Havia um rei muito
autoritário que fingia ser democrata e amigo, para conhecer melhor os seus
súditos e eliminar os mais críticos. Por essa razão, de vez em quando,
perguntava aos seus ministros: “Que acham da minha atuação como rei? Estão
contentes com a minha forma de governar?”.
Quase em coro, todos os
seus ministros respondiam: “Certamente, majestade. O senhor é um rei muito
sábio, o mais sábio de todos os que conhecemos!”.
Apenas um ministro
duvidou e, no fim atreveu-se a dizer: “Já que pergunta com sinceridade, porque
quer a nossa colaboração para governar com maior responsabilidade, atrevo-me a
dizer: “Não acho que certas decisões sejam atitudes sábias de governo.”
“Por quê?”, perguntou o
rei com alguma curiosidade e agressividade dissimulada.
“Porque o senhor nomeou
herdeiro da coroa o seu irmão mais novo. Isto vai trazer problemas. Não acho
que tenha sido a melhor decisão.”
O rei tentou controlar a
raiva, mas não conseguiu conter-se e, no fim, com uma inequívoca e explosiva
cólera, respondeu: “Se você não está de acordo com o que eu decidi, digo que
não pode nem deve colaborar comigo. E, além disso, mandarei vigia-lo.” Diante
dos outros ministros destituiu-o, sem qualquer justificativa.
Alguns dias mais tarde,
perguntou de novo aos seus ministros: “Acham que, para além de forte, como um
rei deve ser também sou bondoso e atuo com benevolência?”.
Um ministro quebrou o
silêncio e respondeu: “Penso que sua majestade é um rei muito bondoso”.
“Porque diz isso?”,
perguntou o rei.
“Porque os bons reis têm
ministros fiéis e leais, fiéis a si próprios e fiéis ao seu rei. Sua majestade vivenciou
de maneira sábia a destituição do seu ministro porque ele falou o que pensava,
mas depois de ver a sua fidelidade e coragem, pode demonstrar-lhe a sua bondade
devolvendo-lhe o cargo, a sua confiança e amizade.”
Enquanto ouvia tudo isto,
o rei ia percebendo que tinha governado muito mal, mas não disse nada. Apenas
mandou chamar o seu antigo ministro. E diante de todos restituiu-lhe o cargo. Aquele
que acabava de falar manteve-se no seu posto e os outros foram demitidos, pois,
o rei zangou-se com a covardia, as adulações e falta de sinceridade.
Vivemos numa sociedade em
que a adulação, a covardia, o jogo de interesses e a inveja se misturam com a
honestidade, a sinceridade, a confiança, a clareza de sentimentos, a ética...
Corremos esse risco!
E por isso, precisamos
recorrer sempre à escuta do nosso coração e da nossa consciência. Quais são os
nossos valores? O que consideramos importante para conviver com as pessoas e
nos sentirmos bem e respeitados?
Aos que ocupam cargos de
decisão e detém poder sobre a atuação dos outros, esta responsabilidade
aumenta. O diálogo é um grande recurso para conhecer as pessoas e escolher o
melhor caminho. E a humildade é necessária, para reconhecer os enganos e os
julgamentos errôneos e precipitados.
É necessário manter a
coragem, a inteligência, a coerência, a sensibilidade... Que elas estejam sempre presentes e vivas.
A convivência humana é uma
grande provocação! Queremos participar dela, com toda força, com todo
entusiasmo!
Que sejamos sempre
iluminados para ouvir e falar, para sentir, pensar e agir na direção das coisas
que acreditamos.
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