sexta-feira, 12 de julho de 2013

A enganação da falta de médicos


Os marqueteiros do Palácio do Planalto não fizeram nenhuma pesquisa para saber quantos médicos, nesses dias de revolta, estão fervendo de indignação; acham que é uma "catarse emocional". Mas o fato é que milhares de médicos em todo o Brasil estão fartos de aguentar calados a prodigiosa incompetência, a mentira em massa e a vadiagem dos responsáveis pela saúde pública brasileira — além de uma ladroagem sem fim na qual se roubam verbas, ambulâncias, sangue e tudo o mais que pode ser rapado pelos amigos do PT e da base aliada." (J.R.Guzzo, revista Veja)


         Contrariando o parecer de todas as entidades médicas brasileiras, o governo insiste na proposta de trazer médicos estrangeiros para cá, sem revalidação do diploma. Mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma haver aqui profissionais suficientes, embora eles se concentrem nas cidades grandes e haja carência de profissionais tanto nos bairros mais afastados das grandes metrópoles, como em cidades pequenas ou distantes.
         Os médicos preferem instalar-se onde há mais recursos tecnológicos, maior chance de trabalho e mais apoio logístico, para não ter de escolher o que e como fazer, na hora da emergência.


         Os médicos (alguns usando nariz de palhaço) protestaram contra os crimes diários que são cometidos pelo governo federal nos serviços públicos de saúde, que carecem de um mínimo de apoio técnico complementar, como laboratório, exames de imagem, outros profissionais em equipe, transporte de pacientes para o hospital regional mais próximo e uma supervisão competente. 
         A doutora Juliana Mynssen da Fonseca Cardoso, cirurgiã-geral no Hospital Estadual Azevedo Lima, no Rio de Janeiro, fez, pela internet, um contundente relato ("O dia em que a "presidenta" Dilma em 10 minutos cuspiu no rosto de 370 000 médicos brasileiros"): [...] Nestes últimos dias de protestos nas ruas e nas mídias, brigamos por um país melhor. Não tenho palavras para descrever o que penso da "presidenta" Dilma. (Uma figura que se proclama "presidenta" já não merece a minha atenção.) Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente, eu a ouvi. Ela disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil... Melhorar a qualidade? Sra. "presidenta", eu sou uma médica de qualidade. O médico brasileiro é de qualidade. Os seus hospitais é que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem qualidade. O dia em que a sra. "presidenta” abrir uma ficha numa UPA, for internada num hospital estadual, pegar um remédio numa fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos. Não cuspa na minha cara. Não pise no meu diploma. Não me culpe por sua incompetência.
         E o articulista Merval Pereira (O Globo, 9/7) ironiza a última “proposta” do governo “essa ideia estapafúrdia de obrigar os estudantes de Medicina, após seis anos de curso e residência médica, a trabalhar no SUS, recebendo uma bolsa, para ter o diploma. Em vez de preparar plano de carreira no serviço público com estímulos a médicos no interior do país, o governo inventa uma utilização precarizada de médicos iniciantes, comparada pelas associações médicas a trabalho escravo. Não é a solução para os anseios populares de uma medicina padrão Fifa”.
         Parece que “eles” não entenderam que o principal problema da saúde pública no Brasil é o baixo investimento estatal e não a falta de profissionais...

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