sábado, 3 de maio de 2014

Copa do Mundo agitada


 
Neste ano percebemos que os protestos populares de 2013 não se repetiram com a mesma intensidade, mas aqui e ali acontecem manifestações pontuais que nos fazem pressentir uma Copa do Mundo agitada, ao menos fora do campo.



De lá para cá, muita coisa aconteceu. Da maciça presença do povo nas ruas no ano passado, reclamando dos serviços públicos, da corrupção, dos partidos, dos governos, dos políticos, até as mobilizações de agora organizadas por classes trabalhadoras específicas — como os garis, no Rio de Janeiro e os caminhoneiros do Ceagesp, em São Paulo — e por centrais sindicais, como ocorrido em 9 de abril, constatamos que o Brasil tem duas situações de ordem prática para serem resolvidas. De um lado, há uma polícia de gritante despreparo para lidar com o povo que quer reivindicar legítima e democraticamente; de outro lado, grupos protagonizados pelos black blocs, os vândalos de máscaras que têm por objetivo tão-somente a depredação pela depredação.

E onde fica o manifestante pacífico? Por certo, encurralado entre a polícia e os arruaceiros, que já contam com algumas mortes nas costas.

A morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, alvejado por um rojão enquanto cobria uma manifestação em frente à Central do Brasil, no Rio de Janeiro, teve ampla repercussão na mídia. Mas outras mortes passaram despercebidas, como por exemplo, a morte de Cleonice Vieira de Morais, intoxicada por gás lacrimogêneo lançado pelo Polícia Militar em Belém do Pará; a do estudante Marcos Delefrate, de 18 anos, atropelado por um carro que furava o bloqueio humano em Ribeirão Preto; do ator Fernando da Silva Cândido, no Rio de Janeiro, em decorrência da inalação de gás lacrimogêneo, dentre outras.

O protesto é e será sempre legítimo e mostra o amadurecimento da consciência política do cidadão. Mas uma coisa é protestar, outra é depredar.

O clima é de insatisfação política e não de revolta. E essa insatisfação é incentivada, ampliada, pela Copa do Mundo. As pessoas não querem derrubar o governo, como na Ucrânia. Querem exercer apenas o seu direito de protestar para serem ouvidas pelo governo que parece cada vez mais surdo!...



E com a proximidade da Copa as autoridades estão em alerta máximo. O ministro da Justiça e os Secretários de Segurança Pública de São Paulo e do Rio de Janeiro chegaram a alguns pontos consensuais com relação ao tratamento que será dado aos protestos de rua, onde haverá a proibição do uso de máscaras em manifestações, regras unificadas para todas as polícias, a permissão para que policiais detenham antes de protestos aqueles que portem armas brancas, como paus e pedras.

De qualquer forma, estima Guaracy Minguardi, da Fundação Getúlio Vargas, especialista em segurança pública e análise criminal, que os protestos durante a Copa do Mundo não serão tão radicalizados quanto se cogita. Afirma essa autoridade que “a coisa amainou, mas se a polícia exagerar vai pegar fogo”.


O importante é que a polícia e os mascarados não destruam os movimentos genuinamente populares. Que o povo possa se manifestar livremente... E oremos para que o governo, do alto da sua pseudo infalibilidade e imensa prepotência, ouça! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário