sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Belo Monte é uma boa?



O governo federal está construindo a Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, no Pará, nas proximidades da cidade de Altamira, a um custo de R$ 30 bilhões. Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo.
Apenas para esclarecer: a energia hidrelétrica é o resultado do aproveitamento do curso dos rios e seus desníveis, usando a força da água (energia potencial) para movimentar turbinas que geram energia mecânica, a qual é transmitida, por fios, à população em forma de energia elétrica.
O Brasil tem hoje, nas hidrelétricas, sua principal fonte de energia. Quase 95% da energia consumida no país é gerada por esse tipo de usina, o restante é proveniente de usinas nucleares e termelétricas. Com seus grandes rios, o país possui o terceiro maior potencial hidráulico do planeta, ficando atrás somente de países como China e Rússia.
Apesar do alto custo para a instalação de uma usina hidrelétrica, há uma inegável vantagem: o preço do seu combustível — a água — é zero. É uma fonte de energia renovável e não emite poluentes, contribuindo assim na luta contra o aquecimento global. E para um país como o Brasil, cortado por imensos rios, torna-se uma fonte de energia vantajosa e altamente sustentável.
Mas apesar de ser uma fonte renovável e não emitir poluentes, as hidrelétricas causam grande impacto ambiental e social. Para a instalação desse tipo de usina e construção de barragens, que refreiam o curso dos rios, é necessário o alagamento de grandes áreas. Essa prática acaba acarretando problemas à fauna e flora local, como a destruição da vegetação natural, o assoreamento do leito dos rios, o desmoronamento de barreiras, a extinção de certas espécies de peixes, tornando o ambiente propício à transmissão de doenças como malária e esquistossomose.
Os impactos sociais também são visíveis com o deslocamento das populações ribeirinhas e indígenas, algumas que viviam na região há muitos anos, e são obrigadas a mudar-se por causa do alagamento para a construção dos lagos artificiais. E por serem geralmente construídas distante dos centros de consumo, o processo de transmissão de energia, que se dá por fios, acaba tornando-se mais caro. Quando o nível pluviométrico torna-se menor que o esperado, as hidrelétricas ficam com níveis de água abaixo do requisitado para a produção de energia normal e a geração de energia é transferida para outros tipos de usinas como as termelétricas e nucleares, encarecendo a conta do consumidor.
A maior vantagem de uma hidrelétrica é óbvia: mais eletricidade. Sem energia, o país não cresce. E se o país não cresce você tende a perder o emprego. Belo Monte, por esse ponto de vista, é uma necessidade. Mas para alguns é uma atrocidade, já que seu reservatório vai alagar uma área na Amazônia equivalente a 1/3 da cidade de São Paulo, entre outros desequilíbrios ambientais. O lago da usina receberá água drenada de outras regiões do rio Xingu para que haja volume suficiente no reservatório. Essa água chegará por meio de um canal com 130 m de espessura e 20 km de extensão. Para a construção do canal, serão removidos 100 milhões de metros cúbicos de floresta, que encheriam 40 mil piscinas olímpicas. Com o canal drenando água, a área do Xingu próxima ao lago terá sua vazão reduzida. São 100 km de rio que, segundo especialistas, podem até secar. Isso pode destruir o modo de vida dos índios que habitam a região e vivem da pesca. 100 km do rio Xingu terão a vazão reduzida. Por essas, Sting e o cacique Raoni já atacavam Belo Monte em 1989. Na época, a proposta de aproveitar as águas do rio Xingu para gerar energia já era antiga: começou em 1975, no governo Geisel. Em 2011, as obras começaram. E os protestos aumentaram.
O Movimento Gota D’Água (www.movimentogotadagua.com.br), em que atores defendem o fim das obras no YouTube, principalmente pelo fato de que a usina vai operar somente com 1/3 da sua capacidade, uma vez que durante oito meses do ano a região praticamente seca, é só o mais recente e o mais dramático protesto, denunciando uma relação custo-benefício muito, muito alta. Um custo muito alto para pouco benefício. O apelo é substituir a usina por fontes de energia eólica e solar, alternativas limpas e autossustentáveis e que não destruirão o Parque Nacional do Xingu e todo o seu ecossistema.
Pense nisso. Discuta. Participe. Se você não concordar, proteste. Faça a diferença. Ainda dá tempo. Afinal de contas, nós somos o Brasil!


 







Edição n.º 974 - página 08


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