(www.movimentogotadagua.com.br), em que atores defendem o fim das obras no YouTube,
principalmente pelo fato de que a usina vai operar somente com 1/3 da sua
capacidade, uma vez que durante oito meses do ano a região praticamente seca, é
só o mais recente e o mais dramático protesto, denunciando uma relação
custo-benefício muito, muito alta. Um custo muito alto para pouco benefício. O
apelo é substituir a usina por fontes de energia eólica e solar, alternativas
limpas e autossustentáveis e que não destruirão o Parque Nacional do Xingu e
todo o seu ecossistema.
Pense nisso. Discuta.
Participe. Se você não concordar, proteste. Faça a diferença. Ainda dá tempo.
Afinal de contas, nós somos o Brasil!
Edição n.º 974 - página 08
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