quinta-feira, 17 de abril de 2014

A Paixão segundo essas mulheres








Mantendo a tradição de falar sobre variações em torno do tema “Paixão”, na Semana Santa, esta edição de NOTÍCIAS  reflete sobre o que é a “Paixão” para milhares de brasileiras estupradas, usando como ilustração a autoexplicativa fotomontagem da capa do caderno Aliás  (O Estado de S.Paulo, 6/4, E1).
Nessa imagem, estão incluídas as fotos de uma infeliz vítima real e a de várias potenciais; a de um homem que “tem vergonha de, sendo homem, ter de dizer algo tão óbvio como: Nenhuma mulher merece ser estuprada”; e até a de uma mulher transsexual.
No Brasil, ocorrem anualmente meio milhão de estupros e violência contra a mulher. Meio milhão notificado, isto é, cerca de 1.400 por dia. Mas isso corresponde a apenas 10% que se sabe serem notificados: multiplicando-se esse número por 10 (para incluir os casos não notificados) chega-se a 14 mil estupros e violência diários.
A socióloga e pesquisadora Fátima Pacheco Jordão diz que “o fenômeno está no centro do machismo, não na beirada da patologia. Está no eixo da cultura patriarcal, não é ponta de curva. É o controle no limite físico da mulher – ou por agressão ou por estupro” (O Estado de S.Paulo, 6/4, E2).
Nas redes sociais, a campanha #EuNãoMereçoSerEstuprada continua, em meio a ameaças, intolerância e uma contínua onda de abusos contra mulheres, tanto em casa (por maridos, pais, parentes ou conhecidos próximos), como na rua, nos estacionamentos, nos trens e nos metrôs.
A mulher continua a ser forçada e violentada, real e virtualmente.
Até quando?
Embora (no mundo ocidental, pelo menos) as mulheres tenham se libertado e liberado em todos os aspectos, parece inacreditável que hoje, como desde os primórdios dos tempos, a opressão do corpo feminino pela força bruta ainda seja uma arma para subjugar, humilhar, vilipendiar, submeter, apavorar, torturar.
Até quando durará essa “Paixão” diária?







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