A
Câmara dos Deputados derrubou na terça-feira, dia 25, no plenário, por 430
votos a nove (e duas abstenções), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que
impedia o Ministério Público (MP) de promover investigações criminais por conta
própria. Por essa proposta de alteração na Constituição, promotores e
procuradores não poderiam mais executar diligências e investigações por conta própria
— apenas solicitar ações no curso do inquérito policial e supervisionar a
atuação da polícia. O texto da PEC, de número 37, também chamada “PEC da Legalidade”,
de um lado e, paradoxalmente, “PEC da Impunidade”, de outro, previa competência
exclusiva da polícia nessas apurações. Com a decisão da Câmara, a proposta será
arquivada.
A
votação foi acompanhada por promotores, procuradores e policiais, que ocupavam
cadeiras na galeria do plenário da Câmara. Conduzidos pelo líder do PSDB, Carlos
Sampaio (SP), promotor de Justiça licenciado, parlamentares tucanos
ergueram cartazes no plenário contra a PEC 37. As cartolinas estampavam “Eu sou
contra a PEC 37. Porque não devo e não tenho medo da investigação. A quem
interessa calar o MP?”, indagava o manifesto.
A
rejeição da PEC 37 era uma das reivindicações dos protestos de rua que se
espalharam em todo o país e que, segundo o promotor de justiça Hevandro Cerutti,
teve na sociedade de Roraima, o seu apoio inicial, visto que os roraimenses inseriram
a campanha contra a PEC 37 nos movimentos sociais nas ruas e nas redes sociais.
De
efeito prático, com o arquivamento feito pelos deputados, fica mantido o poder
de investigação do Ministério Público. Assim, o MP, que foi a única instituição
defendida abertamente pela população nos movimentos populares que ocorreram nos
últimos dias e estão ocasionando essa mudança de rumo no país, continua
mantendo a responsabilidade e a obrigação constitucional que tem de combater a
corrupção.
Com
efeito, coube ao Ministério Público, dentre as inúmeras e corajosas atuações, a
responsabilidade pela apuração do que resultou no chamado “mensalão”.
A
sociedade deu carta branca ao MP para continuar atuando como vem fazendo, nessa
luta contra a corrupção.
O
que me parece importante, agora, é que independentemente do arquivamento da
PEC, haja atuação em conjunto do Ministério Público e das polícias e outros
órgãos públicos, como efetivos parceiros nesse combate.
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