sexta-feira, 2 de agosto de 2013

DIÁLOGO, ENCONTRO E PROXIMIDADE


 Quero que a Igreja vá para as ruas(Papa Francisco).

Neste momento conturbado, de manifestações (justas) e vandalismos que eclodem no país, onde a Igreja Católica encolhe e a juventude externa sua preocupação com o futuro, desencantada com o mundo, não poderia deixar de refletir sobre um dos ângulos da mensagem humanística do Papa Francisco, que atualiza o Evangelho com tintas fortes de imanência (vide nota do autor) e compromisso histórico.

         O sucesso da Jornada Mundial da Juventude, a primeira realizada no Brasil, comprova a força da Igreja em nosso País, capaz de convergir culturas e povos em torno de valores comuns, especialmente os da solidariedade e justiça social. Essa foi a tônica da mensagem do papa, que também entende a necessidade do diálogo com as demais culturas, inclusive credos religiosos, para encontrar meios de somar esforços na promoção do bem comum e da pessoa humana. Foi este o tom que deu, por exemplo, no Teatro Municipal do Rio, quando enfatizou o diálogo como imprescindível para atingir esse fim. Para o papa a posição da Igreja Católica sobre os mais variados temas é clara. Mas agora, ele entende que é preciso mais ação, e ação no sentido do encontro com as pessoas, pois não haverá avanço com confrontações ideológicas. 

         Na mensagem aos bispos do CELAM também ressaltou o que ele entende ser necessário evitar para que a Igreja possa assumir sua missionariedade. O discurso do Papa Francisco desagradou tanto os mais progressistas (muitos da Teologia da Libertação que ainda insistem "na categorização marxista") como também os mais conservadores, que ele chama de restauracionistas. Nesse ponto foi mais enfático: "Perante os males da Igreja, busca-se uma solução apenas na disciplina, na restauração de condutas e formas superadas que, mesmo culturalmente, não possuem capacidade significativa". Atacou também o funcionalismo, cuja "ação na Igreja é paralisante", "pois não tolera o mistério, aposta na eficácia". E não se cansou de pregar a proximidade com o povo, com as pessoas, para que a evangelização aconteça a partir da realidade delas.

         A sua forma direta de falar, de tocar nos pontos-chaves, de modo simples e objetivo, com as suas atitudes de despojamento, tem encontrado ressonância junto às pessoas, que entendem a sua mensagem e percebem que o papa já está fazendo uma revolução dentro da Igreja, talvez aquela desejada pelo Concílio Vaticano II e que muitos não sabiam exatamente como aplicá-la.

        Torço para que a Igreja sob o inegável carisma do seu Pastor e Líder seja renovada, oxigenada, em meio a esses novos desafios, pois a Mensagem de Francisco é atual, é boa, é ética, é compromissada com o povo, com os jovens, traduzindo a retórica da honestidade.





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