sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Para a paz mundial, direitos humanos já



O Nobel da Paz de 2014 foi dado à jovem paquistanesa de 17 anos Malala Yousafzai e ao indiano Kailash Satyarthi por suas lutas contra a supressão dos direitos humanos de crianças e adolescentes e pelo seu direito à educação. O comitê norueguês do Prêmio Nobel considerou que a paz universal só pode ser alcançada se tais direitos forem respeitados.” (www.geo.tv)


Não deixa de ser uma amarga ironia que, dias antes de o Nobel da Paz ser dado aos vencedores deste ano uma paquistanesa e um indiano os exércitos dos dois países estivessem jogando bombas sobre a disputada região fronteiriça da Caxemira. Na semana passada, Paquistão e Índia quebraram o cessar-fogo que já durava uma década, matando no mínimo 18 pessoas, entre soldados e civis, nos dois lados da fronteira  (verificar a posição geográfica no mapa anexo).    





        A paquistanesa Malala Yousafzai tinha apenas 11 anos, quando começou uma campanha, dando entrevistas na televisão para defender a educação de meninas. Hoje, aos  17, ela é a mais jovem ganhadora do Nobel. É preciso lembrar que ela demonstrou muita coragem face à repressiva agressividade dos extremistas talibãs paquistaneses, e por isso sofreu um atentado a bala desferido quando ela estava em um ônibus escolar, em 2012.



Este ano, o comitê norueguês incluiu uma segunda pessoa, no Nobel da Paz: um homem indu muito menos famoso que Malala, mas que conquistou resultados tão valiosos como os dela. Kailash Satyarthi faz campanhas contra a escravidão de crianças, na Índia, dirigindo o “Movimento Salve a Infância”, formado em 1980 (quando ele desistiu de sua carreira como engenheiro elétrico). Ao longo dos anos, ele e 80.000 voluntários foram responsáveis por terem libertado mais de 78.500 crianças indianas, cada uma das quais vítima de algum tipo de escravidão, como o trabalho forçado para pagamento de dívidas quando crianças são feitas escravas para pagar débitos dos seus pais. Embora essa prática tenha sido abolida na Índia desde 1975, quase ninguém é processado por escravizar crianças, principalmente as das camadas mais pobres da população.



Satyarthi afirma que milhões de crianças e adolescentes são usadas para fazer algum tipo de trabalho, em péssimas condições tanto em fazendas, como empregados domésticos, tecendo tapetes, etc., como também nas cidades grandes, onde jovens trabalhadores são explorados em canteiros da construção civil.
Será que o fato de o prêmio Nobel da Paz ter sido ganho em conjunto irá de alguma maneira encorajar melhores relações entre a Índia e o Paquistão? Essa é a esperança, embora nenhum dos dois ganhadores tenha mencionado nada a respeito das desavenças entre os dois países sul asiáticos. Malala e Kailash estão mais preocupados em promover a educação de crianças e adolescentes principalmente de meninas, de um lado , e a libertação do trabalho escravo, de outro.
Lamentavelmente, não se pode esperar qualquer solução rápida para a consecução da paz entre esses (e muitos outros) países confrontados por longas guerras.
Mas, certamente, o respeito aos direitos humanos é o primeiro passo para se chegar à “paz na terra entre os homens de boa vontade”.












Edição n.º 957 - Página 01

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