“O ovo
de serpente das manifestações de rua foi fecundado pelo colapso da política que
se faz, a política velha, a política antiga, a política pequena, de modelos
passados e retórica gasta. Anacronismo presente nos mais importantes governos
do País: o federal (PT), o do Estado de São Paulo (PSDB) e o do Estado do Rio de Janeiro (PMDB).” (Carlos Melo, cientista político)
Segundo esse
articulista, o poder está na comunicação, e burocratas não sabem se comunicar:
o papa emérito Ratzinger não soube, o papa Francisco, sim, se conecta. Fernando
Henrique Cardoso e Lula souberam. Mas Dilma Roussef (foto: Jorge Saenz/AP), Geraldo Alckmin (foto:
José Patricio/Estadão) e Sérgio Cabral (foto: Fabio Motta/Estadão) “se trumbicam”, como diria o velho guerreiro Chacrinha.
“Burocratas, carismáticos às avessas, como eles podem conviver com isso? O
mundo caiu e eles não aprenderam a levitar...”, conclui Carlos Melo.
São governos
assolados por fantasmas e denúncias, e seus mandatários oferecem respostas
velhas para perguntas novas, perdem-se em evasivas e fazem biquinho enquanto
maquinam respostas insatisfatórias: não se comunicam.
Com o título “Idade da informação”, Ferreira Gullar
escreveu um texto (Folha de S.Paulo,
18/08) que comenta a evolução histórico-social da participação popular na
política do país. Se, no passado, quem governava era apenas quem tinha poder
econômico, conforme as pessoas do povo passaram a ter maior acesso à educação,
o seu conhecimento da realidade social e seu nível de informação se ampliaram,
aumentando sua consciência política e sua influência sobre o governo do país.
É certo que cada partido político tenta conquistar a confiança
do eleitor, ainda que às custas de mentiras e espertezas (com as honrosas
exceções de praxe, políticos competentes e honestos), o que contribuiu para a
decadência dos valores e da ética partidária e o inevitável predomínio do
oportunismo político e da corrupção.
O negócio, atualmente, é se eleger e se abancar,
permanecendo tanto tempo quanto possível no poder. Tudo o que se faz hoje é
visando às eleições, ou seja, à continuação no poder ou à ascensão a ele,
comenta João Ubaldo Ribeiro (O GLOBO,
18/08): “Alguns políticos se esqueceram do que disse o presidente John Kennedy:
“Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode
fazer por seu país.” A nossa prática política se orienta por uma atitude oposta
a essa exortação: queremos saber o que o Brasil pode fazer por nós, mas não
alimentamos muita curiosidade sobre o que podemos fazer pelo Brasil. Isso se
expressa no comportamento de nossos governantes, que não disputam nada pensando
no país, mas em abocanhar ou manter o poder, aqui tão hipertrofiado, abarrotado
de privilégios e odiosamente infenso ao controle dos governados.”
E depois, quando a situação se deteriora, não adianta
fazer biquinho...
Por outro lado, “os jovens desinteressaram-se pela
política, o que contribuiu para tornar mais fácil a ação dos corruptos. O que
move as pessoas a atuar politicamente é a opinião, que, por sua vez, nasce da
informação, do conhecimento. É óbvio que, se não sei o que se passa em meu
país, não posso ter opinião formada sobre o que deve ser feito para melhorar a
sociedade”, considera Ferreira Gullar.
A imensa quantidade de informações a que
têm acesso hoje milhões de pessoas no país, graças à internet, lhes dá a
oportunidade de opinar.
E agora, adianta os burocratas fazerem biquinho?
Só nao entendi o porque de terem relacionado o Cabral! Ha muito tempo ele ja tem sucesso e prestigio consolidados por resultado de suas politicas públicas
ResponderExcluirTodos tem direito a própria opinião.
ExcluirMaria Inês Otranto