“Como o governo gasta mais do que
pode, a inflação sobe e o crescimento declina. Sobretudo porque o governo canaliza seus gastos menos para
investimentos e mais para despesas cotidianas: as de custeio da obesa máquina
pública, as que distribuem verbas para deputados, senadores, governadores e
prefeitos amigos e as que servem para sustentar um sistema político que só
funciona com a viciada troca de favores, o toma-lá-dá-cá de cargos e verbas, um
sistema que inevitavelmente descamba para a corrupção.” (Suely
Caldas, O Estado de S.Paulo, 30/6, B2)
Os cidadãos estão
fartos da administração pública ineficiente que não responde às suas
necessidades. Além de tudo o que foi apontado pela articulista do Estadão, mas
não menos grave, há ainda a construção de monumentos-estádios de futebol
superfaturados, em vez de escolas,
hospitais, metrôs.
Dados informam que Portugal construiu
dez estádios "padrão Fifa" para a Eurocopa de 2004. Sete anos depois,
o país estava falido e os fatídicos estádios, na sua maioria, hoje apodrecem ao
sol. Também em 2004, a Grécia sediou a
28ª Olimpíada. Faliu antes de Portugal. Donde se pode tirar uma lição: grandes
acontecimentos desportivos nem sempre dão o retorno esperado.
Ao jogar a bola para o povo, propondo
um plebiscito − “sim” ou “não” a tudo o que
precisa ser reformado “lá” − o governo
maquinou não uma resposta, mas uma enganação à voz das ruas, porque “é
escandalosamente óbvio que os partidos políticos existentes farão o possível, o
impossível e o indevido para bloquear qualquer reforma que reduza − ou, preferencialmente, elimine − privilégios absurdos que foram construindo com o tempo”,
afirmou Clóvis Rossi (Folha de S.Paulo,
25/6).
Entretanto, o que o povo pede, quando
deixa bolas no gramado (foto de Ed Ferreira/Estadão) ou nas águas do lago em
frente ao Congresso (foto Evaristo Sá/AFP) é um governo decente, que não seja
cúmplice ou conivente com a corrupção, cuide bem do erário e invista nas coisas
do bem comum. Portanto, o tema não é a política, mas a administração: não é o
arcabouço constitucional das instituições políticas que precisa de reforma, mas
os métodos administrativos.
“Eis minha sugestão aos brasileiros cansados
dessa situação: indignai-vos, mas nas urnas! Não será a escolha ideal, mas o
ideal existe somente em nossas ilusões. E elas são perigosas quando passamos a
acreditar que são viáveis. Façamos aquilo que for possível, mantendo nossa
frágil, porém necessária democracia. De nada adianta rugir feito um leão nas
ruas, e depois votar como um burro nas urnas”, aconselhou sabiamente Rodrigo
Constantino (O Globo, 25/6).
Façamos isso: vamos erguer nossa voz
nas urnas e, na prorrogação, chutar a gol.
Vamos votar limpo!
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