“Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei
contra a espoliação do povo. Eu vos dei a minha vida. Agora, ofereço a minha
morte... “ (trecho da carta-testamento
do presidente Getúlio Vargas).
Há 59 anos,
em uma sexta-feira fatídica, no dia 24 de agosto de 1954 o Brasil passou por um momento de grande comoção, quando o “Repórter Esso”
(o mais famoso noticiário da Rádio Tupi) informou: “o presidente Getúlio Vargas
suicidou-se!”
O ato de desespero do presidente aconteceu às 8h35, em seus aposentos, no Palácio do
Catete, no Rio de Janeiro, então a capital
federal.
Três horas antes, Getúlio entregara ao Ministério da República uma carta
licenciando-se do cargo, por estar sob intensa pressão das Forças Armadas.
Na reunião do gabinete, que atravessou a
noite anterior, o ministro da Guerra,
general Zenóbio da Costa, havia dito que a revolta nos quartéis era incontrolável e que “a resistência só seria possível à
custa de muito sangue”.
No entanto, vários ministros, como os
titulares da Justiça, Tancredo Neves, e da Fazenda, Osvaldo Aranha, defenderam
a resistência contra a rebelião militar. O diálogo
entre esse último e o presidente,
durante a reunião ministerial evidencia o clima tenso:
“ – Se
você não renunciar, vamos dar o exemplo às gerações vindouras; vamos morrer 50
amigos, aqui com você.”
“ – Não, o problema é meu. Eu resolvo sozinho.”
O presidente trancou-se em seu quarto, e
depois de redigir sua carta-testamento, atirou
no próprio peito.
Ao assumir
o cargo, o vice-presidente Café Filho afirmou: “Jamais pensei em assumir a
presidência de meu país em condições de cunho tão doloroso, tão chocante”.
Na época,
tanto o governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, como vários militares defendiam a renúncia de Vargas.
Lacerda comandava o partido União
Democrática Nacional (UDN), e era
proprietário do jornal “Tribuna da Imprensa”, que há muito tempo liderava uma feroz campanha contra o
governo de Vargas.
A popularidade do presidente brasileiro (que gostava de ser chamado de “pai dos pobres”)
era tão significativa, que em várias capitais multidões saíram às ruas, a depredar
as sedes da UDN e de jornais da oposição,
e a incendiar emissoras de rádio, como a
Farroupilha e a Porto-Alegrense,
além de também queimarem o edifício do Diário de Notícias, todos de
Porto Alegre.
Isso, apesar de
Getúlio ter elaborado uma
lei que punia quem organizasse comícios sem autorização da polícia...
Texto Tom Santos |
Tais
fatos acontecidos há mais de meio século, se repensados
hoje, poderiam servir de reflexão e
inspiração de ações preventivas, para nunca mais vivermos momentos tão extremos
como esses.
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