“O elemento primordial do controle
social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do
público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites
políticas e econômicas. Isso é feito com inundações de informações
insignificantes, para manter o público ocupado, sem nenhum tempo para pensar. A
estratégia é indispensável para impedir que o público, com a atenção distraída,
se interesse pelos verdadeiros problemas sociais.”
O linguista americano Noam Chomsky elaborou uma lista das “10
estratégias de manipulação” por meio da mídia, a primeira das quais, “a
estratégia da distração", é a que serve de epígrafe a este texto.
Vale reproduzir as demais, aqui.
A segunda é “criar um problema para causar certa reação no público,
a fim de que este exija as medidas que se deseja fazer aceitar. Depois oferecer
soluções”. Por exemplo: criar uma crise econômica para fazer aceitar, como um
mal necessário, o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos
serviços públicos.
A terceira é a “estratégia da gradação”: “para fazer com que se
aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas,
por anos consecutivos, em vez de aplicá-la de uma só vez”.
A “estratégia do deferido” é a quarta, mostrando que “outra maneira
de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo
dolorosa e necessária, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma
aplicação futura, já que é mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um
sacrifício imediato.
“Dirigir-se ao público como a crianças de pouca idade” é a quinta. A
maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza “discurso,
argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes
próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma pessoa de 12 anos ou
menos, e não tivesse senso crítico”.
Fazer uso do “aspecto emocional” é outra técnica clássica, a sexta,
para causar um curto circuito na análise racional, e por fim à capacidade de
reflexão dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional
permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para induzir comportamentos ou
implantar ideias, desejos, compulsões, medos e temores.
As demais estratégias (7ª, manter o público na ignorância e na
mediocridade; 8ª, estimular o público a ser complacente na mediocridade; 9ª,
reforçar a revolta pela autoculpabilidade; 10ª, conhecer melhor os indivíduos
do que eles mesmos se conhecem)
desenvolvem as anteriores, resumindo que “ utilizando tal manipulação,
através da mídia, o sistema exerce controle e poder sobre grande parte dos
indivíduos”.
O romancista brasileiro Luiz Ruffato reconhece, cheio de razão que, “invisível,
acuada por baixos salários e destituída das prerrogativas primárias da
cidadania ─ moradia, transporte, lazer, educação e
saúde de qualidade ─, a maior parte dos brasileiros sempre foi
peça descartável na engrenagem que movimenta a economia. Historicamente
habituados a termos apenas deveres, nunca direitos, sucumbimos numa estranha
sensação de não pertencimento: no Brasil, o que é de todos não é de ninguém...”, como bem ilustram as charges
anexadas.
Está chegando a hora de o respeitável
público mostrar que sabe, sim, o que quer e do que precisa, depositando o seu
voto limpo e confiante para mudar “tudo isso que está aí”.
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