sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Enurese


Uma das queixas mais comuns, feita pelos pais em consultórios de pediatria e de urologia é de que seus filhos continuam a urinar na cama à noite e mesmo na roupa durante o dia.

A ENURESE é definida como uma micção involuntária persistente, em momento e local inadequados, em crianças com mais de 4 anos de idade. A enurese pode ser classificada em enurese diurna, noturna ou ambas. Pode ser classificada ainda em primária, quando a criança nunca demonstrou controle da micção ou, secundária quando a criança apresentou um período de pelo menos  6 meses de continência, ou seja, de controle da micção. O diagnóstico de enurese só deve ser considerado em crianças acima de 4 a 5 anos de idade. Nesta faixa etária em torno de 20% das crianças tem enurese noturna, que a cada ano aumenta a probabilidade de resolução espontânea, estando presente em apenas 1% a 2% na adolescência. Nesta fase o tratamento é mais difícil. É mais freqüente no sexo masculino e ocorre de forma primária em 75% dos casos (nunca houve fase de melhora anteriormente). Na grande maioria dos casos a forma noturna é a mais freqüente (80%) e não tem outros sintomas associados (monossintomática). As crianças que tem enurese diurna e noturna, geralmente tem outros problemas funcionais de bexiga (instabilidade do músculo da bexiga).
As causas de enurese são múltiplas como: fator genético, em que a criança apresenta 77% de chance de ter enurese quando pai e mãe foram enuréticos, 43% quando apenas um dos pais teve o problema  e  em torno de 15 % quando não há história familiar. O fator orgânico-funcional como diminuição da capacidade da bexiga, produção excessiva de urina à noite (baixa produção do hormônio anti- diurético) e dificuldade do paciente em acordar mesmo com a bexiga muito cheia. Os fatores psicológicos são mais associados a enurese secundária que ressurgiu após algum trauma psicológico. Problemas psicológicos na enurese primária representam conseqüências e não causa (a criança não pode dormir na casa de amigos, muitas vezes é ridicularizada dentro da própria casa ou na escola,....).
O diagnóstico passa por uma anamnese cuidadosa, ou seja,  tirar dos pais uma história detalhada. Importante saber se é enurese primária ou secundária. Caso tenha outros sintomas associados, pode apresentar doenças da medula espinhal, infecções urinárias, anomalias da uretra em meninos e meninas e obstipação intestinal (enurese polissintomática).
O exame físico costuma ser normal, devendo-se observar massa abdominal (retenção urinária), déficit neurológico alterações da coluna lombossacra, alterações da prega glútea... Como exame apenas o de urina tipo 1 e urocultura para excluir infecção urinária. A ultrassonografia do aparelho urinário e exame urodinîco são pedidos em casos selecionados.

Tratamento (após 5 anos de idade):
Boa orientação aos pais no lidar com o problema (Bom relacionamento médico, pais e criança, terapia de condicionamento, acordando a criança para urinar durante a noite. A criança sempre deve urinar antes de se deitar dando também responsabilidade a ela na colaboração com o tratamento, jamais expor a criança a situações vexatórias, pelo contrário, elogiando ou agradando quando a criança  não acordou molhada...)
Diminuir a ingestão de líquidos a partir do jantar.
Desmopressina (DDAVP), que pode ser em spray ou via oral (medicação cara mas eficaz)
Imipramina (medicação de baixo custo, antiga mas eficaz. Requer cuidados quanto a dosagem)
Oxibutinina (retemic): mais eficaz na enurese diurna e noturna.
Alarmes: mecanismo adaptado ao colchão, que tocam campainha quando molhados (demora para produzir resultados mas é eficaz).
Tratamento psicológico concomitante sempre é importante.

Concluindo, a enurese sempre deve ser abordada com muito interesse pois traz transtornos importantes para a criança e seus pais. Embora tenha alto índice de cura espontânea, deve ser tratada precocemente já a partir dos 5 anos de idade.







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