“Ontem observei uma enorme revoada de
pássaros batendo asas em direção ao sul com um pôr do sol panorâmico que
coloria todo o céu durante alguns momentos. Eu os vi enquanto estava observando
as pessoas que faziam compras, andando apressadas pela rua.
Quando baixei o olhar, percebi que uma
mendiga parada a alguns metros de distância, também estivera observando os
pássaros. Nossos olhos se encontraram e sorrimos, reconhecendo silenciosamente
o fato de que havíamos partilhado uma visão magnífica, um símbolo do misterioso
esforço de sobrevivência.
Ouvi a senhora falar para si mesma enquanto
se afastava desajeitadamente. Suas palavras eram espantosas: “Deus me estraga
com esses presentes”.
Será que a senhora, essa marginalizada das
ruas, estaria brincando? Não. Acredito que a visão dos pássaros tenha quebrado,
mesmo que por um breve momento, a dura realidade de sua própria luta. Percebi
mais tarde que momentos como aquele a mantinham viva: era a forma através da
qual sobrevivia à indignidade das ruas. Seu sorriso era real.
A visão dos pássaros era o seu presente. Era
a prova de que Deus existia. “Era tudo de que ela precisava.”
Será que temos esta disposição de que
escreve Fred L. Cochran, neste texto, para apreciar o que acontece perto de
nós, ou as coisas que estão ao nosso redor?
A capacidade de observação é preciosa para
nós, mas precisamos exercitá-la, nos permitindo tempo para isso. Se não
aprendermos a ver diferente, não faremos nada diferente. Aprender a olhar para
o que nos cerca nos ajuda a ouvir, analisar, compreender e entender ao que
passa à nossa volta.
Nesta época de inverno o céu é especialmente
bonito e o sol brilha aquecendo e iluminando. Já paramos para olhar os ipês
roxos floridos das nossas ruas, no contraste com o céu azul? E os pássaros que
às vezes, voam em bandos fazendo barulho...
Já percebemos a limpeza provocada pela
chuva, deixando mais brilhante o verde das plantas, os telhados da casas, o ar
mais puro, as ruas e calçadas mais claras?
E os nossos vales e montanhas, quando
amanhecem cobertos de neblina e anunciando o frio!...
E as pessoas com quem encontramos na rua, no
trabalho, no comércio... Como as vemos? Tristes, ansiosas, apressadas,
descontraídas, alegres...
Quando nos permitimos observar, deixando de
lado a pressa, outro sentimento aflora no nosso coração: a gratidão!
A natureza, o tempo, as pessoas, a vida são
dádivas de Deus. Vamos apreciar e conviver!
E as construções que o homem faz
aproveitando os benefícios da natureza, as praças bem cuidadas, as flores às
margens dos pequenos rios que atravessam a cidade, as árvores tratadas com
carinho e que embelezam o ambiente, as casas coloridas e a arquitetura dos
prédios... Precisamos usar nosso pensamento e nossas observações como
ferramentas ao nosso favor. Formular pensamentos de gratidão para tornar nossa
vida mais leve e feliz!
Agradecemos a Deus a sabedoria que dá a
todos nós, e a grandiosidade da natureza que queremos cuidar e preservar.
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