sexta-feira, 30 de agosto de 2013

E agora, adianta fazer biquinho?


O ovo de serpente das manifestações de rua foi fecundado pelo colapso da política que se faz, a política velha, a política antiga, a política pequena, de modelos passados e retórica gasta. Anacronismo presente nos mais importantes governos do País: o federal (PT), o do Estado de São Paulo (PSDB) e o do Estado do Rio de Janeiro (PMDB).” (Carlos Melo, cientista político)


Segundo esse articulista, o poder está na comunicação, e burocratas não sabem se comunicar: o papa emérito Ratzinger não soube, o papa Francisco, sim, se conecta. Fernando Henrique Cardoso e Lula souberam. Mas Dilma Roussef (foto: Jorge Saenz/AP), Geraldo Alckmin (foto: José Patricio/Estadão) e Sérgio Cabral (foto: Fabio Motta/Estadão) “se trumbicam”, como diria o velho guerreiro Chacrinha. “Burocratas, carismáticos às avessas, como eles podem conviver com isso? O mundo caiu e eles não aprenderam a levitar...”, conclui Carlos Melo.
São governos assolados por fantasmas e denúncias, e seus mandatários oferecem respostas velhas para perguntas novas, perdem-se em evasivas e fazem biquinho enquanto maquinam respostas insatisfatórias: não se comunicam.
Com o título “Idade da informação”, Ferreira Gullar escreveu um texto (Folha de S.Paulo, 18/08) que comenta a evolução histórico-social da participação popular na política do país. Se, no passado, quem governava era apenas quem tinha poder econômico, conforme as pessoas do povo passaram a ter maior acesso à educação, o seu conhecimento da realidade social e seu nível de informação se ampliaram, aumentando sua consciência política e sua influência sobre o governo do país.
É certo que cada partido político tenta conquistar a confiança do eleitor, ainda que às custas de mentiras e espertezas (com as honrosas exceções de praxe, políticos competentes e honestos), o que contribuiu para a decadência dos valores e da ética partidária e o inevitável predomínio do oportunismo político e da corrupção.
O negócio, atualmente, é se eleger e se abancar, permanecendo tanto tempo quanto possível no poder. Tudo o que se faz hoje é visando às eleições, ou seja, à continuação no poder ou à ascensão a ele, comenta João Ubaldo Ribeiro (O GLOBO, 18/08): “Alguns políticos se esqueceram do que disse o presidente John Kennedy: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país.” A nossa prática política se orienta por uma atitude oposta a essa exortação: queremos saber o que o Brasil pode fazer por nós, mas não alimentamos muita curiosidade sobre o que podemos fazer pelo Brasil. Isso se expressa no comportamento de nossos governantes, que não disputam nada pensando no país, mas em abocanhar ou manter o poder, aqui tão hipertrofiado, abarrotado de privilégios e odiosamente infenso ao controle dos governados.”
E depois, quando a situação se deteriora, não adianta fazer biquinho...
Por outro lado, “os jovens desinteressaram-se pela política, o que contribuiu para tornar mais fácil a ação dos corruptos. O que move as pessoas a atuar politicamente é a opinião, que, por sua vez, nasce da informação, do conhecimento. É óbvio que, se não sei o que se passa em meu país, não posso ter opinião formada sobre o que deve ser feito para melhorar a sociedade”, considera Ferreira Gullar.
A imensa quantidade de informações a que têm acesso hoje milhões de pessoas no país, graças à internet, lhes dá a oportunidade de opinar.
E agora, adianta os burocratas fazerem biquinho?

2 comentários:

  1. Só nao entendi o porque de terem relacionado o Cabral! Ha muito tempo ele ja tem sucesso e prestigio consolidados por resultado de suas politicas públicas

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