sexta-feira, 25 de abril de 2014

Afinal, somos todos irmãos!






As manifestações e os protestos de rua antigoverno na vizinha Venezuela continuam a eclodir, deixando um saldo de pelo menos 39 mortos, mais de 550 pessoas feridas em armas de fogo e milhares de detidos, entre eles três prefeitos da oposição. Algumas foram assassinadas por homens uniformizados, mas quem mata para valer no país são os membros sem rosto das milícias criadas e armadas pelo falecido Hugo Chávez. O próprio Maduro, num pronunciamento público, estimulou essas milícias a enfrentar na “porrada” os manifestantes. Como se fosse pouco, a tortura se generalizou no país. Recente reportagem de VEJA (edição 2.369, nº 16, de 16/4/2014), trouxe o depoimento de jovens que foram barbaramente seviciados pelas forças da repressão.

A Anistia Internacional (AI) denunciou esses casos de tortura e violações de direitos humanos contra opositores do governo do ensandecido presidente Nicolás Maduro, pedindo que a ONU (Organização das Nações Unidas), a OEA (Organização dos Estados Americanos) e a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) tomem medidas e passem a intervir, mediando o diálogo entre as partes envolvidas.

Os ministros das Relações Exteriores da Unasul enviaram uma série de recomendações ao presidente Maduro, após reuniões com representantes de vários setores, incluindo porta-vozes da principal aliança opositora do atual regime venezuelano, a MUD (Mesa de Unidade Democrática). Dentre essas recomendações, deixam aberta a possibilidade de diálogo com o governo, mas condicionaram uma eventual negociação política para superar a crise venezuelana a uma agenda de pontos essenciais, entre eles o fim da violação dos direitos humanos, e à presença de um terceiro envolvido no processo, que atue “de boa fé”.

        O Vaticano está disposto a intervir diplomaticamente nessa crise, depois de semanas de distúrbios com vítimas fatais, para atuar como o terceiro de “boa fé”, mas disse que precisa estudar as expectativas e opções sobre o papel que pode desempenhar.



        O fato é que estamos assistindo o declínio do regime chavista. Mas estamos assistindo de braços cruzados, ou melhor, o governo brasileiro dá todo o apoio a esse simulacro de democracia num triste e lamentável espetáculo de cumplicidade e conivência. A presidente Dilma Rousseff com essa atitude deixa claro, assim, que criou uma “Comissão da Verdade” porque ela se opõe a que se torturem apenas as pessoas erradas. Quando o torturado é o “inimigo”, aí tudo bem! Mas o povo venezuelano não é nosso inimigo, não é inimigo dos brasileiros. É preciso que essa posição seja revista e passe a refletir os sentimentos e a nossa vontade, sem quaisquer ideologias pessoais. Afinal, somos todos irmãos, braços dados ou não!...







Nenhum comentário:

Postar um comentário