“Quero que a Igreja vá para as ruas” (Papa
Francisco).
Neste
momento conturbado, de manifestações (justas) e vandalismos que eclodem no
país, onde a Igreja Católica encolhe e a juventude externa sua preocupação com
o futuro, desencantada com o mundo, não poderia deixar de refletir sobre um dos
ângulos da mensagem humanística do Papa Francisco, que atualiza o Evangelho com
tintas fortes de imanência (vide nota do
autor) e compromisso histórico.
O
sucesso da Jornada Mundial da Juventude, a primeira realizada no Brasil,
comprova a força da Igreja em nosso País, capaz de convergir culturas e povos
em torno de valores comuns, especialmente os da solidariedade e justiça social.
Essa foi a tônica da mensagem do papa, que também entende a necessidade do
diálogo com as demais culturas, inclusive credos religiosos, para encontrar
meios de somar esforços na promoção do bem comum e da pessoa humana. Foi este o
tom que deu, por exemplo, no Teatro Municipal do Rio, quando enfatizou o
diálogo como imprescindível para atingir esse fim. Para o papa a posição da
Igreja Católica sobre os mais variados temas é clara. Mas agora, ele entende
que é preciso mais ação, e ação no sentido do encontro com as pessoas, pois não
haverá avanço com confrontações ideológicas.
Na
mensagem aos bispos do CELAM também ressaltou o que ele entende ser necessário
evitar para que a Igreja possa assumir sua missionariedade. O discurso do Papa
Francisco desagradou tanto os mais progressistas (muitos da Teologia da
Libertação que ainda insistem "na categorização marxista") como
também os mais conservadores, que ele chama de restauracionistas. Nesse ponto
foi mais enfático: "Perante os males da Igreja, busca-se uma solução
apenas na disciplina, na restauração de condutas e formas superadas que, mesmo
culturalmente, não possuem capacidade significativa". Atacou também o
funcionalismo, cuja "ação na Igreja é paralisante", "pois não
tolera o mistério, aposta na eficácia". E não se cansou de pregar a proximidade
com o povo, com as pessoas, para que a evangelização aconteça a partir da
realidade delas.
A
sua forma direta de falar, de tocar nos pontos-chaves, de modo simples e
objetivo, com as suas atitudes de despojamento, tem encontrado ressonância junto
às pessoas, que entendem a sua mensagem e percebem que o papa já está fazendo
uma revolução dentro da Igreja, talvez aquela desejada pelo Concílio Vaticano
II e que muitos não sabiam exatamente como aplicá-la.
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