sexta-feira, 7 de junho de 2013

Tenente-coronel e santo


Para quem acredita, na próxima quinta-feira (dia 13) comemora-se o dia de Santo Antonio.
Reis e povo português sempre atribuíram ao frade, nascido em Lisboa, uma gama de conquistas tanto nas batalhas de guerras, como nos perigos de saúde do corpo ou da alma!
Também os apaixonados e solitários acreditam ter, em Santo Antonio, um aliado contra a solidão. Vem daí a designação de “santo casamenteiro”.
Chamado de Santo Antonio de Pádua, é igualmente venerado por italianos, que o têm como filho de Pádua, cidade italiana onde ele morreu. No entanto, o frade nasceu em Lisboa, pertenceu à ordem criada por São Francisco de Assis e morreu com apenas 36 anos de idade.
Em 1470, antes de partir para uma batalha contra os mouros, na África, o rei Dom Afonso V solicitou a benção do santo. Como o rei foi à luta e venceu, mandou construir um convento em sua homenagem.
Duzentos anos depois, o rei Dom Afonso VI, antes de enfrentar uma batalha contra os espanhóis, e para animar os seus soldados, investiu Santo Antonio como soldado do Batalhão Algarve.
Quando Dom João VI chegou ao Rio de Janeiro, por acreditar que devia a saída honrosa da corte portuguesa para o Brasil ao santo, promoveu-o a tenente-coronel, já que este o ajudara a livrar-se das tropas de Napoleão. Essa, aliás, foi outra vitória atribuída às bênçãos de Santo Antonio: a vinda da família real para o Brasil.
Entretanto, o povo português, divergindo da propaganda oficial, pensou Santo Antonio com outra versão, dando-lhe os títulos de Protetor de Lisboa e Anjo da Guarda de leitores, marujos e moças casamenteiras.
É sabido que os artesãos contribuíram muito para a propagação popular da fama de Santo Antonio, no início do século XX, com seus trabalhos de arte popular, muito embora esse movimento artesanal já se notasse desde o século XVIII, no requinte do barroco em prata e cerâmica.
Tanto em Portugal como no Brasil, é comum que as moças solteiras não atendidas em sua pretensão casamenteira torturem a imagem do santo, afogando-a, de cabeça para baixo, e propondo uma troca: um namorado pela suspensão da tortura!
Foi no século XVI que surgiu a graciosa figura de Santo Antonio e sua intimidade de vidente. Foi Frei Carlos, um frade franciscano de origem holandesa, que pintou Santo Antonio contemplando as traquinagens do menino Jesus desarrumando os seus livros. Tal imagem mostra um Santo Antonio desprovido do gesto guerreiro, ou de nobreza, ou de sabedoria, e o aproxima da graça e da presença divina, no relacionamento com Jesus menino.
Texto
Tom Santos
Gordo, baixinho e feioso, parecido com Frei Damião, tinha uma doença rara, que o fazia portador de uma cabeça hipertrofiada. Ainda assim, o frade franciscano Antonio de Pádua foi orador brilhante, que usou a palavra catequizadora para converter ímpios com seus sermões, sem precisar guerrear, numa época em que, em nome da fé, os cristãos não titubeavam em usar suas espadas para eliminar mouros e judeus.



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