Foi
uma honra representar o NOTÍCIAS de Valinhos em mais um evento que valoriza os
profissionais brasileiros, oferecendo-lhes uma grande oportunidade de
aprendizado, com os melhores e mais conceituados cake designers do mundo. Assim
foi o São Paulo Sugar Craft Show, de 12 a 14 de setembro, no Centro
Universitário Senac/ Santo Amaro - SP.
Outra
honra foi ter conhecido e entrevistado Chris Hedlund, com a colaboração de
Geisa Rotta. Chris é brasileira naturalizada canadense, proprietária e artista
da Berliosca Cake Boutique em Vancouver - British Columbia. Começou a fazer
bolos para a família e amigos, com nove anos de idade, inspirada pela Madame
Berliosca. Mas apenas no final de 2006 percebeu que, para se tornar uma
boleira, não era preciso esperar até a aposentadoria. Depois de se mudar para
Vancouver, largou uma carreira de mais de 15 anos em Marketing & Eventos e
começou a esculpir bolos criativos. Chris é uma boleira autodidata e por isso
fica radiante ao receber elogios sobre o sabor de seus bolos, que vem
encantando cada vez mais paladares ao redor do mundo.
Notícias de Valinhos -
Como surgiu o convite para participar do São Paulo Sugar Craft Show?
Chris Hedlund -
Já havia participado como tradutora, nos eventos anteriores, que tinha o nome
de MS Trophy. O convite para dar aulas veio após algumas alunas terem visto meu
trabalho pela internet e me recomendarem aos organizadores. Já estava escalada
para traduzir algumas aulas, mas depois que a idealizadora do evento – Marcela
Sanchez, viu meu trabalho, achou que havia um diferencial que valia a pena ser
apresentado e oficializou o convite. Considero um marco na minha carreira, pois
apesar de ter feito apenas um curso com a Marcela, antes de me mudar para o
Canadá, sempre fui fã do seu trabalho.
NV - O que considera ser
o principal diferencial em sua técnica, aplicada em bolos esculpidos?
CH - Não sei ao certo
se é um diferencial ou se é simplesmente o meu jeito de trabalhar. Não sou
boleira de formação – minha formação é Marketing. Considerei importante fazer a
transição das experiências anteriores para o mundo dos bolos, até porque não
dava para jogar fora tantos anos de experiência pessoal e profissional, só porque
estava começando numa área de trabalho diferente.
Sempre
gostei de aprender coisas novas, que uma vez aprendidas, ficam comigo para
sempre. Por exemplo, quando eu era adolescente, tive uma fase em que gostava de
trabalhar com miniaturas, construção de casa de bonecas, proporção, detalhes. Hoje
uso tudo isso no meu trabalho com bolos.
Quando
criança, um dos meus passatempos prediletos era o jogo dos 7 erros (onde temos
que achar os erros entre duas imagens aparentemente iguais). Nada mais que um
passatempo, mas hoje o meu cérebro já está treinado para "escanear"
um objeto ou uma imagem e transformar em bolo. Quando faço alguma modelagem que
não me parece perfeita, faço como no jogo e observo cada pedacinho, a fim de
achar o que precisa ser consertado.
Como
sempre gostei de artesanato, hoje uso uma mistura de técnicas e dicas
aprendidas em confeitaria, marcenaria, desenho, pintura, modelagem, etc. Sempre
fui perfeccionista, chata mesmo. Então, o que poderia ser considerado um
defeito, é fundamental para o meu trabalho com bolos! Sou extremamente
detalhista e acredito que é por isso que meus bolos acabam parecendo tão reais!
NV - Quais as
principais novidades (na área alimentícia e de acessórios) que viabilizam e
facilitam a fabricação de bolos esculpidos?
CH - Existem inúmeras
técnicas para esculpir bolos. Nem sempre o que é bom pra mim, vai ser bom para
todo mundo. Por isso, sempre falo nas minhas aulas que o importante é entender
o por quê das coisas. Assim, depois de experimentar várias técnicas, utilizar a
que mais agrada.
Mas
a minha vida mudou, quando comecei a usar a receita de bolo que uso atualmente.
É uma receita de bolo amanteigado, até bem comum, que eu só adaptei para o
paladar brasileiro. Moro no exterior há apenas 7 anos, então continuo gostando
de bolo fofinho e úmido, como os bolos que comi minha vida inteira aqui no
Brasil. Devido à forma de preparo diferenciada, esta receita produz bolos que
ficam com a estrutura perfeita para serem esculpidos, até mesmo por iniciantes.
E foi essa a minha proposta nas aulas do Sugar Craft Show – ensinar a receita e
focar na estrutura de construção dos bolos.
NV - Para os
“boleiros” profissionais – se é assim que devemos chamá-los, um evento como o
Sugar Craft atende às expectativas, em relação à divulgação do trabalho que
executam, network e aprendizado? Quais os pontos que positivos que você
gostaria de destacar acerca do evento? Quais os aspectos que podem ser
melhorados para a próxima edição?
CH - Apesar de saber
que aqui no Brasil os profissionais como eu são chamados “cake designers”, eu
sempre me refiro a mim como “boleira”. Várias vezes me disseram que meu
trabalho é mais do que ser boleira, em referência à parte artística, diferente
daquela boleira que faz bolos convencionais. Mas pra mim é uma forma de estar
sempre perto das minhas origens. Até porque penso que, se fosse pra fazer essa
diferenciação, aqui deveríamos ser “designers de bolos”, não é mesmo? Mas tenho
o maior carinho em ser chamada de boleira.
Hoje
em dia, com o acesso à internet e uso de redes sociais, o acesso à informação
está cada vez maior. Ninguém mais precisa sair de casa para ter acesso às
novidades. Mas nada substitui o aprendizado em sala de aula. E como talvez,
para o profissional brasileiro ainda exista um pouco a barreira do idioma e com
certeza a barreira financeira, para viajar e ter aulas (ou mesmo para a compra
de ferramentas), o Sugar Craft Show é uma oportunidade única de aprendizado.
São profissionais da melhor qualidade, apresentando as últimas tendências, em
português (mesmo que através de tradutores), com preços em Real. Ótima
oportunidade para todos de fazer network, assim como foi para mim, que acabei
conhecendo pessoalmente muitas pessoas que só conhecia virtualmente.
Os
organizadores do evento tiveram uma preocupação muito grande com os
profissionais que vieram de fora. Tive à disposição o que foi necessário, tanto
em termos de ingredientes, como de ferramentas e instalações. Com destaque
especial para as voluntárias, que me ajudaram em tudo.
Claro
que num evento desse tamanho, algumas coisas às vezes não dão certo conforme o
planejado, mas como esta foi minha primeira vez ensinando no Brasil, penso que
as dificuldades foram mínimas.
NV - Gostaria de
deixar alguma mensagem àqueles que já trabalham na área e aos que pretendem
trabalhar?
CH - Gostaria que os
profissionais brasileiros acreditassem mais no seu potencial e valorizassem o seu
trabalho. Os trabalhos expostos no evento eram da maior qualidade, então nada
de achar que “a grama do vizinho é mais verde”!
Como
descrever Chris Hedlund? Uma brasileira/ canadense, talentosa, competente e
objetiva, sem deixar de ser divertida, brincalhona e muito atenciosa. Enfim,
alguém radiante por fazer o que ama! Refletiu bem o espírito do Sugar Craft em
sua aula, que tem tudo a ver com talento e celebração!
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