“Quando
deixamos nossa luz própria brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas,
permissão para fazer o mesmo.” – Nelson Mandela
Há quase quinze anos,
começou em minha vida um irreversível processo de mudança.
Naquela noite quente e confusa
(ou seria eu?), sentia que algo importante havia acontecido. Entendi. Acabara
de encontrar o que sempre procurara, apesar de, só então, notar que sequer tinha
consciência de que havia uma busca.
Mal podia acompanhar o
turbilhão de emoções que saía e voltava para mim! No ápice daquela noite,
sentia apenas que o grande vazio que me povoara e perturbara desde sempre,
enfim poderia deixar de existir – simples assim! Pela primeira vez em minha
vida, aos trinta e cinco anos, acreditei verdadeiramente que havia esperança. E
isso aconteceu em menos de uma hora. Pois é, milagres existem!
A partir daí, algumas das
melhores coisas da minha vida começaram a acontecer. A partir daí, pude ver,
reconhecer e sentir, inclusive as coisas boas de antes, que por muito tempo
sequer reconheci. Como graça divina, fui constituída e renovada. Um dia de cada
vez.
Um dos conceitos aprendidos
e vivenciados por mim neste novo processo, que se faz novo a cada manhã, se
tornou um dos meus preferidos: “Participação é a chave da harmonia”.
Foi um dos primeiros
conceitos que compreendi e comprovei ser eficaz. Fui aplicando tudo que fui descobrindo
neste processo de autoconhecimento e reformulação, em todas as áreas da minha
vida. Haveria de funcionar. E funcionou! E funciona – porque, definitivamente é
um processo irreversível, contínuo, excitante e arrebatador.
Não supunha que me traria
até aqui, como estou e sou hoje, então não tenho como saber até onde mais posso
ir... Sei que posso, mereço e desejo.
Posso, mas não quero parar.
Posso, mas não vou mais me acomodar – por mais trabalho que isso possa representar.
Graças a esse entendimento,
posso manter minha integridade, mesmo quando as coisas não correm bem, porque
nem tudo dá certo. As crises acontecem e, às vezes, demora muito a passar.
Principalmente nos dias
difíceis, preciso me lembrar de que é vital que me disponha a ser o personagem
principal, na minha própria vida. Não posso mais ser direcionada por impulsos e
desejos imaturos e sem propósito.
É tranquilizador saber que,
se o erro acontecer, existe um caminho de volta. Ter aprendido a ter disposição
para aprender e tirar proveito das crises faz a diferença em minha vida – mesmo
quando meu lado obscuro tenta emergir. Mesmo quando houver crise – e há!
E, porque a participação é
a chave da harmonia, procuro me manter ativa, mesmo quando a vontade é de me
isolar. Mesmo quando tudo parece ruir.
Milagres existem. Alguns, acontecem
simplesmente. Outros, acontecem quando agimos, motivados por anseios e valores
profundos, quando nos comprometemos com nossa própria vida, com nossos
processos individuais e intransferíveis. Quando utilizamos nossos talentos, não
só para benefício próprio, mas como pontes, para interagirmos de forma saudável
e edificante, uns com os outros. Só assim o espaço se abre na vida, para
possibilidades infinitas. E, como tenho entendido e provado, isso se estende a
todos os aspectos da vida:
Relacionamento pessoal e social – se não
conseguir me relacionar bem comigo mesma, posso esquecer a vida administrável e
frutífera em sociedade. Incluo aí família, amigos, colegas de trabalho ou
estudo e até desconhecidos que cruzam meu caminho todos os dias. O efeito
dominó pode ser avassalador, se for mal direcionado.
Desenvolvimento vocacional
e profissional – se não me envolver com minhas próprias coisas, se não me
interessar por meus talentos, sequer consigo reconhecê-los – quem dirá
desenvolvê-los. Será então, quase impossível olhar para o talento que sobra nos
outros e que me falta, desejando honestamente crescer junto, em cooperação,
conciliando diferenças, transformando-as em aliadas para um crescimento
integral.
Qualidade de vida
espiritual – que nada tem a ver com religião, apesar de considerar vital
posicionar-me em relação a princípios e valores. Para mim, Deus é o Criador de
todas as coisas, o único responsável pelas “ressurreições” que acontecem em
minha vida, mas que jamais teriam espaço para existir, sem minhas próprias
atitudes.
Deus pode todas as coisas, mas dotou seres
humanos de livre-arbítrio. Se eu não quiser, nem Ele pode realizar em mim e em
minha vida. Precisei compreender isso, por mais claro que pudesse parecer, para
parar de ser minha pior inimiga, o maior impedimento para que o melhor de Deus
acontecesse. E, para o processo não cessar, preciso “orar e vigiar”, todos os
dias! Senão, qualquer chuva me para.
A humildade e o amor incondicional
pela natureza humana (gostar de gente) – sim, é possível – são requisitos
básicos para que interação e crescimento sejam viáveis. Para que os princípios
prevaleçam sobre as personalidades falíveis. Para que meus olhos possam ver e
não simplesmente olhar. Para que meus ouvidos estejam mais dispostos a ouvir,
julgando o menos possível.
Senão, corro o risco de
viver num reino que desconheço, com pessoas com quem não me importo, num
isolamento doentio e possivelmente mortal, porque fui feita um ser social, como
aprendi nas aulas de Antropologia. Porque é da natureza humana o desejo de pertencer.
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