“Eu
não tinha idéia de que ela estaria ali. Já tinha até ensaiado as desculpas para
a sua ausência.
Quando
minha professora anunciou que haveria um chá para as mães, filhas e filhos na escola, eu tinha certeza de
que minha mãe não estaria presente.
Assim,
não vou me esquecer da minha surpresa quando entrei no ginásio lindamente
decorado e ela se encontrava lá! Olhei para minha mãe, sentada calmamente e
sorrindo, e imaginei todas as manobras que aquela mulher extraordinária teve de
fazer para participar comigo daquele chá.
Quem
estaria tomando conta da vovó? Ela dependia totalmente de mamãe.
Minhas
três irmãs pequenas chegariam da escola antes dela voltar. Quem as receberia e
as ajudaria com os deveres?
Como
conseguira chegar? Não tínhamos carro e ela não podia pagar um táxi. Teve de
caminhar um bom pedaço até o ponto do ônibus, mais cinco quadras até a escola.
E
ainda havia o lindo vestido vermelho com flores brancas, bastante adequado para
a ocasião. Ele destacava o prateado que começava a aparecer no seu cabelo
escuro. Não havia dinheiro para roupas novas e eu sabia que ela fizera uma
dívida na loja para comprá-lo.
Fiquei
tão orgulhosa! Servi-lhe o chá com o coração feliz e agradecido e a apresentei
sem timidez ao grupo. Sentei-me à mesa com minha mãe naquele dia, exatamente
como as outras meninas, e isso teve um imenso significado para mim. Seu olhar
cheio de amor me dizia que ela entendera aquele sentimento.
Nunca
me esqueci daquele chá. Uma das promessas que fiz para mim mesma foi de me
empenhar ao máximo para estar sempre perto dos meus filhos. É uma promessa
difícil de manter no mundo agitado de hoje, mas a lembrança do que se passou
comigo e minha mãe, e da importância que isso teve em minha vida, serve de
estímulo para qualquer esforço. Basta que eu pense no dia em que mamãe veio
para o chá”.
Estar
perto das crianças, dos adolescentes e jovens é um grande desafio para os pais
e mães nos dias conturbados que vivemos. Muitas mães trabalham fora de casa e
só ficam com os filhos à noite. O importante não é a quantidade de horas de
ausência, mas a qualidade do tempo que pai e mãe dedicam aos filhos. É saudável
conversar, conviver, saber uns dos outros, brincar, fazer juntos uma atividade,
escutar as opiniões e os sentimentos.
A
participação da família na escola, nos grupos sociais, nos eventos da
comunidade é significativo para o desenvolvimento afetivo e emocional das
crianças e adolescentes. Eles se sentem mais seguros, mais confortáveis, mais
alegres...
As
atitudes do pai e da mãe, no dia a dia, são modelo e exemplo para os filhos
ainda pequenos. Muitas descobertas que acontecem nesse convívio, servirão como
referência para toda a vida.
E
pedimos a Deus pelas famílias, pelas crianças, adolescentes e jovens, que
enfrentam cada dia os obstáculos e dificuldades, para permanecerem juntos.
É
interessante refletir o que escreve Patrícia Clifford: “O trabalho vai esperar
enquanto você mostra às crianças o arco-íris, mas o arco-íris não espera
enquanto você está trabalhando”.
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