O
Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o deputado federal Natan Donadon, de
Rondônia, a mais de 13 anos de prisão pelos crimes de peculato e formação de
quadrilha. Ele foi punido sob a acusação de ter desviado R$ 8,4 milhões da
Assembleia de Rondônia por meio de contratos de publicidade fraudulentos. O
político foi expulso do PMDB e estava isolado politicamente.
É
o primeiro caso de um deputado federal preso durante o exercício do mandato
desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Donadon foi encarcerado
desde o dia 28 de junho no presídio da Papuda, em Brasília. Após ser levado à
Vara de Execuções Penais de Brasília, onde se apresentou ao juiz Ademar Silva
de Vasconcelos, Donadon foi comunicado oficialmente do processo de cassação de
seu mandato, aberto pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados, tendo sido informado do prazo para apresentar sua defesa.
Contudo,
o deputado teve o seu mandato de parlamentar mantido pelos seus pares. Dos
deputados que votaram pela manutenção do cargo do já conhecido primeiro
deputado presidiário do país, apenas quatro resolveram obstruir a votação. Os
deputados do PT e sua base de Governo (no passado o partido governista era
paladino da ética na vida pública) votaram em peso a favor de Donadon, numa pantomima
que envergonha ainda mais o Parlamento brasileiro,
Na
penitenciária, o deputado queixou-se da qualidade da comida da Papuda, bem como
da água fria no banho, e espera conseguir de seus advogados os benefícios e os
privilégios que o mandato de deputado lhe reveste, mesmo estando preso. Tem-se
informação também de que sua família ainda não desocupou o imóvel do
parlamentar. Muitos deputados se esconderam atrás do voto secreto para mentir à
população dizendo-lhe que votaram pela cassação e não o fizeram. Com a negativa
repercussão popular foi proposto projeto de Emenda Constitucional (PEC) visando
acabar com a votação secreta para evitar vexames como esse, que representa uma
afronta ao STF e um prenúncio da resistência que a Câmara deverá ter em cassar
o mandato dos quatro deputados condenados no processo do mensalão.
Talvez
a motivação de muitos deputados em serem solidários a Donadon (formando esta
inusitada Bancada da Papuda), resida no receio de alguns deles virem a passar
pelo mesmo constrangimento. Prevaleceu mais uma vez o corporativismo. É
interessante ressaltar ainda que votaram a favor de Donadon, abstendo-se, os
deputados João Paulo Cunha e José Genoíno, ambos condenados pelo Supremo
Tribunal Federal no caso do Mensalão. A propósito, O ministro Marco Aurélio
Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) lembrou que no julgamento do mensalão
o STF determinou a perda dos mandatos dos deputados condenados, mas, como a
nova composição do Supremo, com Roberto Barroso e Teori Zavascki, teve
entendimento diferente, o assunto será, por certo, novamente discutido, como se
constata de recente votação a respeito desse tema, na mais alta corte de
justiça do país.
O
ministro Gilmar Mendes, também do STF, externou seu entendimento no sentido de
que é impossível Donadon ser, ao mesmo tempo, deputado e presidiário. "Se
há uma função que pressupõe liberdade, essa é a do parlamentar. Imaginem os
senhores essa negociação difícil do parlamentar com o carcereiro e nós estamos
gerando esse fenômeno. De novo é uma jabuticaba, aquilo que só existe no
Brasil", afirmou.
É
preciso que a reforma política com regras mais claras e mecanismos mais ágeis
na punição dos abusos cometidos seja urgentemente implementada. Enquanto isso ficamos
quase que reféns de um sistema que parece favorecer os espertos. Mais uma vez
temos que repetir o que não se cansa de dizer Bóris Casoy: "Isso é uma
vergonha!”.
Mais uma vez, tenho que me render à sua sabedoria e maestria para, colocar em palavras, os sentimentos de revolta e impotência que nos domina mas que, nós, pobres mortais, não conseguimos externar de forma tão clara e objetiva quanto meu querido Dr. Vilela.
ResponderExcluirSó gostaria de frisar um ponto, EU TENHO CERTEZA que a motivação de todos deputados, em serem solidários a Donadon, é o medo de que, quando estiverem na mesma situação, (pois com certeza sabem que são merecedores) passem pelo mesmo constrangimento...
Vamos lutar pelo voto aberto!!
"Rosa Maria, ainda uma vez, grato pelo oportuno comentário. Espero, como você disse, ter colocado no texto os sentimentos que me iam pela alma. E vamos engrossar a corrente, lutando pelo voto aberto. Forte abraço. In cuore. Vilela".
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