sábado, 27 de setembro de 2014

O Congresso não é picadeiro


Às vezes, certas cenas em torno do poder parecem piadas doTiririca. 
A essa modalidade pesada de demagogia, que consiste em engrupir o eleitorado com piadas infantis enquanto o indizível se perpetra na escuridão do esgoto, dá-se o nome tiririquismo: um pacto social tácito mediado por uma peruca branca e financiado pela credulidade popular.” 
(Eugênio Bucci, O Estado de S.Paulo, 18/9, A2)




Levando em conta as poucas e raras exceções que justificam a regra, a grande maioria dos candidatos ao Congresso nacional se assemelha à figura do palhaço escondido atrás de um lençol branco, lavado e estendido: seu discurso é tão inócuo, sem cores, propostas ou conteúdo como o pano que só revela uma sombra. 
Esse tipo de político tem a pretensão de “engrupir o eleitorado com piadas infantis”, como se enganasse uma criança ingênua que só visse os balões coloridos seguros acima do varal que prende o lençol, sem se aperceber da mão em garra, pronta a “perpetrar o indizível na escuridão” dos conchavos feitos às escondidas e à revelia do povo que ele representa.



Vale lembrar que tiriricar não significa protestar contra tudo isso que está aí: melhor pensar em candidatos que tenham propostas viáveis, e considerar que o Congresso não é picadeiro, nem lugar de palhaço, muito menos de debochados.
Querendo se divertir com as brincadeiras de palhaços, pode-se ir aos circos nacionais ou assistir aos bonitos espetáculos do internacional Cirque du Soleil.
Ou visitar museus, onde sempre se encontrarão obras de arte que exibem temas circenses. Até Picasso retratou seu filho Claude, quando criança, fantasiado como se fizesse parte de uma trupe de circo.
Mas para eleger políticos responsáveis pelo Legislativo convém votar em quem tenha capacidade, conhecimento e respeito aos valores éticos, morais e sociais.
Não! ao voto do tiririquismo: além de protesto inútil e grosseiro, é um desperdício!

















Edição n.º 954 - página 01





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