sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Comentários de antes do carnaval chegar


O ano político costuma começar só depois do Carnaval, mas até isso mudou: 2015 começou seco, quente e antes da hora em Brasília, com a presidente Dilma Rousseff sambando no Planalto, o PT desafinando no Congresso e os dois derrapando na avenida. A sequência de derrotas do Planalto e do PT é impressionante pela quantidade e pela rapidez. Dilma e seu partido não conseguem passar um único dia sem levar uma bordoada, seja pelos índices da economia, seja pelo desastre agora literal da Petrobras, seja pela dinâmica do Congresso. E ele precisava ter aprovado o “convite” para os 39 ministros de Dilma irem ao Congresso, um a cada semana, para ajoelhar e rezar? O Executivo vai passar o ano de joelhos diante do Legislativo. Dilma erra uma atrás da outra, o ex-presidente Lula está indócil, o PT perde todas no Congresso.” (Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo, 13/02, A8)



Só para confirmar o descontentamento geral, eis aqui uma colcha de retalhos de textos de diferentes articulistas, saídos em vários órgãos da imprensa escrita na sexta-feira, 13 fevereiro. E, desde então, a cada dia as notícias só fazem piorar.
Não há imagem que  “valha” mais do que essas muitas palavras que testemunham a imensidão do descalabro de fatos delatados; a incompetência e a truculência da presidente para gerenciar tais fatos; e o incontestável comprometimento e/ou omissão do lulopetismo no caso do petrolão.
Em O GLOBO, o articulista Helil Cardozo escreveu que o “O Brasil acreditou na propaganda do PT. Milhares de incautos caíram na pegadinha do ex-presidente Lula, o melhor vendedor de ilusões que a história recente já produziu. Nove anos depois do anúncio de que Itaboraí seria a terra prometida, escolhida para sediar o Comperj, maior polo petroquímico do país, assistimos estarrecidos ao sonho virar pesadelo.”
No mesmo jornal O GLOBO, outro articulista, Rogério Furquim Werneck, reflete que “de desastre em desastre, a presidente Dilma se vê com espaço de manobra cada vez mais restrito. O que agora se noticia é que, alarmada com a rápida queda de sua popularidade e com a extensão da deterioração de sua imagem, Dilma estaria convencida de que precisa se reaproximar de seu marqueteiro. Uma reação redondamente equivocada. Passar a entremear consultas ao espelho com sessões de ilusionismo não é exatamente o tipo de arejamento de que a presidente precisa.”
Na Folha de S.Paulo, Reinaldo Azevedo reconheceu: “valentias de moribundo são um espetáculo melancólico. O PT era uma neurose. Agora é só uma necrose moral. Para surpresa de ninguém, está na praça a tese do suposto confronto entre "conservadores e progressistas", entre "golpistas e legalistas", entre "nós e eles".
Em O Estado de S.Paulo, Fernando Gabeira considerou: “escolheram mais um suspeito de sempre. Essa frase, de um jornalista americano, sobre o novo presidente da Petrobras é precisa. Certamente não se referia à trajetória pessoal de Aldemir Bendine. Ele ignora que o banqueiro guarda dinheiro no colchão ou que fez um empréstimo generoso à socialite Val Marchiori. Creio que queria apenas dizer que o governo arruinou a Petrobras e dificilmente encontrará alguém, dentro dos seus quadros, capaz de reconstruí-la. O grande adversário do PT é sua própria visão de mundo. O partido considera manobra golpista a enxurrada de dados sobre corrupção na Petrobras e outros órgãos do governo. Por exemplo, um ex-gerente, em delação premiada, disse que o PT recebeu mais ou menos US$ 200 milhões em propinas, na área de abastecimento. O partido nega. O empresário de Santa Catarina que tinha 500 relógios num cofre tem lá sua lógica. O tempo está contra a quadrilha, é preciso detê-lo de qualquer forma”.
O editorial do Estadão também é contundente: “A contraofensiva petista está armada para tentar impedir que as investigações da Operação Lava Jato devastem o partido. Resta saber se haverá dedos suficientes para tapar todos os buracos que não param de surgir no imenso dique que ainda retém o mar de lama.”
E um último retalho para finalizar a colcha é do Elio Gaspari, saiu na Folha de S.Paulo e não é do dia 13, como as outras, mas de 15 de fevereiro: “Com 39 ministros ao alcance de um telefonema, Dilma foi a São Paulo conversar com Lula, buscando os conselhos de Nosso Guia. Sabe-se lá o que Lula teve a oferecer, mas em menos de dois meses a doutora ficou na avenida com um desfile caótico. Seu enredo, anunciado durante a campanha eleitoral, está vencido e algumas de suas alas desfilam com as fantasias da escola de Aécio Neves. Seu samba, com dois puxadores — Joaquim Levy na Fazenda e o PT no Planalto — está atravessado. Isso tudo e mais uma arquibancada cética”.
E agora, que o carnaval já passou? O que será?












Edição n.º 975 - página 01

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