“O Nobel da Paz de 2014 foi dado à
jovem paquistanesa de 17 anos Malala Yousafzai e ao indiano Kailash Satyarthi
por suas lutas contra a supressão dos direitos humanos de crianças e
adolescentes e pelo seu direito à educação. O comitê norueguês do Prêmio Nobel
considerou que a paz universal só pode ser alcançada se tais direitos forem
respeitados.”
(www.geo.tv)
Não deixa de ser uma amarga ironia que, dias antes de o Nobel da Paz ser dado aos vencedores
deste ano ─ uma
paquistanesa e um indiano ─
os exércitos dos dois países estivessem jogando bombas sobre a disputada região
fronteiriça da Caxemira. Na semana passada,
Paquistão e Índia quebraram o cessar-fogo que já durava uma década, matando no
mínimo 18 pessoas, entre soldados e civis, nos dois lados da fronteira
(verificar a posição geográfica no mapa anexo).
A paquistanesa Malala Yousafzai tinha apenas 11 anos, quando começou uma
campanha, dando entrevistas na televisão para defender a educação de meninas.
Hoje, aos 17, ela é a mais jovem ganhadora do
Nobel. É preciso lembrar que ela demonstrou muita coragem face à repressiva
agressividade dos extremistas talibãs paquistaneses, e por isso sofreu um
atentado a bala desferido quando ela estava em um ônibus escolar, em 2012.
Este ano, o comitê norueguês incluiu uma segunda pessoa,
no Nobel da Paz: um homem indu muito menos famoso que Malala, mas que
conquistou resultados tão valiosos como os dela. Kailash Satyarthi faz
campanhas contra a escravidão de crianças, na Índia, dirigindo o “Movimento
Salve a Infância”, formado em 1980 (quando ele desistiu de sua carreira como engenheiro elétrico). Ao longo dos anos, ele e 80.000
voluntários foram responsáveis por terem libertado mais de 78.500 crianças
indianas, cada uma das quais vítima de algum tipo de escravidão, como o
trabalho forçado para pagamento de dívidas ─ quando crianças são feitas escravas para pagar débitos dos
seus pais. Embora
essa prática tenha sido abolida na Índia desde 1975, quase ninguém é processado
por escravizar crianças, principalmente as das camadas mais pobres da
população.
Satyarthi afirma que milhões de crianças e adolescentes
são usadas para fazer algum tipo de trabalho, em péssimas condições ─ tanto em fazendas, como empregados
domésticos, tecendo tapetes, etc., como também nas cidades grandes, onde jovens trabalhadores são
explorados em canteiros da construção civil.
Será que o fato de o prêmio Nobel da Paz ter sido ganho em
conjunto irá de alguma maneira encorajar melhores relações entre a Índia e o
Paquistão? Essa é a esperança, embora nenhum dos dois ganhadores tenha
mencionado nada a respeito das desavenças entre os dois países sul asiáticos.
Malala e Kailash estão mais preocupados em promover a educação de crianças e
adolescentes ─ principalmente de meninas, de um
lado ─, e a libertação do trabalho
escravo, de outro.
Lamentavelmente, não se pode esperar qualquer solução
rápida para a consecução da paz entre esses (e muitos outros) países
confrontados por longas guerras.
Mas, certamente, o respeito aos direitos humanos é o
primeiro passo para se chegar à “paz na terra entre os homens de boa vontade”.
Edição n.º 957 - Página 01
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