sexta-feira, 20 de setembro de 2013

SUGAR CRAFT SP – SHOW DE DELÍCIAS E BELEZA


Foi uma honra representar o NOTÍCIAS de Valinhos em mais um evento que valoriza os profissionais brasileiros, oferecendo-lhes uma grande oportunidade de aprendizado, com os melhores e mais conceituados cake designers do mundo. Assim foi o São Paulo Sugar Craft Show, de 12 a 14 de setembro, no Centro Universitário Senac/ Santo Amaro - SP.
Outra honra foi ter conhecido e entrevistado Chris Hedlund, com a colaboração de Geisa Rotta. Chris é brasileira naturalizada canadense, proprietária e artista da Berliosca Cake Boutique em Vancouver - British Columbia. Começou a fazer bolos para a família e amigos, com nove anos de idade, inspirada pela Madame Berliosca. Mas apenas no final de 2006 percebeu que, para se tornar uma boleira, não era preciso esperar até a aposentadoria. Depois de se mudar para Vancouver, largou uma carreira de mais de 15 anos em Marketing & Eventos e começou a esculpir bolos criativos. Chris é uma boleira autodidata e por isso fica radiante ao receber elogios sobre o sabor de seus bolos, que vem encantando cada vez mais paladares ao redor do mundo.

Notícias de Valinhos - Como surgiu o convite para participar do São Paulo Sugar Craft Show?
Chris Hedlund - Já havia participado como tradutora, nos eventos anteriores, que tinha o nome de MS Trophy. O convite para dar aulas veio após algumas alunas terem visto meu trabalho pela internet e me recomendarem aos organizadores. Já estava escalada para traduzir algumas aulas, mas depois que a idealizadora do evento – Marcela Sanchez, viu meu trabalho, achou que havia um diferencial que valia a pena ser apresentado e oficializou o convite. Considero um marco na minha carreira, pois apesar de ter feito apenas um curso com a Marcela, antes de me mudar para o Canadá, sempre fui fã do seu trabalho.
NV - O que considera ser o principal diferencial em sua técnica, aplicada em bolos esculpidos?
CH - Não sei ao certo se é um diferencial ou se é simplesmente o meu jeito de trabalhar. Não sou boleira de formação – minha formação é Marketing. Considerei importante fazer a transição das experiências anteriores para o mundo dos bolos, até porque não dava para jogar fora tantos anos de experiência pessoal e profissional, só porque estava começando numa área de trabalho diferente.
Sempre gostei de aprender coisas novas, que uma vez aprendidas, ficam comigo para sempre. Por exemplo, quando eu era adolescente, tive uma fase em que gostava de trabalhar com miniaturas, construção de casa de bonecas, proporção, detalhes. Hoje uso tudo isso no meu trabalho com bolos.
Quando criança, um dos meus passatempos prediletos era o jogo dos 7 erros (onde temos que achar os erros entre duas imagens aparentemente iguais). Nada mais que um passatempo, mas hoje o meu cérebro já está treinado para "escanear" um objeto ou uma imagem e transformar em bolo. Quando faço alguma modelagem que não me parece perfeita, faço como no jogo e observo cada pedacinho, a fim de achar o que precisa ser consertado.
Como sempre gostei de artesanato, hoje uso uma mistura de técnicas e dicas aprendidas em confeitaria, marcenaria, desenho, pintura, modelagem, etc. Sempre fui perfeccionista, chata mesmo. Então, o que poderia ser considerado um defeito, é fundamental para o meu trabalho com bolos! Sou extremamente detalhista e acredito que é por isso que meus bolos acabam parecendo tão reais!
NV - Quais as principais novidades (na área alimentícia e de acessórios) que viabilizam e facilitam a fabricação de bolos esculpidos?
CH - Existem inúmeras técnicas para esculpir bolos. Nem sempre o que é bom pra mim, vai ser bom para todo mundo. Por isso, sempre falo nas minhas aulas que o importante é entender o por quê das coisas. Assim, depois de experimentar várias técnicas, utilizar a que mais agrada.
Mas a minha vida mudou, quando comecei a usar a receita de bolo que uso atualmente. É uma receita de bolo amanteigado, até bem comum, que eu só adaptei para o paladar brasileiro. Moro no exterior há apenas 7 anos, então continuo gostando de bolo fofinho e úmido, como os bolos que comi minha vida inteira aqui no Brasil. Devido à forma de preparo diferenciada, esta receita produz bolos que ficam com a estrutura perfeita para serem esculpidos, até mesmo por iniciantes. E foi essa a minha proposta nas aulas do Sugar Craft Show – ensinar a receita e focar na estrutura de construção dos bolos.
NV - Para os “boleiros” profissionais – se é assim que devemos chamá-los, um evento como o Sugar Craft atende às expectativas, em relação à divulgação do trabalho que executam, network e aprendizado? Quais os pontos que positivos que você gostaria de destacar acerca do evento? Quais os aspectos que podem ser melhorados para a próxima edição?
CH - Apesar de saber que aqui no Brasil os profissionais como eu são chamados “cake designers”, eu sempre me refiro a mim como “boleira”. Várias vezes me disseram que meu trabalho é mais do que ser boleira, em referência à parte artística, diferente daquela boleira que faz bolos convencionais. Mas pra mim é uma forma de estar sempre perto das minhas origens. Até porque penso que, se fosse pra fazer essa diferenciação, aqui deveríamos ser “designers de bolos”, não é mesmo? Mas tenho o maior carinho em ser chamada de boleira.
Hoje em dia, com o acesso à internet e uso de redes sociais, o acesso à informação está cada vez maior. Ninguém mais precisa sair de casa para ter acesso às novidades. Mas nada substitui o aprendizado em sala de aula. E como talvez, para o profissional brasileiro ainda exista um pouco a barreira do idioma e com certeza a barreira financeira, para viajar e ter aulas (ou mesmo para a compra de ferramentas), o Sugar Craft Show é uma oportunidade única de aprendizado. São profissionais da melhor qualidade, apresentando as últimas tendências, em português (mesmo que através de tradutores), com preços em Real. Ótima oportunidade para todos de fazer network, assim como foi para mim, que acabei conhecendo pessoalmente muitas pessoas que só conhecia virtualmente.
Os organizadores do evento tiveram uma preocupação muito grande com os profissionais que vieram de fora. Tive à disposição o que foi necessário, tanto em termos de ingredientes, como de ferramentas e instalações. Com destaque especial para as voluntárias, que me ajudaram em tudo.
Claro que num evento desse tamanho, algumas coisas às vezes não dão certo conforme o planejado, mas como esta foi minha primeira vez ensinando no Brasil, penso que as dificuldades foram mínimas.
NV - Gostaria de deixar alguma mensagem àqueles que já trabalham na área e aos que pretendem trabalhar?
CH - Gostaria que os profissionais brasileiros acreditassem mais no seu potencial e valorizassem o seu trabalho. Os trabalhos expostos no evento eram da maior qualidade, então nada de achar que “a grama do vizinho é mais verde”!

Como descrever Chris Hedlund? Uma brasileira/ canadense, talentosa, competente e objetiva, sem deixar de ser divertida, brincalhona e muito atenciosa. Enfim, alguém radiante por fazer o que ama! Refletiu bem o espírito do Sugar Craft em sua aula, que tem tudo a ver com talento e celebração! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário