sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O encantamento da arte renascentista


Numa versão reducionista da história, Florença criou o desenho e Veneza, a cor. Mas entre uma e outra simplificação, o Renascimento, movimento que mudou para sempre as artes visuais, na verdade se desdobrou numa ampla gama de escolas e estilos.” (Folder da exposição)


        No belo prédio do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo estão expostas 57 obras do período de 1423 a 1573, abrangendo 150 anos da produção de mestres como Michelangelo, Leonardo da Vinci, Ticiano, Bellini, Rafael, Botticelli, Fra Angelico, Donatello, Tintoretto, Veronese, entre tantos outros.
        Os dois séculos do Renascimento italiano tiraram o mundo das artes das trevas da era medieval e propagaram, além da ideia de perspectiva/tridimensionalidade (de acordo com preceitos matemáticos e geométricos muito precisos, com valorização de harmonia e proporção anatômicas), o facho luminoso e claro da filosofia humanista. A versatilidade desse período artístico evidencia o momento de maior efervescência empírica, científica e artística da história da humanidade, e influenciou mudanças no pensamento sócio-cultural, econômico, político e religioso da época.
        Na "Anunciação" (1) de Giovanni Bellini, de 1489, as cores são estridentes. Embora o ambiente atrás das personagens siga as leis da geometria, é a intensidade da cor que se destaca. Os traços angulosos do tecido das roupas do anjo lembra papel amassado, tem forte luminosidade, e remete a pintores nórdicos e flamengos, cujos traços eram mais duros.
        Rafael é um pintor de transição. Sua perspectiva sem falhas não afoga a beleza da figura humana, muito menos sua carnalidade, como atesta o encantador “Cabeça de Virgem” (2), de 1518.
        Leonardo da Vinci reinventou a representação da paisagem com o "sfumato" (esfumaçado), técnica que dava a impressão de uma luz mais difusa, com personagens envoltos na atmosfera. Artistas como Ticiano também usaram essa técnica, mergulhando seus personagens numa luz mais natural, como se soprados por uma brisa solar. O seu óleo sobre tela “Virgem com o Menino” (3), de 1560, é um lindo exemplo disso.
        Esses são alguns dos representantes conhecidos em todo o mundo que estão na bonita exposição Mestres do Renascimento – Obras-primas italianas, no CCBB, com entrada gratuita, de quarta a segunda, até 23 de setembro.
        É uma rara oportunidade poder apreciar e se encantar com obras tão especiais, reunidas num único espaço/museu, aqui em São Paulo, tão ao alcance da disponibilidade de tempo de quem tiver vontade de visitá-las.
        

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