sexta-feira, 5 de julho de 2013

Na prorrogação, a bola está com o povo?

               

Como o governo gasta mais do que pode, a inflação sobe e o crescimento declina. Sobretudo porque  o governo canaliza seus gastos menos para investimentos e mais para despesas cotidianas: as de custeio da obesa máquina pública, as que distribuem verbas para deputados, senadores, governadores e prefeitos amigos e as que servem para sustentar um sistema político que só funciona com a viciada troca de favores, o toma-lá-dá-cá de cargos e verbas, um sistema que inevitavelmente descamba para a corrupção.” (Suely Caldas, O Estado de S.Paulo, 30/6, B2)


         Os cidadãos estão fartos da administração pública ineficiente que não responde às suas necessidades. Além de tudo o que foi apontado pela articulista do Estadão, mas não menos grave, há ainda a construção de monumentos-estádios de futebol superfaturados, em vez de  escolas, hospitais, metrôs.  
         Dados informam que Portugal construiu dez estádios "padrão Fifa" para a Eurocopa de 2004. Sete anos depois, o país estava falido e os fatídicos estádios, na sua maioria, hoje apodrecem ao sol. Também em 2004, a Grécia  sediou a 28ª Olimpíada. Faliu antes de Portugal. Donde se pode tirar uma lição: grandes acontecimentos desportivos nem sempre dão o retorno esperado.
         Ao jogar a bola para o povo, propondo um plebiscito “sim” ou “não” a tudo o que precisa ser reformado “lá” o governo maquinou não uma resposta, mas uma enganação à voz das ruas, porque “é escandalosamente óbvio que os partidos políticos existentes farão o possível, o impossível e o indevido para bloquear qualquer reforma que reduza ou, preferencialmente, elimine privilégios absurdos que foram construindo com o tempo”, afirmou Clóvis Rossi (Folha de S.Paulo, 25/6).

         Entretanto, o que o povo pede, quando deixa bolas no gramado (foto de Ed Ferreira/Estadão) ou nas águas do lago em frente ao Congresso (foto Evaristo Sá/AFP) é um governo decente, que não seja cúmplice ou conivente com a corrupção, cuide bem do erário e invista nas coisas do bem comum. Portanto, o tema não é a política, mas a administração: não é o arcabouço constitucional das instituições políticas que precisa de reforma, mas os métodos administrativos.
         “Eis minha sugestão aos brasileiros cansados dessa situação: indignai-vos, mas nas urnas! Não será a escolha ideal, mas o ideal existe somente em nossas ilusões. E elas são perigosas quando passamos a acreditar que são viáveis. Façamos aquilo que for possível, mantendo nossa frágil, porém necessária democracia. De nada adianta rugir feito um leão nas ruas, e depois votar como um burro nas urnas”, aconselhou sabiamente Rodrigo Constantino (O Globo, 25/6).
         Façamos isso: vamos erguer nossa voz nas urnas e, na prorrogação, chutar a gol.

         Vamos votar limpo!

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