sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Alegria? Em tempo futuro, talvez...



É incoerente se criar, trabalhar e produzir tendo a sensação de quem está atuando num sertão deserto. Tendo a impressão de que o deserto se alastrou, invadindo repartições, gabinetes, praças e zona rural.

O mais desconcertante é ter a certeza de que os administradores públicos conseguiram apagar dos seus registros mentais os compromissos assumidos.

Apenas veredazinhas de esperança são percebidas quando um ou outro membro da máquina administrativa confessa o descontentamento geral e lamenta a impotência da “união”, em clima de velório cívico.

Sonhar com o “passado de promessas” não é consolo e não resolve o “presente de imobilidade”.

A falta de um programa dinâmico de ação política esmorece o progresso.

Felizmente, o político tem tempo limitado no poder. Seria bom que ele se lembrasse disso: seu mandato sempre chega ao fim.

O que ainda anima a comunidade é que ela tem o poder do voto, e este poder se depura com a lucidez, a experiência e a avaliação crítica atenta dos atos (ou da falta deles) dos políticos eleitos.

Ser esperançoso é não se amofinar com a indiferença dos políticos-múmias, que demonstram acreditar que posto eletivo é sarcófago, onde eles podem ficar instalados indefinidamente.

O descaso deles chega a “esfolar” seus eleitores. Mas esse “esfolar” será como a ação do lapidador de diamantes, que burila a pedra, lhe dá forma e extrai as impurezas, fazendo aparecer sua beleza e seu brilho: o descontentamento do povo poderá se transformar em alegria, em um futuro próximo.

O desgosto dos que colaboraram voluntariamente e dos eleitores esquecidos por certo servirá de “elixir cívico”, capaz de induzi-los a percorrer novos caminhos.

Agora que já sabemos que a pior seca não é a da ausência de água dos desertos, e sim a da falta de compromisso com a palavra empenhada; e que o sertão mais extenso não é o geográfico, mas o dos políticos desinteressados, podemos seguir o exemplo dos pássaros, que voam alto: não somos caranguejos! Vamos sair desse desanimador lodaçal de baixa-estima!

A medida provisória mais à mão talvez seja repensar a nossa maneira de confiar em homens de pensamento político limitado. Eles têm até a voz macia e um sorriso de querubim. Mas, no íntimo, são como estátuas de gesso: só têm aparência, mas carecem de vida e brilho.

Em vez de comemorar a data da Independência do Brasil com os desfiles das escolas valinhenses na Avenida dos Esportes, conforme a tradição cívica que sempre congregou a comunidade com pais e familiares de alunos e professores para revigorar o sentimento de amor à pátria, neste ano, todos terão de se conformar com o espaço particular de cada escola.

Isto, porque a Comissão Organizadora das comemorações de 7 de Setembro, presidida pelo secretário de Cultura e Turismo, juntamente com o secretário da Educação, alega ter muitas dívidas “que inviabilizam esse tipo de investimento”.

Texto
Tom Santos
Lamentável tal justificativa para não promover a festa cívica mais importante do calendário nacional!
















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