sexta-feira, 20 de setembro de 2013

STF decide: 12 réus do Mensalão terão nova oportunidade de defesa


Na quarta-feira desta semana, dia 18, os ministros do Supremo Tribunal Federal, o STF, asseguraram, com o voto decisivo do ministro Celso de Mello, um novo julgamento a 12 réus condenados na ação penal conhecida como Mensalão.

O decano, por ser o magistrado mais antigo do STF, desempatou a votação que analisava a possibilidade de os condenados com pelo menos quatro votos a favor apresentarem os chamados embargos infringentes. Assim, por 6 votos a 5, foram aceitos esses embargos, tipo de recurso para condenados que obtiveram ao menos quatro votos favoráveis, numa Corte que é composta por 11 ministros. O ministro Celso de Mello, ao iniciar seu voto sobre a validade dos embargos infringentes, disse que o STF "não pode se expor a pressões externas, como aquelas resultantes do clamor popular e da pressão das multidões, sob pena de abalar direitos e garantias individuais e (levar) à aniquilação de inestimáveis prerrogativas que a norma jurídica permite a qualquer réu diante da instauração em juízo do devido processo penal".

O respeitado magistrado falou por duas horas sem qualquer interrupção dos seus pares, motivando o seu voto de forma brilhante e expondo, detalhadamente, as razões que o levaram à formação dessa convicção. Com essa decisão, o STF dará uma nova chance nos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha para 12 dos 25 condenados no processo do mensalão. Em decorrência, o encerramento da ação penal e o cumprimento das prisões – que poderiam ocorrer ainda neste ano – devem ficar para 2014.

Essa nova situação poderá levar à mudança do regime de prisão (do fechado para o semiaberto) de três réus José Dirceu, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, caso eles sejam absolvidos do crime no qual obtiveram quatro votos a favor. Há possibilidade de isso ocorrer porque o tribunal tem dois novos ministros em relação aos que julgaram o processo no ano passado: Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso.

Em razão da indiscutível competência do ministro Celso de Mello e do seu reconhecido e notório trabalho em prol das instituições e, sobretudo, em favor do Direito e da Justiça, não senti cheiro de “pizza” no seu voto, apesar das manifestações em contrário. A propósito, o seu colega, o ministro Gilmar Mendes, na véspera do pronunciamento de Celso de Mello, havia defendido que, caso a Corte aceitasse os novos recursos, deveria definir imediatamente um novo relator. Ele disse que isso evitaria que o caso terminasse em "pizza". "Isso aqui não é um tribunal para ficar assando pizza e nem é um tribunal bolivariano", disse Mendes.

Para tanto, ainda na mesma sessão, foi definido que o ministro Luiz Fux será o relator dos embargos infringentes, mediante sorteio eletrônico entre nove ministros, visto que ficaram de fora Joaquim Barbosa, que relatou a ação do mensalão, e Ricardo Lewandowski, que foi o revisor.

O novo relator, ministro Luiz Fux, disse que está "tranquilo". "Estou tranquilo. Não tenho preocupação nenhuma em relação a esse processo." Fux será agora o responsável por fazer uma análise prévia para verificar se o condenado obteve ao menos quatro votos e se o recurso está dentro do prazo. Depois, poderá pedir novas provas se achar necessário para formular o seu voto, levando o processo para julgamento em plenário. A decisão sobre manutenção ou não de punições ou penas será do plenário do Supremo.


Cabe lembrar que Fux foi o primeiro nome indicado pela presidente Dilma Rousseff para o STF, e se tornou ao longo do julgamento do processo do mensalão um dos magistrados mais alinhados com o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, acompanhando a sua orientação na maioria das votações da ação penal.









Nenhum comentário:

Postar um comentário