sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Ainda sobre a vinda dos médicos cubanos...



O Governo, por intermédio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alega que o Brasil precisa de mais médicos, visto que temos apenas 1,8 médicos para cada 1.000 brasileiros, em índice que está abaixo de países desenvolvidos como Reino Unido (2,7) Portugal (4) e Espanha (4) e de outros latino-americanos, como Argentina (3,2) e México (2). E que esta é uma medida para salvar a nossa “saúde”. Para tanto, o Governo instituiu o Programa Mais Médicos.
        

Contudo, confesso que não consigo entender essa política governamental, posto que esse programa federal revela-se flagrantemente inconstitucional, já que viola a disposição contida no artigo 5º, inciso XIII, da Constituição Federal, que afirma que “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A Constituição determina, de forma clara e inquestionável, a restrição legal da liberdade ao exercício de profissões criadas e regulamentadas por lei federal como a do advogado, do engenheiro, do médico. O profissional, no caso, o médico, deve se graduar em faculdade reconhecida pelo Ministério da Educação e ter o registro do diploma no respectivo órgão fiscalizador do exercício da profissão, Conselho Regional de Medicina (CRM). Os profissionais estrangeiros formados em medicina ainda não são considerados médicos, pois estão sujeitos a realizar o exame de validação dos seus diplomas, o chamado Revalida.

Ocorre que, no caso do Programa Mais Médicos, os profissionais vindos de Cuba não serão submetidos a este regramento, sendo-lhe exigido somente o registro provisório no CRM. Isso resolverá a questão da saúde pública no país?

Por óbvio que não!... A precariedade da nossa saúde pública só será resolvida com o aumento significativo de recursos financeiros e ampla fiscalização da utilização das verbas públicas destinadas ao setor, que, além de melhor remunerar o médico público brasileiro, deverão ser investidas na melhoria dos nossos hospitais e ambulatórios, além de dotá-los de equipamentos para que possam funcionar e prestar serviços, no mínimo, razoáveis, à população carente. População essa que se vê obrigada a conviver com a inexistência total desses equipamentos ou, quando existentes, velhos e enferrujados, ausência de medicamentos e com a falta de condições de trabalho para os médicos e demais profissionais da área.


Não entendo porque violar mandamento constitucional! E mais... Erigir essa medida como a salvação da saúde para justificar a falta de gestão publica eficiente nessa área, parece-me mais uma medida eleitoreira do que eficaz. A este passo, não posso deixar de perguntar por que o Governo não decidiu importar professores, engenheiros, motoristas de ônibus, pedreiros, cobradores etc.? Aliás, se é para melhorar a gestão pública por que não importar políticos dos países desenvolvidos? Quem sabe consertariam o Brasil!...












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