sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Reforma política com ética


“O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação” (Oscar Wilde).

Os protestos iniciados em junho, por todo o País, mostraram que um dos motivos da insatisfação da população brasileira com os políticos é justamente a chamada crise da representatividade, isto é, a população não se sente representada pelos políticos que estão no Congresso Nacional, o que identifica um sintoma de que faltam à nossa democracia o aprimoramento e o amadurecimento necessários. Sem representatividade, resta a retórica da democracia participativa, pois esta completa aquela, o que significa dizer que não há democracia participativa quando inexiste a representativa. Uma complementa a outra. Por isso a reforma política deveria acontecer para fortalecer as instituições democráticas e não para facilitar o anarquismo.
Ora, as atividades no Congresso Nacional recomeçaram (que, aliás, não deveriam ter sido interrompidas!), e em reunião com os líderes de partido, a presidente Dilma Roussef voltou a defender a reforma política via plebiscito. Pura retórica, pois que já no terceiro ano de seu mandato pouco foi feito para que realmente a reforma política ocorresse, de forma efetivamente participativa. Nesse sentido, tanto o Executivo quanto o Legislativo, nada fizeram.
Se a reforma política não ocorrer ainda neste semestre, será quase impossível realizá-la no que vem, tendo em vista ser ano de Copa do Mundo e de eleições presidenciais. Levando-se em conta de que a reforma do código penal parece que estacionou, pois não se ouve mais falar a respeito, poucos são os que acreditam que a reforma política deva acontecer, ainda mais via plebiscito. Tudo isso reforça a falta de credibilidade dos poderes constituídos (Executivo e Legislativo) e, também, do Judiciário, que vem praticando cada vez mais ativismo judicial. Os desgastes sofridos pelos governos, especialmente nas esferas executivas (Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, principalmente), agravam mais a situação, pois o descontentamento é geral.

Audiências públicas com os setores da sociedade são instrumentos democráticos legítimos de debate, para que os nossos parlamentares possam ouvir mais a população, e mesmo os projetos de iniciativa popular poderiam ser mais estimulados. O que se percebe com tudo isso é que a tendência é por uma renovação geral no ano que vem. O povo quer políticos com uma postura mais transparente, ética e simples, a exemplo do que vem mostrando o papa Francisco, e que deu um show de cidadania como chefe de Estado (e líder religioso), mostrando o que é representatividade, proximidade com o povo, fala direta, e compromisso com os que mais sofrem na sociedade tantas formas de descaso. Essa é a referência que os políticos brasileiros poderiam adotar, principalmente os que esperam se eleger (ou se reeleger) o ano que vem, pois certamente o povo dará seu recado nas urnas, mais uma vez, por uma renovação e anseio por uma efetiva e verdadeira reforma política, liderada por gente que tenha espírito público, a manifesta humildade e valores éticos semelhantes aos que o Papa Francisco testemunhou no Brasil.










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