sexta-feira, 23 de maio de 2014

As manipulações do poder



O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas. Isso é feito com inundações de informações insignificantes, para manter o público ocupado, sem nenhum tempo para pensar. A estratégia é indispensável para impedir que o público, com a atenção distraída, se interesse pelos verdadeiros problemas sociais.”



O linguista americano Noam Chomsky elaborou uma lista das “10 estratégias de manipulação” por meio da mídia, a primeira das quais, “a estratégia da distração", é a que serve de epígrafe a este texto.
Vale reproduzir as demais, aqui.
A segunda é “criar um problema para causar certa reação no público, a fim de que este exija as medidas que se deseja fazer aceitar. Depois oferecer soluções”. Por exemplo: criar uma crise econômica para fazer aceitar, como um mal necessário, o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

A terceira é a “estratégia da gradação”: “para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos, em vez de aplicá-la de uma só vez”.
A “estratégia do deferido” é a quarta, mostrando que “outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo dolorosa e necessária, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura, já que é mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato.
“Dirigir-se ao público como a crianças de pouca idade” é a quinta. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza “discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma pessoa de 12 anos ou menos, e não tivesse senso crítico”.

Fazer uso do “aspecto emocional” é outra técnica clássica, a sexta, para causar um curto circuito na análise racional, e por fim à capacidade de reflexão dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para induzir comportamentos ou implantar ideias, desejos, compulsões, medos e temores.
As demais estratégias (7ª, manter o público na ignorância e na mediocridade; 8ª, estimular o público a ser complacente na mediocridade; 9ª, reforçar a revolta pela autoculpabilidade; 10ª, conhecer melhor os indivíduos do que eles mesmos se conhecem)  desenvolvem as anteriores, resumindo que “ utilizando tal manipulação, através da mídia, o sistema exerce controle e poder sobre grande parte dos indivíduos”.

O romancista brasileiro Luiz Ruffato reconhece, cheio de razão que, invisível, acuada por baixos salários e destituída das prerrogativas primárias da cidadania moradia, transporte, lazer, educação e saúde de qualidade , a maior parte dos brasileiros sempre foi peça descartável na engrenagem que movimenta a economia. Historicamente habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha sensação de não pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém...”, como bem ilustram as charges anexadas.
        Está chegando a hora de o respeitável público mostrar que sabe, sim, o que quer e do que precisa, depositando o seu voto limpo e confiante para mudar “tudo isso que está aí”.





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