“Todos
estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.” (Cora Coralina)
Feliz
Natal para todos! Como diria Virgílio “sed fugit interea fugit irreparabile
tempus”, “mas
ele foge: irreversivelmente o tempo foge". É, o tempo foge, na verdade, voa.
O
ano está chegando ao fim. Já estamos em setembro, nos aproximando do Natal. Eu
não sei se o tempo passa por nós ou se nós passamos pelo tempo. O fato é que o
tempo que passa não passa depressa. O que passa depressa é o tempo que passou.
Estamos atrelados ao relógio, esse fantástico instrumento que mede o tempo e
direciona a nossa vida. Como diria o saudoso Rubem Alves, “sentia que o relógio chamava para o seu tempo,
que era o tempo de todos aqueles fantasmas, o tempo da vida que passou… Tenho
saudades dele. Por sua tranquila honestidade, repetindo sempre, incansável, ‘tempus
fugit’. Ainda comprarei um outro que diga a mesma coisa. Relógio que não se
pareça com este meu, no meu pulso, que marca a hora sem dizer nada, que não tem
histórias para contar. Meu relógio só me diz uma coisa: o quanto eu devo correr
para não me atrasar… Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à
sabedoria: ‘tempus fugit’… Quem sabe que o tempo está fugindo descobre,
subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será…”.
Hoje, com o progresso da ciência e o
desenvolvimento da tecnologia temos, inquestionavelmente, uma vida mais longa e
melhor. Estamos envelhecendo com mais qualidade de vida. Mas, apesar disso e
com tudo isso, não temos como aprisionar o tempo. Quando o
fechamos nas mãos, ele nos escapa pelos vãos dos dedos. E, quando nos damos
conta, passou. E com ele a vida. E com a vida, nós também passamos, chegamos ao
fim. A propósito e ainda me referindo ao lúcido pensamento de Rubem Alves, tenho medo de morrer e ir para o céu. Eu me
sentiria um estranho por lá…
A escritora Clarice
Lispector, em sua obra “Um sopro de vida”, referindo-se ao tema em comento, diz
que o tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não
seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo
passar depressa — eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável
minuto. E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver
muitos minutos num só minuto. É por isso que temos que viver cada minuto com a
intensidade que a fome da vida nos proporciona.
Em razão disso, “carpe diem”!
Aproveite o dia como se fosse o último da sua vida: abrace os seus amigos, diga
aos seus entes o quanto são queridos, peça perdão dos seus erros, desculpe-se
com quem, porventura, tenha magoado, enfim, externe sua humanidade, esse dom
precioso que você tem, o que nem os anjos possuem. Feliz Natal!
Edição n.º 951 - página 08
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