“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou
de uma nação” (Oscar Wilde).
Os
protestos iniciados em junho, por todo o País, mostraram que um dos motivos da insatisfação
da população brasileira com os políticos é justamente a chamada crise da
representatividade, isto é, a população não se sente representada pelos políticos
que estão no Congresso Nacional, o que identifica um sintoma de que faltam à
nossa democracia o aprimoramento e o amadurecimento necessários. Sem representatividade,
resta a retórica da democracia participativa, pois esta completa aquela, o que
significa dizer que não há democracia participativa quando inexiste a representativa.
Uma complementa a outra. Por isso a reforma política deveria acontecer para
fortalecer as instituições democráticas e não para facilitar o anarquismo.
Ora,
as atividades no Congresso Nacional recomeçaram (que, aliás, não deveriam ter
sido interrompidas!), e em reunião com os líderes de partido, a presidente Dilma
Roussef voltou a defender a reforma política via plebiscito. Pura retórica,
pois que já no terceiro ano de seu mandato pouco foi feito para que realmente a
reforma política ocorresse, de forma efetivamente participativa. Nesse sentido,
tanto o Executivo quanto o Legislativo, nada fizeram.
Se
a reforma política não ocorrer ainda neste semestre, será quase impossível realizá-la
no que vem, tendo em vista ser ano de Copa do Mundo e de eleições
presidenciais. Levando-se em conta de que a reforma do código penal parece que
estacionou, pois não se ouve mais falar a respeito, poucos são os que acreditam
que a reforma política deva acontecer, ainda mais via plebiscito. Tudo isso
reforça a falta de credibilidade dos poderes constituídos (Executivo e
Legislativo) e, também, do Judiciário, que vem praticando cada vez mais
ativismo judicial. Os desgastes sofridos pelos governos, especialmente nas
esferas executivas (Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, principalmente), agravam
mais a situação, pois o descontentamento é geral.
Audiências
públicas com os setores da sociedade são instrumentos democráticos legítimos de
debate, para que os nossos parlamentares possam ouvir mais a população, e mesmo
os projetos de iniciativa popular poderiam ser mais estimulados. O que se
percebe com tudo isso é que a tendência é por uma renovação geral no ano que
vem. O povo quer políticos com uma postura mais transparente, ética e simples,
a exemplo do que vem mostrando o papa Francisco, e que deu um show de cidadania
como chefe de Estado (e líder religioso), mostrando o que é representatividade,
proximidade com o povo, fala direta, e compromisso com os que mais sofrem na sociedade
tantas formas de descaso. Essa é a referência que os políticos brasileiros poderiam
adotar, principalmente os que esperam se eleger (ou se reeleger) o ano que vem,
pois certamente o povo dará seu recado nas urnas, mais uma vez, por uma
renovação e anseio por uma efetiva e verdadeira reforma política, liderada por
gente que tenha espírito público, a manifesta humildade e valores éticos
semelhantes aos que o Papa Francisco testemunhou no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário