Manifestações
bizarras como as de estudantes vestirem saias em colégios de classe média alta
de São Paulo evidenciam como os grupos promotores da chamada "ideologia de
gênero" estão, aos poucos, cada vez mais ousados em seus propósitos de
subversão de valores. Tais manifestações não são atos espontâneos, mas fazem
parte de uma estratégia de fazer as pessoas ir se acostumando com bizarrices,
para aceitarem mais facilmente as imposições ideológicas de um feminismo que se
insurge com a própria realidade antropológica do ser humano. Para as pessoas
pertencentes a esses grupos, homem e mulher não são distinções naturais, mas
construções culturais.
O
bioeticista (vide nota do autor) argentino Jorge Scala considera esta “a
ideologia mais radical da história”, que “é mais sutil porque não procura se
impor pela força das armas — como por exemplo o marxismo e o nazismo —, mas
utilizando a propaganda para mudar as mentes e os corações dos homens”. É o que
está acontecendo com a imposição via mídia, lenta e gradual, da ideologia de
gênero. Ives Gandra da Silva Martins, prefaciando essa obra de Scala, também
chama a atenção para esse fenômeno da atualidade, ao falar sobre “o gênero como
ferramenta do poder”, destacando “o nível de manipulação a que a sociedade está
submetida por um pequeno grupo de pessoas dispostas a programar posições
minoritárias contra a natureza humana, à luz de distorção de palavras e de ideias”.
Daí o recurso da mídia como instrumento de tal manipulação, meio pelo qual está
sendo difundida esta ideologia.
Ives
Gandra explica ainda que a ideologia de gênero visa uma “desfiguração
conceitual, em instrumento de poder e de fantástica deformação dos valores para
a introdução de novas concepções hodiernas, totalitárias e desumanas, muito
embora à luz de uma falsa defesa da 'liberdade' e de 'direitos humanos'”. Por
isso, vemos a confusão em que nos encontramos, quando os apelos emocionais
recorrem aos direitos humanos para justificarem atentados contra a vida humana,
a exemplo do que acontece com a questão do aborto. Como ressalta Ives Gandra,
“no campo do direito à vida, embora sempre se tenha entendido que o homicídio
uterino é um crime e uma forma de violação do mais fundamental dos direitos
humanos, que é o da vida, que surge na concepção, tal manipulação leva a
acreditar que o superior direito da mãe de utilizar seu corpo para gozo e
prazer irresponsáveis implica no supremo direito de assassinar seus próprios
filhos indefesos, no seu ventre, como se a mãe, e não o filho, merecesse todo o
respeito da sociedade, principalmente quando age irresponsavelmente”.
Ideologia
radical, como afirmou Jorge Scala, porque parte “de um preconceito necessário:
negar a natureza humana e conceber, portanto, cada ser humano como essa massa
informe que deve ser modelada e dotada de sentido mediante um processo
ideológico-político de reengenharia social”. Daí uma ideologia desumana, que
ameaça a dignidade da pessoa humana e poucos percebem as suas sutilezas de
subversão e perversão culturais. Por isso que não há nada de ingenuidade na
bizarrice de adolescentes de classe média alta em querer vestir-se de mulheres
dentro da escola. Faz parte do jogo. Infelizmente os rapazes nem imaginam que
estão sendo utilizados por motivações ideológicas que buscam um novo
totalitarismo.
Nota do autor:
bioeticista é o profissional especializado em bioética. Para melhor
entendimento, exemplifico: um casal se separa deixando vários embriões
congelados em uma clínica de reprodução assistida. Qual dos cônjuges terá
direito a eles? O pai morre em um acidente. O bebê, nascido de um óvulo
fecundado artificialmente pouco antes da morte, será seu herdeiro? O genoma
deve ser patenteado pelo cientista que o decodificou? O consumidor pode se
defender contra alimentos geneticamente modificados? Quem decide a prática da eutanásia?
Até que ponto as pesquisas para novos medicamentos podem envolver seres
humanos? Todas essas são questões ligadas a um ramo do conhecimento que vem
ganhando cada vez mais espaço no mundo acadêmico, científico e empresarial: a bioética — o estudo da ética da vida. O
bioeticista ajuda instituições como hospitais, laboratórios, clínicas, indústrias,
familiares e pacientes a tomarem uma decisão difícil de forma consciente,
esclarecendo todos os seus aspectos éticos. É, em síntese, o facilitador sobre
questões de valor que envolve a vida.
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