sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Semeando música para colher paz


Na procura pela paz a música não é uma arma, mas um poder universal. A orquestra é o melhor modelo de democracia: ensina-nos quando temos de liderar e quando temos de seguir.” (Maestro Daniel Barenboim)

O maestro e pianista Daniel Barenboim (1) e o intelectual palestino exilado Edward Saïd (1935-2003) (2) fundaram em 1999 a Orquestra Divan Oriente-Ocidente com o objetivo de, através da música, aproximar os povos no conflito entre Israel e palestinos, acreditando que "a única convicção política sobre o conflito do Oriente Médio é a de que ele nunca será resolvido pela via militar. Como os destinos dos dois territórios estão ligados para sempre, apenas construindo pontes se pode encorajar as pessoas a ouvirem os dois lados".

Na mesma semana em que o governo de Israel libera 104 presos palestinos, de modo a reabrir as negociações de paz na região, o judeu-argentino Daniel Barenboim recebeu o Prêmio Calouste Gulbenkian (de Lisboa), no valor de 250 mil euros, por sua “Orquestra da Paz”, que congrega no mesmo palco jovens músicos do Oriente Médio:  palestinos, sírios e israelitas.

Nascido em Buenos Aires, em 1942, aos nove anos ele foi morar na Áustria, mas  passou o resto da infância em Israel e a adolescência em Londres. Filho de judeus  originários da Rússia, Barenboim também tem nacionalidade israelita e espanhola e é ainda cidadão honorário palestino.

Assim, a noção de várias identidades o acompanhou toda a vida e é um tema que atravessa seus depoimentos, embasa suas atitudes e percorre todo o seu trabalho na promoção da união das nações, porque "é impossível alguém que nasceu depois do séc. XX ter uma única identidade". 

Barenboim sempre passa uma mensagem de esperança através da música. O exemplo máximo que ele deu foi um concerto em Ramallah, na Cisjordânia (ele furou o bloqueio israelita ao território entrando pela fronteira egípcia). Mas, segundo o maestro, o maior elogio que recebeu na vida foi num lugarejo na Faixa de Gaza, quando um homem lhe disse: “As pessoas só se lembram da Faixa de Gaza para nos dar comida, como se fôssemos animais. Mas você chega aqui com música, e nos faz lembrar que somos seres humanos!"

Não é por acaso que o nome de Daniel Barenboim aparece sempre entre os prováveis candidatos ao Prêmio Nobel da Paz.

Semeando o poder universal da música, sua arte pretende colher a paz, superar antagonismos e conflitos históricos e valorizar o ser humano em cada um, independente de nacionalidade, religião ou ideologia. Ele merece todos os prêmios que lhe sejam atribuídos!



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