sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Desvario cultural


Voceis pensam que nóis fumos embora, nóis enganemos vocês.
 Fingimos que fumos e vortemos: ói nóis aqui traveis.
 Nóis tava indo, tava quase lá e arresorvemo, vortemos prá cá.
 E agora, nóis vai ficar fregueis: ói nóis aqui traveis! (Adoniran Barbosa)

O triunfo da nulidade cultural e da ignorância de fatos ocorridos em 1998 aconteceu na última  sessão da Câmara Municipal de Valinhos:  com a velocidade de um raio fulminante, não dando tempo para que os vereadores percebessem os efeitos mais que negativos, nocivos, do projeto do vereador Lourivaldo (PT) que outorga o diploma de mérito cultural “Adoniran Barbosa” a Antonio Stopiglia , os edis aprovaram o projeto por unanimidade.

Talvez os vereadores estivessem mesmo distraídos, mas não esqueceram de cobrar do prefeito Clayton Machado a obrigação de nomear outro secretário de Saúde, e dispensar a atual, a médica Cristina de Fátima Fiore, contratada pela Prefeitura de Valinhos e, simultaneamente, pela Prefeitura de Franco da Rocha.

Com que justificativa se outorgaria o diploma de mérito cultural “Adoniran Barbosa” (uma homenagem ao filho mais ilustre da cidade) a alguém que, quando secretário de Cultura de Valinhos, e pela primeira vez, na História, rejeitou uma personalidade reconhecida por toda comunidade cultural não só brasileira, mas também  internacional, para as quais Adoniran é o expoente máximo do samba paulista? 

NOTÍCIAS  tem guardado em seus arquivos, desde agosto de 1998, um comunicado enviado pelo Departamento de Imprensa da Prefeitura de Valinhos com a determinação do então secretário de Cultura Tite Stopiglia, que estabelece: “não será organizada uma “Semana Adoniran Barbosa”, porque faltam elementos que comprovem que o sambista nasceu em Valinhos”.

O que confirma e dá guarida ao desvario cultural daquele secretário é a proposta feita por ele de se encomendar um exame de “DNA cultural” da História, através da Fundação Nacional das Artes, para se encontrar provas de que Adoniran Barbosa seria valinhense! (Na época, ele esqueceu não só de perguntar ao ex-prefeito Bepe Spadacia, escritor e editor do primeiro livro que atestava que Adoniran nasceu nesta cidade, como também ele nem pensou em ir ao Cartório Civil da cidade, onde está registrada a certidão de nascimento de João Rubinato, o compositor popular Adoniran Barbosa.

E por que, desde aquela época, os secretários de Cultura das administrações do município de Valinhos nunca aceitaram essa verdade incontestável e restauraram a “Semana Adoniran Barbosa”? Seria ignorância, descaso ou insensibilidade explícita?

E seria por desconhecimento, desrespeito, ou descuido  que os vereadores desta Legislatura aprovaram por unanimidade a proposta do vereador Lourivaldo, sem levar em conta que os vereadores da Legislatura de 1998 convocaram o então secretário Stopiglia para que ele explicasse a suspensão da comemoração da “Semana Adoniran Barbosa”?

Texto
Tom Santos
Em 1998, como agora, NOTÍCIAS se esforça para valorizar o que merece ser louvado e não deixar esquecer o que deve ser lembrado. Se alguém pensou que aqueles fatos tinham sido esquecidos, se enganou: “ói nóis aqui traveiz”! 









Um comentário:

  1. Ao fazer política imaginam os políticos tudo se permite, e cada um tem seus motivos e raz~~oes, mesmo atropelando a história e os acontecimentos, ignorando desconhecimentos patenteados no passado, mesmo recente, ainda que resulte fez e, desavergonhado por n~~ao se envergonhar, para limpar fez nada foi feito.
    Se estropício causou, ``a época e agora, o estúpido estrupício e agora unânime cochilo coletivo dos edis, por sua aprovaç~~ao ainda na linha do atropelo. N~~ao há que se desfazer, se de mérito ou demérito, a outorga aconteceu.
    Está nas m~~aos, colocando-se as coisas nos seus devidos lugares, declinar do diploma, pois para muitos "se alguém pensou que aqueles fatos tinham sido esquecidos, se enganou: ói nois aqui traveiz". Samba, samba que nois vamo'gosta! Com a licença do mestre.

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