sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Papa, a JMJ e o Brasil



           A 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ) acontecerá de 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro. Pela primeira vez esse evento da Igreja Católica ocorre em um país cuja língua portuguesa é majoritária, e pela segunda vez em um país da América do Sul (o primeiro encontro no subcontinente foi na Argentina em 1987). A escolha da cidade brasileira foi feita pelo então Papa Bento XVI em 2011, no encerramento da Jornada Mundial da Juventude daquele ano. Será o primeiro encontro da juventude católica que terá à frente o carismático Papa Francisco.

         Para a vinda do papa Francisco ao Rio e Aparecida (SP) foi montada uma megaoperação, que envolverá um efetivo de 10.700 homens, sendo a maioria das Forças Armadas. A Igreja vai colaborar com a contratação de 2.000 seguranças particulares.

         As autoridades justificam o gasto por conta da mobilização popular para o evento, estimando-se que, pelo menos, dois milhões de peregrinos se desloquem para o Rio. Muitos deles serão acolhidos em casas de família, inclusive nas comunidades de favelas, entre os dias 22 a 28 de julho. Estima-se a distribuição de quatro milhões de hóstias durante os seis dias da Jornada.

         Mais de 42 mil jovens de diversas províncias argentinas registraram-se para participar da Jornada no Rio de Janeiro. Os jovens, a maioria de organizações católicas ou grupos paroquiais, realizam seus últimos preparativos para a viagem rumo ao Brasil. Diversas estimativas indicam que metade dos peregrinos virá em ônibus e o restante, de avião. O maior grupo organizado partirá nesta noite de sexta-feira, 19, desde a Praça de Mayo, na frente da catedral portenha, templo onde o cardeal Jorge Bergoglio, o papa Francisco, trabalhou durante mais de uma década.


         Neste momento em que vivemos, em que a sociedade manifesta-se preocupada com os gastos públicos, questiona-se a legalidade do custo a ser suportado pelos entes estatais. Contudo, muito embora seja vedado ao Estado subvencionar cultos religiosos, não se pode deixar de considerar que o Papa, além de líder da Igreja Católica, é chefe do Estado do Vaticano, o menor país do mundo.
        
         De qualquer forma, discussões e firulas à parte, o evento será um momento importante para que o mundo ouça a mensagem do novo papa, vindo do continente latino-americano. E também ouça o que dirá aos jovens que virão do mundo todo para o Rio de Janeiro.

         Francisco tem em seus ombros uma grande responsabilidade, além daquela de urgente reestruturação da cúpula da Igreja: reverter a queda de 15% no número de católicos situados na faixa etária de 15 a 19 anos no Brasil, num espaço conquistado pelos evangélicos. Francisco deve trazer aos jovens a mensagem da Igreja, seus valores e princípios, para que estes se sintam verdadeiramente amados e possam tomar decisões em suas vidas, de acordo com a moral e a ética que os ajudem a se realizar como pessoas de bem. Nesse sentido, deve afirmar a valorização da família, do trabalho, do bem comum, da solidariedade, enfim, de todos os valores humanos que constroem o bem e a paz. Por isso, as Jornadas Mundiais da Juventude são sempre um sucesso, com grande afluxo de jovens, que querem ouvir a mensagem do papa, e manifestar a disposição de viver os valores do Evangelho, mesmo num mundo de tanto individualismo, hedonismo e consumismo, em suas tantas formas de egoísmo, com as consequências conhecidas de ausência do sentido de vida, solidão, violência. A mensagem do papa se colocará, por certo, em sentido contrário a essa onda.


        Mesmo diante das conturbações políticas das últimas semanas, daqui estou torcendo para que tudo corra bem e que os participantes encontrem um evento festivo, de oração e celebração da vida, para que o mundo creia cada vez mais no amor de Jesus Cristo, que é — hoje e sempre — o caminho, a verdade e a vida.

3 comentários:

  1. Eu, mesmo correndo o risco de ser mal interpretada, acho indispensável colocar aqui a minha opinião:
    É um absurdo a vinda do Papa Francisco custar R$ 118 milhões aos cofres públicos...
    Acho sim, importante sua vinda, pois nossos jovens estão carentes de religiosidade e valores morais e/ou éticos, mas essa visita deveria ser custeada pela Igreja Católica que possui uma riqueza imensa e tão pouco se fala sobre isso...
    Mas não vou entrar nesse mérito...
    Só peço à Deus que essa visita, tão cara, custeada pelo povo brasileiro que já é tão massacrado pelos altos impostos, seja frutífera e faça a diferença na vida de alguém!
    Parabéns professor Vilela, pela perfeita colocação... Quiça eu conseguisse usar as palavras com tanta sabedoria!
    PS: Parabéns também pelo seu aniversário!

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    1. Querida leitora,
      Sua opinião é muito importante para nós, e quando se defende o próprio ponto de vista não se pode ser mal interpretada. Há uma diversidade de interpretações do momento atual. Agradecemos os elogios ao nosso colaborador, Dr. Vilela. Continue se manifestando sempre, porque o Brasil está carente de pessoas de opinião! Abraços

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    2. Prezada Rosa Maria,
      Agradeço, ainda uma vez, o seu oportuno e, sobretudo, gentil comentário, inclusive os cumprimentos pelo transcurso do meu aniversário. Com efeito, os gastos para recepcionar o papa Francisco foram excessivos. Veja: só para a recepção que o governador do Rio ofereceu ao pontífice no Palácio Guanabara foram gastos mais de 800 mil reais. Eu tenho a mais absoluta convicação de que o Papa não concorda com isso, até porque já deu mostras disso com a sua atitude e gestos claros de humildade e desprendimento, que revelam inegável espírito público, de servir e não ser servido. Sua Santidade estaria satisfeito com um simples cafezinho, à moda brasileira. Mas estamos no Brasil onde, como diria Bibi Ferreira, com a propriedade que lhe é peculiar, o político não é público. Aguardo, com expectativa, o próximo comentário, pois assim terei certeza que estou trilhando o caminho certo. "In cuore".
      Vilela

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